Maracanã

Maracanã

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Amor, soneto de Luís Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.



É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que se ganha em se perder.



É querer estar preso por vontade

É servir a quem vence o vencedor,

É ter com quem nos mata lealdade.



Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade;

Se tão contrário a si é o mesmo amor?

PASSIONE, CANÇÕES DE AMOR...








Passione, trilha sonora da novela brasileira.









Gigi D'Agostino - L'Amour Toujours 2005

Lucienne Boyer - Parlez-Moi D'Amour [1930]

Earl Grant e Barbra Streisand - Speak To Me Of Love (Parlez-Moi D'Amour)



Parlez-moi d'amour, Richard Clayderman

Parlez-moi d'amour

Richard Clayderman

Parlez-moi d'amour

Redites-moi des choses tendres

Votre beau discours

Mon cœur n'est pas las de l'entendre

Pourvu que toujours

Vous répétiez ces mots suprêmes :

"Je vous aime"



Vous savez bien

Que dans le fond je n'en crois rien

Mais cependant je veux encore

Écouter ce mot que j'adore

Votre voix aux sons caressants

Qui le murmure en frémissant

Me berce de sa belle histoire

Et malgré moi je veux y croire



Il est si doux

Mon cher trésor, d'être un peu fou

La vie est parfois trop amère

Si l'on ne croit pas aux chimères

Le chagrin est vite apaisé

Et se console d'un baiser

Du cœur on guérit la blessure

Par un serment qui le rassure

terça-feira, 29 de junho de 2010

Falem-me de amor... e me compensem o avesso da sorte!


Falem-me de amor... e me compensem o avesso da sorte!

Fui sorteada ao avesso, em pleno sábado, dois assaltos em menos de quatro horas de intervalo.
O primeiro, no caixa eletrônico, de manhã, dois homens bem apessoados levaram-me dinheiro e eu chamei a polícia. Escafederam-se, não me apontaram arma, até um deles me pediu desculpas, mas fiquei sem entender direito sua atitude, chamei-o de "abusado".

Depois, na delegacia, o sub-delegado me disse que eu correra risco de ser nocauteada, sei lá, coisa que o valha. Fiquei brava, com raiva, impotente e nem consegui chorar. No caminho de casa, a pé, usei o celular e eis que um pivete veio correndo, me tomou o dito cujo da mão e saiu correndo. Eu, ora, gritei, tudo que podia, soltei o verbo, impropérios, um homem tentou pegá-lo mas ele era como um maratonista ziguezagueando na contramão do trânsito, pouco mais de meio-dia, sumindo pela rua, como um bólido. Levou com ele minha agenda, para mim, tão preciosa. A companhia telefônica não a resgatou pois eu, inadivertidamente, a salvara no aparelho e não no chip, talvez não seja essa a explicação técnica correta, parece que eu teria que ter um contrato para resgate de agenda em caso de perda ou roubo, mas eu desconhecia isso.

Então, abalada, mas inteira, no final da tarde de suposto "azar", fui ao salão de cabeleireiro e me produzi para ir ao teatro municipal e assistir a partir das oito da noite, a ópera "O Guarani".

Durante algumas horas, voei na música, na história e na intensidade de sentimentos que se misturavam desde o palco até meu assento no balcão superior, de onde eu observava o quanto é compensador ouvir falar de amor.

Uma aura de encanto tomou conta do meu momento. Nem era mais importante lembrar a violência, eu estava ali, tinha a sorte verdadeira de assistir ao espetáculo. A orquestra perfeita, os arranjos maravilhosos, o coro me embalando a um céu de paz, de bons fluidos. Os larápios, pensei de repente, não tinham aquela felicidade a que eu podia ter acesso, quem seriam eles, onde estariam àquelas horas, enquanto desfrutavam do "meu" dinheirinho ou do meu ex-aparelho celular?

