Maracanã

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Paris: Marie, como bonequinha de luxo!!


Mais uma vez, Marie reproduz alguma cena de um filme. Aquela bonequinha de luxo , vivida por Audrey Hepburn, no Breakfast in Tiffani's, protegida por um apaixonado, buscando carinhosamente conversar com seu gatinho de estimação ( Marie agora tem A.BB, um pretinho e branco, pequenino e experto ,que lhe faz companhia), a menina se entusiasma com o enredo, mas diz ao seu analista que tem pedaços que quer esquecer.



O experiente terapeuta acompanha um momento de lamentação e presencia as lágrimas que ela tenta prender, mas não consegue, ao sussurrar: - eu queria mesmo era esquecer essa história... entretanto o médico, que a acompanha, há alguns anos, vai dizendo baixinho com frases em tom seguro:


Marie, há uma parte desta história, que você não precisa e não vai esquecer, é o seu lado capaz de vivenciar o amor além do aspecto cronológico dele, sabendo que o sentimento que se apresentou em você não foi um filme de ficção simplesmente, mas uma realidade. A outra parte, entendo, sobre o fim do enredo, terá é que aceitar, sem entretanto mutilar em seu caminho essa propriedade tão sua, a de viver com intensidade cada dia e cada momento.

Para a entendiada e triste Marie de hoje, talvez ainda seja difícil imaginar-se voltando às suas sonoras gargalhadas, mas observa atentamente o caminho de volta, saindo do consultório, na manhã invernal carioca, com o sol lhe presenteando cores sobre o verde mar. Ela se encanta com a paisagem do Pão de Açúcar, a enseada de Botafogo, o céu claro, as pessoas e os barcos, o movimento das ondas, sua cidade em contraponto a Paris, onde viveu um sonho que acabou. Volta-se para dentro no intuito de escutar seu compasso sensitivo, sabe que ao estudar a lingua francesa comprometeu-se a visitar outra vez aquele lugar, mas será de outro jeito, disso tem certeza.


Prepara-se então para o fim de semana, viagem que fará com um grupo de amigos, na Serra, onde irá participar de encontro feliz, campeonato de cavaleiros e amazonas, esporte e competição, alegria e bons papos, boa mesa e boa bebida, o mundo do luxo para uma bonequinha extenuada.


O sol ainda brilha, Marie compreende, um amigo a procura por telefone avisando que está atento e preocupado com ela. Sua resposta é breve, mas firme: estou remando o barco devagar, amigo, não vou desistir...


Disso ela tem certeza, deve esquecer o que a magoa e lembrar sempre do que a fez ou faz feliz. Se viveu tantas coisas boas, merece continuar vivendo cada uma delas, a seu tempo, e com sua intensidade, de acordo com os novos sonhos que irão surgindo.
Para Marie, o tal filme da Audrey é fundamental como referência , já que no mundo, os sentimentos não devem se confundir com elementos de consumo. Há que preservar os bons sentidos e não misturá-los jamais com desilusões. Estas, como no roteiro encenado pela Audrey, ficaram para trás. E no filme vivido por Marie, em Paris, coincidentemente, o final é feliz, porque ela só lembrará de editar, inteligentemente, os melhores momentos, para reproduzir tão gratificante produção cinematográfica, daquelas que o público não se cansará de rever e relembrar. Ela também!
Cida Torneros

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