Maracanã

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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

saia do meu caminho, escolhi andar sozinha






Belchior - Saia do Meu Caminho: http://youtu.be/gGV1yyDMGSM

Saia do meu caminho

O telefone toca e a mulher que atende dá explicações ao interlocutor, companheiro, namorido, dizendo onde está,  o que faz, etc.

Ela parece feliz por saber que um parceiro lhe rastreia docemente ou será que ambos precisam testemunhar suas próprias vidas, com apreciação e consolo. Parece preencher uma necessidade ou acrescentar mais um colorido ao seu mundo incolor.

Quando ouço Belchior cantando saia do meu caminho , reflito sobre a escolha de estar só,  de seguir só pela vida, e, esporadicamente,  dividir um momento ou um desejo ou até um sonho.

É como estar mergulhado num universo imenso e ter o infinito para vasculhar. Se quero fazer algo, seja o que for, decido solitariamente, e vou em frente. Se canso, paro. Se desisto volto atrás,  não preciso explicar nada.

Sequer necessito ouvir ou cobrar explicações.  Passei da fase. É uma liberdade que absurdamente deve assustar a muitos. Na madrugada passada, às 4, resolvi ver um filme e comer um bom lanche. Depois da sessão privada, adormeci e vi que o dia amanhecia, cheio de ventos.

Acordei às 9 e 40. Preparei o dejejum e curti o cd da Adriana Calcanhoto que ganhei ontem de uma amiga.

Vou caminhando. Gosto dos amigos e amigas que me acompanham, mas sei que cada um vai pelo seu proprio atalho e sigo o meu. Atravesso sombras e ultrapasso arco-íris.  Enfio-me sob cobertas e escondo a cabeça.  Também exponho fragilidades e reconto paixões.  Lido com meu corpo que começa a envelhecer e com minha alma inquieta que teima rejuvenescer.

Tento conciliar os extremos. E ando sozinha, na minha própria boa companhia. E vou.

Cida Torneros

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