Mundo estranho, paradoxal. O pior roubo, pensei, seria se me privassem de ouvir canções e palavras de amor. Em situação semelhante, eu estaria mesmo "roubada", pois o amor é o ar que preciso respirar, quando ele me chega pelas notas musicais, pelas vozes cadenciadas, por olhares sensíveis, ouvidos atentos, enlevos sonoros, sons de fagotes, oboés, harpas, violinos, instrumentos de sopro, maviosos cantos de tenores, contraltos, baixos, enternecedores diálogos musicais que expressam a alma humana em sua pura existência, na plenitude de doar-se a quem ama sem roubar-lhe a sede de viver, oferecendo-lhe oxigênio em forma de carinho, dedicação, fidelidade e aconchego.

Passados poucos dias, vou me reorganizando, comprei novo aparelho, refaço a agenda, refaço contas para superar o dinheiro perdido, agradeço as oportunidades que a vida me dá para refletir suas paradoxais intempéries, sigo e supero.

Ouço então a voz doce da grega Nana Mouskouri, na calada da madrugada, sozinha, e consigo pela primeira vez, desde aquele sábado, verter uma lágrima, emociono-me. Eu não tinha conseguido chorar, em face das investidas dos ladrões, tinha sentido muita impotência, mas, durante o espetáculo clássico, somente me arrepiei sem extravazar a confusão de sentimentos represados que acumulei naquele dia.

Mais dois dias e nada. Só a sensação de fazer parte de um mundo moderno e louco, de uma sociedade imperfeita, de uma cadeia de omissões sociais, de uma humanidade capaz de auto-agredir-se, de violentar-se, de ludibriar-se, de mentir, de usurpar seu semelhante, mas, claro, não é a totalidade da espécie, é parcela dela, é um lado da transgressão, uma fatia do bolo social, talvez a banda podre do inconsequente descaso com que certa camada ou classe tenha sido tratada.

E o amor? Acho que o ladrão que me pediu desculpas, mesmo me roubando, tinha um ínfimo arremedo dele, ao me observar possessa, reclamante, ameaçando chamar a polícia,certamente, transtornada e doida, pois ele e seu comparsa podiam ter me derrubado fisicamente, mas não o fizeram. Fugiram, deixaram-me sem o dinheiro, mas com a cabeça intocada, o corpo tremendo, mas de pé, o olhar perplexo, mas aguçado em direção ao que veria mais tarde.

Um teatro lindo restaurado, um conjunto de atitudes que são fruto do amor à arte, à cultura, ao estudo da música, vidas inteiras de pessoas que ali sintonizavam a meiguice e a fortaleza que só uma ópera é capaz de despertar em seus altos e baixos, seus volteios e ápices, a viagem dos sonhos, o esquecimento das vicissitudes do mundo lá fora.

O amor, falem-me dele, por favor. Falem-me sempre. Repitam que o amor é a compensação do avesso da sorte. Deixei que desfilassem no meu pensamento, durante a ópera, imagens de carinho, afeto, familiares, amigos, amores que se foram, amores que sobrevivem, amores que virão. Agora, consigo verbalizar os acontecimentos, com a devida isenção me permitindo superar medos, minimizar ódios, buscar perdões interiores, agradecer chances e amar o amor, o mesmo amor que tanto inebria como atormenta, que acrescenta horizontes, que se bifurca em encruzilhadas escuras, mas que sabe encontrar caminhos de luz, nas horas certas, quando alguém se apaixona, perdidamente, ou renuncia ao amor, ou o persegue, ou dele foge, ou por ele morre, ou para ele vive, além da própria morte.

Se me vierem falar de algo concreto, como o episódio violento de um assalto na grande cidade, por favor, compensem-me repetidamente, contando histórias de amores inesquecíveis, amantes capazes de se entregarem aos prazeres, enamorados sonhadores, criaturas que esperam por toda a vida por um par que os compreendam, os acompanhem, lhes segurem as mãos, caminhem ao seu lado, por décadas, embevecendo suas almas, desafligindo, sobretudo, seus corações. Sem entretanto, roubarem tampouco sua esperança por momentos felizes ou sequer a crença na bondade humana que ainda é possível, se o amor também o for.

