Maracanã

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sábado, 30 de novembro de 2013

la chascona, a despenteada, lembrei Neruda


Amanheci com dores na coluna e não pude viajar. Faltei a um compromisso pois ia assistir à formatura do Gustavo, filho da minha amiga Katia, na academia militar de Agulhas Negras. Paciência,  repouso, e de noite, vou fazer companhia à minha mãe. 
Sento em frente ao tablet, ligo a camera e me flagro, descabelada, ainda muito cedo, clico e vejo a imagem da Matilda, grande amor do poeta Pablo Neruda. Ele a chamava de Chascona, por seu cabelo sempre revolto. Visitei, em Santiago, a casa museu onde viveram sua paixão,  chamada exatamente La Chascona.
Vi objetos, quadros, a saga do mar pelos cantos, ele era um apaixonado pelos mistérios dos oceanos,  em toda a residência se encontram detalhes que nos balançam em ondas, mareando sentimentos.
Sábio e amoroso poeta. Amou as ondulações dos cabelos de Matilda, amou as ondas que os mares oscilantes provocam em nossas vidas.
Desde ontem, decidi que me deixaria ser levada pelos ventos, como se fora um barco a vela e cá estou, me reprogramando, acho que vou rmper o novo ano, à beira mar, em Copacabana, minha amiga Vera convidou, só preciso saber quem pode ficar com mamãe,  tem sido com ela que atravesso a passagem dos ultimos 7 anos desde que perdi meu pai, seu companheiro de 59 anos. Ela entenderá que preciso pular 7 ondas, molhar os pés,  brindar nova vida, acreditar que farei a travessia do oceano porque minha vida muda e o amor faz de mim uma criatura assim, despenteada, soprando ao vento que seja tão forte que me traga de longe os beijos de quem já me esperava, e agora, me chama com sua paciência e origem, como a minha, ou melhor, como a dos nossos ancestrais.
Encerro capítulos.  Abro novos horizontes. Nem posso pedir desculpas a quem sonhou o que fiz sonhar. Apenas agradeço que cada um seja desapegado, me compreenda a liberdade que tenho de estar assim, despenteada, ao sabor dos ventos, e me sentir amada, sendo poeta também.  
MARIA CIDA TORNEROS 


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