Em tempos remotos, as meninas dos séculos passados sonhavam com casamentos heterosexuais e filhos. Depois, passaram a sonhar com estudos, carreiras, dinheiro e liberdade. Puderam imaginar alcançar a presidência de empresas ou de países. Sonhos de sucesso em cinema, artes e literatura.
O século XXI trouxe a globalizada postura em que é possivel sonhar com amores em gradações antes inimagináveis, com sustentabilidade e respeito ao Planeta, com a queda de regimes ditatoriais e com o fim das guerras, ou seja, pelo banimento das armas nucleares e similares inventos que busquem matar inimigos. Algumas preferem lutar e se tornam soldadas, militares, militantes, guerrilheiras, voluntárias, missionárias, religiosas, impregnadas de grande fé ou imensa decepção.
Meninas de agora sonham com dietas se vivem em sociedades muito industrializadas, sonham com comida se estão em lugares de intensa miséria, sonham com sobrevivência digna se sentem o desrespeito ao seu direito de pensar ou de seguir um caminho qualquer.
Ainda sonham com a liberdade de pensar, de ir em frente, de escolher parceiros ou parceiras, criar ou hibernar, isolar-se ou compartilhar, pertencer ou não a tribos e talvez emanar antigas bruxarias que geneticamente trazem no sangue e na memória, herança de suas ancestrais.
Meninas imaginam viagens, lugares inusitados, mares bravios e ilhas paradisíacas, conquistas de espaço, paz nas montanhas e música para dançar em torno do seu centro gravitacional. São eternas e sensiveis bailarinas do tempo.
Dessas meninas sonhadoras brotam as novelas, nascem os romances, formam-se as tramas, escorrem os prantos ora doloridos ora felizes, e se não bastasse tudo isso, existe em cada uma delas a doce, gentil e intrigante promessa de futuro que permeia seu olhar e ilumina seu manto sagrado mesmo que esteja nua em pelo.
A vestimenta é sua própria luz. O tempo vai embranquecendo os cabelos de cada menina. Quando ela percebe, já se passaram décadas, mas seus sonhos continuam a surgir, brotam de uma fonte qualquer, a vida lhe proporciona uma resiliência inacreditável.
As meninas não se tornam senhoras porque isso elas já são, de berço, desde a hora em que vêm ao mundo.
Senhoras do seu destino, transferem sonhos irrealizados para as que vão nascendo e, com certeza, os tornarão reais, através de seculos ou de milênios.
Cida Torneros
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