Cida Torneros

Fia na Roca - Teatro Principal - Galician music Folk

ECOS DE GALÍCIA...



ECOS DE GALÍCIA...




Chegamos à Galícia, eu, minhas amigas Regina e Rosária, e sua filha Tatiana. Do Rio de Janeiro, descemos em Madri e logo pegamos a conexão de um vôo que durou menos de uma hora para Vigo. Ali, na cidade portuária, nos encantamos com sua organização, boa comida, gente educada e a carga histórica muito forte que paira nos seus ares. Zazá também ia em busca da ancestralidade, assim como eu. No segundo dia, logo, conseguimos visitar Orense e Verin ( lugares dos nossos pais, avós e bisavós), onde resgatamos um pouco da própria história de descendentes de imigrantes galegos, os mesmos que vieram fazer as Américas, tão bem descritos num livro memorável da escritora brasileira Nélida Piñon, República dos Sonhos.


Por alguns dias na Galícia, nós quatro nos identificamos com sua gente e seus costumes, adoramos ir a Santiago de Compostela, passar por Pontevedra, ouvir suas histórias, conviver com gente como o Ramon, por exemplo, galego típico, que nos atendeu com seus serviços de motorista e que se tornou grande amigo.
A escultura dos cavalos alados, no centro de Vigo, não me sai da lembrança, é como um símbolo do quanto um povo pode cavalgar, voar e navegar adelante, conquistando espaços nesse mundo de Deus.


Em 2008, depois de lançar meu livro onde narro parte da história da minha avó e do meu tio-avô , fui a Nova York, onde encontrei Jeanne Marie, neta do Tio Obidio. Somos netas de dois irmãos imigrantes, ela vive nos Estados Unidos, nasceu lá, é cidadã americana integrada ao seu país, com marido e filhos. Eu vivo aqui, sou cidadã brasileira inserida na cultura da minha terra, tenho um filho.

No dia em que nos encontramos, ela completava 44 anos, levou a família e passeamos juntos pelo Central Park, nos divertimos, fomos almoçar, trocamos presentes, sorrisos, abraços, nosso sangue se identificava. Nossos bisavós espanhóis, pais de Carmen e Obidio, ficaram na Galícia e nunca mais viram os filhos e sequer tiveram chance de conhecer seus netos, nove, ao todo, e muito menos souberam da existência dos bisnetos. Somos muitos espalhados pelo Brasil e pela América.


Antonio e Manuela ficaram sozinhos, no pequeno lugarejo, Rasela, onde fui, finalmente, em maio de 2009. Senti-me representante de todos os que estão por aí espalhados, os que nem sabem sobre suas vidas, como eu pude saber. Para embarcar, levei comigo um maço de cartas envelhecidas, amareladas e desbotadas, escritas a pena, pelo meu bisavô Antonio, todas endereçadas a Carmen, a filha que viveu no Brasil. As cartas datam de 1910 até 1935, são dezenas, e em todas, o amor é citado como o grande elo que uniu este homem aos seus descendentes. Também, cada escrito seu terminava com as saudações que ele transmitia enviadas pela esposa, a Manuela, que morreu num convento, isso eu soube, ao visitar o lugar, através de um senhor velhinho que os conheceu, sr. José Freiria.


Resolvi entrar no pequeno cemitério do lugar, não encontrei uma campa com seus nomes, mas rezei ali, em sua homenagem. Agradeci o quanto de amor à vida, eles legaram para nós todos, e nos fizeram ser o que somos hoje, pessoas que reproduzem sua luta, estejamos em Nova York ou no Rio de Janeiro.


