Maracanã

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Alejandro Sanz - Amiga Mia e o meu poema TSUNAMI





Tsunami ( a sós) por Maria Aparecida Torneros da Silva dezembro de 2004




antes da grande onda


por favor, me ame a mim


ame a humanidade toda


ame a mulher songa-monga


a criança down, o velho coxo


o pedinte sujo e o pivete esperto


ame o inimigo tolo, o macaco rhesus,


a flor entreaberta, a porta fechada


dos corações endurecidos,


antes da grande onda


por favor, me beije assim


como se fosse próximo o fim


do nosso amor e dos tempos


e se compadeça do ser humano


do pobre bicho pensante e ignorante...


antes que a água nos invada


me inunde de paixão acesa


me resplandeça


sim, me aqueça


me enterneça


e jamais se esqueça


que haverá um dia


em que a terra-mãe


acolherá nossos restos de paixão...


antes dos tsunamis


invoque os bhamas, os deuses, os avatares,


peça perdão pelos desvalidos seu desvios


seus erros de avaliação, pelas bombas atômicas


pelas criaturas atônitas


convoque a onu, dos homens nus, dos sem destino,


e entoe pra mim, um lindo hino


de paz na terra, em meio ao luto, distribua afeto


pelos desconhecidos, pelos nossos mares revoltos...


antes da grande onda,


por favor, me diga onde está seu abraço,


onde posso apaziguar meu corpo no seu cansaço


de ser quem sou, um nada a mais, uma gioconda


sem sorriso, talvez uma alma sem corpo...


mesmo assim, querido , um último pedido lhe faço:


venha para mim, antes da onda gigante,


e me faça morrer no seu calor como uma flor...


me deixe sucumbir na sua dor como um final feliz...


me veja conformar o povo do mundo com a doçura da meretriz


e não me abandone ao tsunami feroz


sem antes me sussurrar que me quer um bem abstrato


um bem sem medidas, um bem além de nós


um bem super-humano, um bem capaz de engolir o fato


de ser quem sou, pequena e frágil, se estou assim:


como meus irmãos da Ásia : a sós...

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