Maracanã

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Poema para o Natal





POEMA PARA O NATAL
Por Aparecida Torneros



Quero os mansos...nesta Noite quero-os todos
ao meu redor, como pequenos seres de aconchego
a eles darei meu testemunho da fé que ainda cultivo
pela humanidade inteira, quase toda em rebuliço...

Quero os mansos de pés descalços, os de pele curtida,
junto de mim espero que repousem suas almas plácidas,
seus ares de conformação, sua compreensão pelos fracos,
seu perdão pelos maus comandantes, sua carícia desprendida...

Quero os mansos de voz melodiosa, os de canção que embala,
aqueles de abençoada passagem pela terra, sem a mancha da ambição,
quero-os, melhor dizendo, dentro de mim, para que me aperfeiçoem...
que me façam aceitar as diferenças cruéis e me clareiem a comunhão...

Quero os mansos... por esta madrugada inteira, com a paz que me ofertarem
com a aura do amor dadivoso, com a certeza do sublime, com a magia da culpa desfeita...
preciso deles para combater a solidão do meu pensamento infestado de abandonos...

Mas, se os mansos não me visitarem na noite de Natal, eu prometo, irei ter com eles...
porque preciso ser humilde, buscar as esquinas da periferia, dar um pão a quem tem fome,
vinho a quem tem sede, abraçar um corpo magro e abandonado, olhar nos olhos um irmão
que me espera, por aí, sem sequer saber meu nome, mas confiante em que o farei feliz...

Pelo menos nesta noite de Natal, com cada manso que puder encontrar,
partilharei minhas dores, apertarei suas mãos entre as minhas, e cantarei
... então é Natal... com lágrimas nos olhos e coração em festa...

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