Em determinado instante, não me contive, e na pequena capela do cemitério vazio, puxei os cordões da campana, toquei os sinos, minhas amigas ficaram apreensivas pois num lugar tão ermo, o som poderia assustar os moradores. O que ocorreu foi, na verdade, uma saudação aos meus ancestrais, que ficou gravada nos meus ouvidos, reverberando, festejando, nosso reencontro. Pude proclamar os ecos de uma descendente de Antonio e Manuela que voltou, pisou na terra que os acolheu e onde viveram, eu me senti assim, resgatando o amor deles pelas sementes que espalharam no mundo.


Saí daquele lugar com a alma apaziguada. Parecia que cumprira um papel a mim destinado. Saudei os cânticos da minha meninice, aqueles que a abuela Carmen cantava, oriundos da sua terra, passei no Jusgado, pedi a cópia da certidão de nascimento dela, que já me chegou, via correio.


Vou dar entrada no pedido de cidadania espanhola, em homenagem a eles, Antonio, Manuela, Obidio e Carmen, criaturas de bem, semeadores de amor, por quem dobram os sinos da capelinha em Rasela, e de cujas almas soam os ecos de Galícia que agora me emocionam e me impulsionam a seguir em frente.


Maria Aparecida Torneros

Devanceiros - luar na lubre ( presente da Márcia, lindooooooooooo)



yesterday when I was young

domingo, 27 de junho de 2010

Quando o amor voltou, trouxe com ele...

...quando o amor voltou, trouxe com ele tantos girassóis...



parecia que o mundo se coloria de novo, como a gema do ôvo,


era um vento nobre, uma aragem na paisagem insólita,


nem se podia cheirar profundo, pois todo o amor do mundo,


ali estava, na flor brejeira, em cada uma delas, campos ou lençóis,


tapetes florais, rosas, papoulas, tulipas, margaridas...






... quando o amor voltou, trouxe com ele tantos de nós,


aqueles lados misteriosos, os pendores obscuros, altos muros,


todos a serem derrubados, preconceitos, medos, mágoas,


tudo a ser lavado com as tempestades, muitas águas,


lágrimas misturadas, sorrisos renascentes, abraços seguros...






... quando o amor voltou, trouxe com ele novamente o prazer de ser


o desejo de estar junto, a necessidade de aconchegar, a eternidade,


sem falar na idade da paixão, na vaidade do coração, na fragilidade


de nossas almas, vagantes, que se afastam e tornam a se ver...






... quando o amor voltou, trouxe com ele ainda que vagamente


alguma incerteza do amanhã, sem contudo apagar a chama ardente,


e sobre um campo florido e colorido, fez-se o amor mais quente...


com a ilusão rondando a relva, o sonho enfeitando a mente,


fez-se a verdade como se fosse a mentira, a ternura como a ira,


o carinho como a selvageria, e, fez-se a vida, quem diria...






...quando o amor voltou, concebeu o milagre da vida, óvulo e sêmen,


gametas confundidos, útero em festa, sangue reproduzido, mistério...


e, quem não sentiu, como nós, a força do grande amor humano


a nos reprogramar como espécie, a nos revelar-se de novo, insano...


Aparecida Torneros


11/agosto/2007


Amalia Rodrigues 90 anos

O Guarani, Elis Regina, a Voz do Brasil!




Carmen Paris, dedicado à leitora do Blog, Márcia!




Savia Nueva
Carmen Paris


Me lo impide la arboleda, no puedo pasar el Ebro


si no me alarga la mano, si no me alarga la mano de ese arrabalero!


Quisiera volverme hiedra y enredarme en su cintura,


aliviar esa tortura, que la savia nueva irrumpa en su corazón!


Cara de poca ventana, asómate a esa vergüenza


y dame un poco de sed, ay! Que me estoy muriendo de agua!


Tantas lágrimas me cuesta la pena que me estás dando,


que me estoy muriendo de agua y tú te sigues mustiando!


Quisiera volverme hiedra y enredarme en su cintura,


aliviar esa tortura, que la savia nueva irrumpa en su corazón!


Cara de poca ventana, asómate a esa vergüenza


y dame un poco de sed, ay! Que me estoy muriendo de agua!


