sonhando em amarelo
ela pensou que era tudo mesmo assim...um jardim pleno de tulipas...
pleno ou cheio?
repleto ou coalhado?
como definir a multiplicidade imaginada em sonho tão personalista?
mulher de fibra, sonhadora e intensa,
isso ela era, não tinha dúvida nem receio
de sair pelo mundo em busca de aventura,
de conhecer povos e culturas, de caminhar
pelas ruas e esquinas de cidades de países
onde gente como ela também se perguntava pelas flores,
gente que se questionava sobre as próprias dores,
gente que se enternecia quando encontrava novos amores,
gente que se recolhia ao seu canto se pressentia dissabores...
mas as tulipas lhes vinham nos sonhos em amarelos matizes...
alegravam suas noites, faziam-na agradecer mais um dia,
quem sabe não eram mensagens do além para trazer esperança?
ela sempre se perguntava que palavras a vida resumia?
encontrou umas duas definitivas... esperança, sem pestanejar,
era o melhor resumo de tudo que existisse antes ou depois...
e mais uma, ela se nomeu com o coração encolhido...
precisava tanto dessa palavrinha... mesmo em tom discreto...
mesmo em noite de solidão, devia relembrar do que foi vivido...
em meio a um sonho pleno de tulipas amarelas, recordou o afeto...
poderia ser o afeto feito de memórias, ou de passados, ou de enredos...
mas era afeto, era um jeito de presentear a alma com segredos...
nem precisava mais palavras para compor a vida...
encontrara a chave dos seus anseios e cura para seus medos...
na contradança, a canção do seu apascentado coração...
na esperança, a eterna dádiva da sua capacidade de dar e receber afeto....
Aparecida Torneros
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