Estou muito cansada. Muito. Muito.
Compartilho o cansaço que minha mãe sente. Ela repete frequentemente que aos quase 88 já cumpriu sua missão. Duro de ouvir mas compreensível.
Difícil de aceitar. Testemunhar sua decrepitude é assustador. Acompanhar sua luta para dar uns passinhos. Observar seu esforço para levar o talher trêmulo até a boca. Seu empenho em tentar banhar-se sozinha ou trocar de roupa. Sua dificuldade em enxergar. A necessidade de esbravejar para se fazer ouvir e impor opiniões. Sinal de resistência, de apego ao que lhe resta de vida e sobrevida.
Eu, cansada emocional e fisicamente, recolho-me à minha impotência. Nada além.
Cida Torneros
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