Tantas lágrimas me cuesta la pena que me estás dando,


que me estoy muriendo de agua y tú te sigues mustiando!


Tantas lágrimas me cuesta la pena que me estás dando,


que quiero volverme hiedra para que mi savia inunde a tu corazón!


Quisiera volverme hiedra y hacer que mi savia inunde a tu corazón!


Enredarme en tu cintura, quisiera volverme hiedra


y enredarme en tu cintura, que la savia nueva irrumpa en tu corazón!


Quisiera volverme hiedra y enredarme en tu cintura,


quisiera volverme hiedra y llenar de savia tu corazón!


Tantas lágrimas me cuesta la pena que me estás dando,


que me estoy muriendo de agua y tú te sigues mustiando!


Cara de poca ventana, asómate a esa vergüenza


y dame un poco de sed, ay! Que me estoy muriendo de agua!


Tantas lágrimas me cuesta la pena que me estás dando,


que me estoy muriendo de agua y tú te sigues mustiando!








Ópera Guarani, Theatro Municipal do Rio de Janeiro, noite inesquecível!


Maravilhosa iniciativa, apresentação da orquestra e coro do teatro Municipal do Rio, com a versão original ( 3 horas e meia) da ópera O Guarani, do autor brasileiro, orgulho nacional, Carlos Gomes.


Apenas dois dias, 26 e 27, sábado e domingo.



Fui com uma amiga, na noite de ontem, o teatro está belíssimo depois da restauração, o tema da ópera famosa, que estreou em 1870 em Milão, é baseado no livro de José de Alencar e relata o amor de um índio da tribo dos Guaranis, Peri, que se apaixona e é correspondido, por Cecília, filha do colonizador português, mas é perseguido pelos rivais da tribo dos Aimorés que raptam a linda jovem. Ele parte para salvá-la, tudo se passa no século XVI.
Recomendo, de alma e coração!


Cida Torneros









sexta-feira, 25 de junho de 2010

O mistério Gardel


O mistério Gardel



Por Denise Mota





O cantor e compositor Carlos Gardel


Reprodução


Buenos Aires e outra dezena de cidades no mundo homenageiam o maior cantor do tango, morto há 75 anos



Sobre Carlos Gardel, a única certeza é que morreu há 75 anos, em 24 de junho de 1935. Que o acidente de avião que pôs fim à sua ascensão aos céus dourados de Hollywood teve lugar na colombiana Medellín. E que é o grande responsável por fazer do tango o gênero do Rio da Prata por excelência, reconhecido em territórios tão distantes quanto Japão ou Alemanha, países que reverenciarão o cantor a partir deste mês.


Gardel, que não se sabe se nasceu em 1887 ou 1890, é a inspiração de  Campeonatos de Tango, organizados em muitos  lugares no mundo inteiro.


A vida do cantor de tango está assentada sobre o terreno movediço das possibilidades, de uma sucessão de dúvidas e suposições contraditórias, que tornam a sua história tão enigmática quanto parte dos tangos que difundiu pelo mundo.


Gardel teria nascido em Toulouse (França) ou em Tacuarembó (390 km ao norte de Montevidéu)? Trocou o nome por motivos escusos ou substituiu o próprio nome por o de um irmão mais velho, morto em criança e que se chamava Charles Gardès? Foi filho de mãe solteira ou nasceu no seio de uma família liderada por um militar do interior uruguaio? Ou teria sido fruto de uma relação fugidia de sua mãe, Berta, com um primo, seminarista, que depois foi enviado à Ásia e à África (numa espécie de degredo promovido pelos familiares)?


Seria ainda filho de um francês, quem sabe engenheiro, quem sabe operário, homem que em outras narrativas é apresentado como comerciante, ou viajante, ou empresário da França?

Gardel seria homossexual ou amante da noite, das mulheres, da bebida e dos excessos? Ou, ao contrário, um modelo de superação e contenção pessoal, ao passar de 120 para 75 kilos, depois de uma rotina incansável de exercícios e sessões de sauna?


