Maracanã

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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Copacabana, de 2014 e dos anos 60...

2014 chegou em Copacabana! A energia que pairava no ar da princesinha do mar já é minha velha conhecida. Na adolescência, saía do subúrbio e passava oas fins de semana na Copacabana dos anos 60. Meus padrinhos e seus filhos me esperavam para curtirmos a praia, antes do aterramento que a ampliou, de uma tranquila paisagem que incluia as carrocinhas da Kibon, os vendedores de mate e biscoitos Globo, as barracas coloridas, os jogos de frescobol, as partidas de buraco, campeonatos, todis nós sentados nas esteirinhas de palha, usando Rayto de Sol, um bronzeador contrabandeado de origem argentina. Ali, combinavamos a ida mais tarde no bar Bip Bip, que inovava com batidas coloridas de frutas diversas. Nas esquinas da Atlântica, queimadinhas, as meninas desfilavam para namorar com rapazes que convidavam pro chope com batatas fritas no Maxims, ou uma esticada na boite pequenina da Fernando Mendes, onde eu e minhas primas íamos escondidas, nas noites de sábado. Havia canjas de cantores famosos que davam uma passada e nos encantavam. A Copacabana do final da década de 60, em mim, marcou mesmo como a canção do Caymmi, um bom lugar para encontrar, Copacabana. Um grande salto no tempo, estou ali, não mais com 18 anos, mas, sim, na casa dos 60, em idade, e me enamoro, como no passado. A sensação de reviver sonhos, crer em alegrias, assombrar-se de luz, testemunhar uma multidão fervorosa cuja energia se direciona ao novo ano que vem chegando. Abraços, beijos, sorrisos, olhos, marejados, estouro da champanhe, o telefonema para mamãe, à meia noite, votos de feliz ano novo, e o aconchego do amor, na magia de um céu de estrelas formando desenhos, cores, sons, gritos, a emoção, as fotografias, os sussurros, agradecimentos. O destino me oferece um momento sublime, oro pela paz e saúde de todos, sou parte de uma corrente positiva e me deixo levar pela alegria de um mundo sonhado. Com quem estou, com quem me vejo na passagem do ano, é alguém que veio de longe, atravessou o céu, sobre o oceano, e agora, ao meu lado, ultrapassa o sonho do tempo, criatura que também andou por Copacabana, em ocasiões lembradas como momentos de uma mocidade que insiste em nos alcançar outravez. Paris foi o lugar que nos uniu primeiro. Dois brasileiros, cariocas, da mesma geração, que se encontraram com 40 anos de atraso, ali, no Quartier Latin. Passaram-se quase 5 anos, nos revemos no Rio de Janeiro, e o nosso Reveillon está perfeito porque é a magia que o transforma em bons augúrios. Copacabana brilha, ferve, estamos ali quase em missão, no resgate do legado romântico pois fazemos parte da legião dos que acreditam no amor e correm atrás do prejuízo, recomeçando e aproveitando a chance de tentar uma nova vida, em fase de quase aposentadoria, somos gente que ainda crê na paixão pelos detalhes, os olhares, as frases de carinho, os jeitos da conquista, a proteção dos sentimentos sinceros, o idealismo da formação da família, a paz da convesa interior, a confiança na própria história e a sorte de estarmos juntos em momento único, inesquecivel, especial e pleno de ilusão. Repito palavras observando os fogos, lindo, deslumbrante, maravilhoso espetáculo. Por longos 16 minutos, nosso universo parou, e a multidão era nossa aliada, testemunhamos o paraíso, ofereci champanhe a um homem que tinha nas mãos um copo vazio. Brindei com o desconhecido enquanto mon amour tirava muitas fotos. 2014 chegou na euforia de um aglomerado multirracial, fulgurante, tantos sorrisos, música, muita gente vestida de branco e um clamor intenso de boa vontade. Não me permiti contaminar por nenhum laivo de tristeza ou qualquer sentido negativo. Na manhã seguinte, com a grandeza de uma descoberta como aquela que tive. Descobri que a Copacabana em 2014 me fez sentir a leveza de uma menina que dentro de mim sobrevive, e dei bonjour ao ser que me ajudou nesta descoberta. Assim, em nós, para sempre, nas areias iluminadas por fogos, lua, estrelas, sol e esperança, tive certeza de que Copacabana é mesmo uma princesinha do mar a nos encantar com seu mágico e incomparável réveillon. Merci à toi, Copacabana! Cida Torneros

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