Maracanã

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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Freud implica ( com as mulheres)


Freud implica ( com as mulheres)


( baseada em texto de Ana Cristina Reis)


E como implica!!! Esse homenzinho muito inteligente e implicante chegou para confundir e não para explicar. Objeto de teses aos milhares, o texto de Freud, que por si só, não esgota o inesgotável questionamento sobre a psique humana, com certeza, tem o mérito inquestionável de provocar reações nos inconscientes incomodados com o mistério da vida e com as diferenças comportamentais entre machos e fêmeas.


Artigo recente da jornalista Ana Cristina Reis pôs mais lenha na fogueira e provocou reações nos seus leitores do jornal O Globo, quando ela recebeu uma avalancha de emails masculinos em sua maioria “instando a falar sobre as neuras femininas”. A articulista aceitou o desafio e respondeu com as considerações a seguir, suas, evidentemente, mas muito interessantes, para se repensar nossa cultura quanto ao que o pai da psicanálise falou sobre as mulheres. Ela escreveu: “E desta vez, sem muita ajuda de Freud – seja porque ele pensou pouco nas mulheres, seja porque não entendi o que ele escreveu sobre elas. Portanto, o que se segue são considerações advindas da observação:


1) Mulheres que só têm prazer se relacionando com homens imprudentes, galinhas e de caráter duvidoso. Sofrem do complexo “ligações perigosas”. Depois de muito padecer, tentam achar um sujeito legal. Geralmente não conseguem. Então dizem que o mercado só tem homem casado ou gay. Dependendo de onde procuram, o quadro é esse mesmo.


2) Não só alguns homens só gostam de se relacionar com mulheres mais novas. Há mulheres que procuram homens mais velhos e não é golpe do baú. Elas buscam o homem/pai. Seja porque o pai foi omisso, seja porque foi presente demais.


3) Algumas das mulheres que não viveram bem a relação com o pai enfrentam dificuldades no sexo. Não gozam. No máximo acham que têm orgasmo, mas é algo clitoriano, rápido, pouco eficaz. Não confiam nos homens, não se soltam.


4) Algumas amam demais. Viram mães dos maridos, se anulam, fazem tudo para agradar. E o que conseguem? Desprezo e pena a médio prazo. Solidão a longo prazo.


5) Algumas amam de menos. Por medo de amar demais.” Dá para sentir o quanto o tema sexualidade feminina encerra de espaços vazios a serem observados, como fez a jornalista em cinco resumidas conclusões que ela mesmo ressalta que poderiam ser dez ou mais.


Há uma infinita possibilidade de considerações possíveis a serem tecidas a partir da vivência de cada mulher no universo inteiro. Cada uma, em que pese sua cultura, seu contexto social e econômico, sua formação religiosa, sua história pessoal, seguramente terá muito mais que dez observações sintéticas a relatar sobre os sentimentos que a impulsionam a amar e viver. Em sua maioria, no mundo todo, nem sequer terão lido Freud, e, se tivessem lido, talvez não fizesse a menor diferença para minimizar a inquietação natural resultante pela busca de desvendar seu próprio mundo.


Para cada Eva, jovem ou madura, deve existir um Adão resolvido a levá-la a um paraíso sonhado. Assim diz a lenda bíblica. No mais, é bom repetir o aforisma freudiano: “quase se pode dizer que a mulher inteira é um tabu”. O que significa que o grande psicanalista e pensador não conseguiu mesmo foi desvendar o tabu. Apenas implicou com ele!

Aparecida Torneros

em 08/05/05

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