Na Colômbia, morreu pura e simplesmente em decorrência de um imprevisível acidente de avião ou foi vítima de um tiroteio anterior, ocorrido dentro da aeronave?


Em meio a tantas conjecturas, sobrevivem algumas poucas certezas a respeito do mito: era fanático por corrida de cavalos (e possuía um, chamado Lunático), deu uma casa à namorada oficial, Isabel del Valle (a dúvida reside em outras versões, que acrescentam que foi obrigado a casar-se com ela pelos irmãos da moça, embora não haja documentos que certifiquem a cerimônia).


Aos 25 anos, numa briga de rua, foi baleado no pulmão esquerdo, projétil que o acompanhou durante o resto da vida. Atuou em "Flor de Durazno", filme mudo argentino de 1917 que marcou sua estréia no cinema. Cantou com Josephine Baker. Compôs 50 canções e interpretou cerca de 1.000 temas, num total de 3.000 gravações, currículo que não o poupou de ter de lutar contra a fama de "bon vivant". Em entrevista publicada em Buenos Aires em 1929, reclamava que as pessoas consideravam que ele não trabalhava: "Acreditam que ganho dinheiro sem fazer nada. E ganho, sem dúvida, ganho muito dinheiro, mas também trabalho muitas horas por dia".


Provocou tumultos e, diz-se, suicídios com sua morte. Na passagem do corpo por Montevidéu, registra o jornal argentino "La Nación", à época, que "tochas e candelabros iluminavam a capela, enquanto de todos os lados se iam depositando oferendas florais, que perfumavam o ambiente e atenuavam com seus matizes a gravidade que fluía do tapete negro. A caixa mortuária foi desembarcada coberta pelo poncho de vicunha de Gardel, que apresentava em um de seus extremos, bordadas em ouro, as letras de seu nome e sobrenome. A homenagem popular superou todas as previsões da polícia marítima, e como os férreos portões se abriam aos poucos, acabou por ser impossível impedir os atropelos e violências, que se repetiram ao longo do dia".


Sobre suas origens, o próprio artista -que tinha o hábito de assumir identidades fictícias em documentos- costumava comentar, com ar divertido, ter nascido "aos dois anos e meio" na capital argentina. Nada a estranhar, portanto, que a organização das celebrações deste ano revolvesse susceptibilidades nacionais -em especial a contenda surda que persiste entre Argentina e Uruguai há pelo menos sete décadas a respeito do berço artístico, pessoal e emocional do cantor de tango mais famoso do mundo, o "moreno do Abasto", como ficou conhecido entre seus pares- por ter passado a infância e a adolescência nesse bairro portenho.


Ao anunciar os preparativos para as homenagens ao cantor, em abril deste ano, o secretário municipal de Cultura de Buenos Aires, Gustavo López, provocou desagrado em seu homólogo montevideano, Gonzalo Carámbula, após comentário de que o artista havia nascido na França. À afirmativa, qualificada por Carámbula de "inaceitável", seguiram-se conversas entre as duas autoridades.


O debate teve sua carga de tensão intensificada por um prévio "mal-estar" provocado no Uruguai, segundo afirmou o secretário de Montevidéu, depois da notícia de que Buenos Aires havia convidado Toulouse e Medellín -por considerá-las "cidades-irmãs" na biografia de Gardel- para participar dos eventos ao redor de seus 70 anos de morte. Nenhuma localidade uruguaia teria sido considerada naquele momento.


Tanto barulho gerou resultados: López passou a assegurar que Buenos Aires não reconhecia oficialmente Toulouse como lugar de nascimento de Gardel e incluiu não só a capital do Uruguai, mas também Tacuarembó, no roteiro do concurso de tango organizado pelo governo portenho.


