Maracanã

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sábado, 5 de abril de 2014

Segolene e Dilma, imagens e contrastes, artigo de Vitor Hugo Soares

Contrastes da semana:Dilma Rousseff em baixa chora no Rio de Janeiro, Sègoléne Royal em alta sorri em Paris Arquivado em (Artigos) por vitor em 05-04-2014 00:59 As lágrimas de Dilma no Galeão =================================================== O sorriso de Sègoléne em Paris =========================================================== ARTIGO DA SEMANA Sègoléne e Dilma: Imagens e Contrastes Vitor Hugo Soares Imagens de capa ou das páginas consideradas mais “nobres” da imprensa brasileira e internacional, esta semana, estamparam o contraste escancarado da situação política e pessoal (emocionalmente falando) vivida nestes dias de abril por duas mulheres poderosas: a presidente brasileira Dilma Rousseff e a líder socialista francesa, Sègoléne Royal. Em ambos os casos, cenas emblemáticas da realidade de cada uma delas. Fotografias da hora , com muita informação e forte impacto jornalístico. Destas que dispensam pelo menos a metade das mil palavras de explicações, segundo o conceito clássico da comunicação. No primeiro caso, o choro mal contido da presidente Dilma, no aeroporto Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro.No segundo, o sorriso contagiante de Sègoléne, ao ser escolhida pelo novo primeiro-ministro da França para ministra da Ecologia e de ser saudada como uma esperança de salvação do governo de François Hollande, o cara que a enganou na política e a traiu e trocou por outra no leito de casal, logo depois de assumir o poder. Em Dilma (isso é opinião), as lágrimas que revelam uma mistura de sentimentos avassaladores que lhe mexem no corpo e na alma (os 50 anos do Golpe, as prisões políticas, exílios, torturas, desaparecimento, dores de partidas e emoções de retornos). A ponto de embaralhar e confundir a memória da ex-militante e presa política, atualmente no cargo mais elevado de comando da nação, e querendo mais. Na fotografia, a presidente em campanha pela reeleição se emociona e chora ao escutar o “Samba do Avião”, memorável música composta por Tom Jobim em 1962, em pleno governo de João Goulart, que em seu discurso ela descreveu como uma espécie de hino dos perseguidos políticos da ditadura de 1964, na volta do exílio. Na confusa comparação e no choro que se seguiu, ficaram evidentes (isso também é opinião) a carga de adrenalina e tensão que Dilma tem carregado nas costas ultimamente. Em boa parte, resultado de vigorosas, crescentes e praticamente incontroláveis pressões políticas e emocionais: os companheiros presos, agora condenados por corrupção; a ameaça de esfacelamento das composições político-eleitorais que a levaram ao Palácio do Planalto e colocam em perigo a reeleição; os disparos que ela e seu governo têm recebido em razão da má explicada transação na compra da refinaria de Pasadena; a CPI da Petrobras… Tensões e pressões que só aumentam à medida que se aproximam a Copa do Mundo e, principalmente, as eleições presidenciais deste ano. Ambos os eventos com potencial explosivo capaz de abalar o País.E as situações aparentemente mais sólidas. De chorar, mesmo. Pior só o governador do Ceará, Cid Gomes, aliado da presidente, que durante “comício de inauguração”, em Limoeiro, interior do estado, sofreu queda de pressão e desmaiou no palanque, precisando ser transferido às pressas de helicóptero, para receber tratamento médico adequado em Fortaleza. Mas aqui tratamos de Dilma e Sègoléne. Na líder francesa , o sorriso largo e franco das fotografias desta semana escancaram todo sentimento de vitória e completa volta por cima da dirigente política e da mulher moderna , consciente e determinada, que acredita no tempo como verdadeiro senhor da razão. No começo da semana, confirmada a fragorosa derrota dos socialistas nas eleições municipais da França, o presidente Hollande (maior derrotado da refrega) decidiu mexer nos comandos para tentar evitar o naufrágio completo. Escolheu o jovem , arrojado e polêmico Manuel Valls para novo primeiro-ministro e se reuniu com ele para fazer mudanças em seu governo. Na reforma ministerial, dois grandes destaques foram anunciados: a permanência de Christiane Taubira , e a volta ao governo de Sègolène Royal, que foi candidata à presidência pelo PS em 2007. Ex- mulher de Hollande, mãe de seus quatro filhos, abandonada por ele na política, no poder e no leito de casal, Sègoléne , nova ministra do Meio Ambiente ( a terceira pasta em importância do governo francês), parece renascer como uma fênix, pelas mãos de Valls. O sorriso aberto e vitorioso de Sègoléne toma conta dos jornais e revistas expostos nos quiosques de Paris e da França inteira, além de boa parte do planeta. Não permite dúvidas sobre o estado de graça em que vive estes dias a flamejante líder socialista européia. Um semblante digno da maravilhosa canção “April in Paris” (Abril em Paris) , principalmente na interpretação primorosa da dupla Ella Fitzgerald e Louis Armstrong. “Aos seus 60 anos bem cuidados”, como definiu com perfeição um analista político do jornal espanhol ABC , Sègoléne teve muitas vidas políticas, privadas e amorosas. Sofreu arranhões em todas elas, mas conseguiu sobreviver e fazer-se respeitar “sem renunciar jamais a uma ambição política devoradora e obsessiva”. Críticas? Elogios? Não importa, o fato é que ela está triunfante e feliz. Ao assumir a pasta do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, claro que os jornalistas perguntam como será a sua relação com o ex-marido, o presidente Francois Hollande. E ela responde: “o mais natural e o mais institucional possível”. Afinal, o fim dramático da relação do marido com a jornalista Valérie Trierweiler, sua inimiga inconciliável, facilitou tudo. E a socialista Sègoléne Royal volta a sorrir: feliz e vitoriosa.Vive La France! Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitor_soares1@terra.com.br

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