Maracanã

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Chega de Saudade... quando o coração canta a música de cabeceira...




Não é possível explicar tudo, quando se sente saudade...aliás, é sentimento, não é razão...por que se quer explicar isso? já não basta ter no fundo do coração aquele fiozinho cortante da não-presença de alguém que a gente gostaria de poder rever, reter no abraço, beijar na boca e na alma?

Isso soa como tema de carta do século XIX, mas é bem mais, é século XXI, é hoje, é agora, é uma manhã nostálgica de uma segunda-feira aparentemente sem sentido, uma vez que vou sair por aí na luta em direção ao trabalho, sabendo que não vou reencontrar aquele que me faria feliz, de verdade, apenas por aparecer como uma visão do paraíso. Besteirol, poderiam classificar alguns materialistas para quem ter saudade de gente que está distante soa como não ter resolvido o sentido de alguma carência infantil. Careço de ver e ouvir, conviver e compartilhar a realidade do meu hoje...com certa criatura... e isso é dependência emocional? perguntinha a ser feita ao meu analista? talvez seja mesmo uma postura sentimentalóide, em momento de vida na meia-idade, quando relembro quantas vezes cantei debaixo do chuveiro a tal cançãozinha que deu start ao movimento da Bossa Nova, nos idos dos anos 60. Eu chegava da praia, com minhas primas Regina ( que viajou para encotrar-se com Deus, muito cedo) e Lena, nós entrávamos as três no banheiro do apartamento de Copacabana, enquanto tomávamos um banho conjunto, salgado, tirando a areia da praia, fazíamos coro. E a cortina do box, sobre a banheira branca antigona, tinha mil peixinhos que a gente apontava no auge da euforia adolescente, ao cantar a deliciosa música pensando nos namoradinhos, que era tantos, mas que deixavam sempre saudade...

Aprendi cedo que essa coisa da saudade é incontrolável mesmo, dentro de cada um. E faz a gente sofrer, querendo ou não, dá um nó na garganta, aperto no peito e vontade de atravessar ares e mares, ruas e bairros, cidades e países, em busca só do olhar ou do abraço de quem nos motiva tal vazio, tal melancolia, tal avalanche de recordações e desejo de voltar a ser feliz de novo, nos infantiliza...parece...

Uma vez, escrevi num poema um verso que diz mais ou menos assim:

"Estou adolescendo de novo"...

Acho que nos tornamos adolescentes repetidas vezes, até quando já pensamos que essa crise não voltaria mais, vem uma saudade infantil no meio da vida adulta, da vida madura, da realidade nua e crua, mas, que bendito tempero é esse ir e vir de sentidos que nos fazem repensar e rever os bons momentos, as pessoas maravilhosas e suas dádidas de amor em nossas vidas?

Hoje, sinto saudade imensa... e quero cantar...chega de saudade!!!

Aparecida Torneros

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