Além disso, em 24 de junho, Montevidéu, ao lado de Bogotá, também está com as "cidades-irmãs" na promoção de uma série de espetáculos. "Montevidéu já é uma cidade-irmã, onde o tango tem muita importância", apaziguou López em entrevista ao jornal "Clarín", onde também não deixou de afirmar que "homenagear Gardel é homenagear Buenos Aires. Gardel e Buenos Aires são uma mesma coisa".


Gardel não deixou descendentes, legou muitas dúvidas. É o centro de uma disputa internacional e continua a alimentar teses de gerações de pesquisadores, além de acirradas discussões, entre a academia e a boemia. Está enterrado em Buenos Aires.


Denise Mota


É jornalista. Vive em Montevidéu.

Uruguai lembra os 75 anos da morte de Carlos Gardel


A cidade de Montevidéu lembrou o 75º aniversário da morte de Carlos Gardel com uma homenagem no suburbano bairro Sul, local onde os moradores afirmam que "Zorzal Crioulo" freqüentou a escola no final do século XIX. Os fãs de Gardel se reuniram em frente a estátua do artista para inaugurar uma placa e depositar uma flor em memória do cantor, morto em 24 de junho de 1935 em um acidente de aviação em Medellín (Colômbia).

Noite dos mascarados... Pierrot e Colombina





quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pout Pourri de Festa junina



Eu pedi numa oração



Ao querido São João


Que me desse um matrimônio


São João disse que não!


São João disse que não!


Isto é lá com Santo Antônio!


Eu pedi numa oração


Ao querido São João


Que me desse um matrimônio


Matrimônio! Matrimônio!


Isto é lá com Santo Antônio!



Implorei a São João


Desse ao menos um cartão


Que eu levava a Santo Antônio


São João ficou zangado


São João só dá cartão


Com direito a batizado


Implorei a São João


Desse ao menos um cartão


Que eu levava a Santo Antônio


Matrimônio! Matrimônio!


Isso é lá com Santo Antônio!



São João não me atendendo


A São Pedro fui correndo


Nos portões do paraíso


Disse o velho num sorriso:


Minha gente, eu sou chaveiro!


Nunca fui casamenteiro!


São João não me atendendo


A São Pedro fui correndo


Nos portões do paraíso


Matrimônio! Matrimônio!


Isso é lá com Santo Antônio

segunda-feira, 21 de junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morreu hoje o escritor português José Saramago


Saramago
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM679826-7823-JOSE+SARAMAGO+SEGUNDA+PARTE,00.html


Morre, aos 87 anos, o escritor português José Saramago


Autor de 'Ensaio sobre a cegueira' morreu nesta sexta nas Ilhas Canárias.


Escritor era um dos maiores nomes da literatura mundial contemporânea.

O escritor português José Saramago morreu aos 87 anos em sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, nesta sexta-feira (18). A informação foi divulgada pela família do escritor de "Ensaio sobre a cegueira". Segundo a imprensa espanhola, que cita fontes de sua família, o escritor morreu em sua residência depois de ter passado uma noite tranquila.


O autor de "O evangelho segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a cegueira" vivia em Lanzarote desde 1993 com sua esposa, a jornalista Pilar del Río. Nos últimos anos foi hospitalizado em várias oportunidades, principalmente devido a problemas respiratórios.




"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar."
José Saramago
 

Eu só quero um "Xodó"







Feliz e repousante


Feliz e repousante
 

Feliz e repousante estado d'alma

minha paixão pelas palavras

produzindo imagens...

sucessão de encontros da vida..

a expressão do rosto

tudo a ver com o estado D'alma...

olhar para a câmera, vendo através...

agradecendo a realização da profecia...

largadona, sem pintura no rosto

cabelo desajeitado,

com um sorriso de tranqüilidade

ternura da menina cobrindo de mimos...

no meu coração maduro

um sentimento de gratidão leva até você

a alegria de dar-lhe muito carinho

enquanto isso me for permitido.

Cida Torneros

Publicação: www.paralerepensar.com.brr 15/09/2006