aqui tem música, poesia, reflexões, homenagens, lembranças, imagens, saudades, paixões, palavras,muitas palavras, e entre elas, tem cada um de vocês, junto comigo... Cida Torneros
Maracanã
segunda-feira, 31 de março de 2014
Altamiro Borges: Golpe de 1964: imprensa escondeu Ibope
Altamiro Borges: Golpe de 1964: imprensa escondeu Ibope: Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho : O caro leitor sabia que, ao contrário do que nos foi vendido ao longo de todos estes ano...
sexta-feira, 28 de março de 2014
Toda Mulher - Cida Torneros
toda mulher
toda mulher é guerreira... é anja... é fada...
é bruxa... é múltipla
é misteriosa... é escorregadia...
é fugitiva... é centralizadora...
é dominadora... é amada...
é odiada...é desejada...
é dispensada...é esquecida...
é injustiçada...é incompreendida...
é reverenciada...é apedrejada...
é manhã...é madrugada...
é lua...é estrela...é tempestade...
é encontro...é despedida...
e para sempre...é saudade....
Cida Torneros
Alguém me espera em Paris!
Março de 2014, manhã de quinta-feira, 27 de março, o telefone toca. É bem cedo ainda. Olho o número no visor e vejo que a ligação é internacional. Atendo e ouço: -Ces' t moi!
Fico surpresa, meu amigo Ahmed já não me ligava há uns 2 anos, costuma me escrever esporadicamente, jamais conversamos via msn ou skype. Mas, através de um site francês sobre pontos culturais em comum, já trocamos considerações sobre arte, música, politica, história e noticias de nossas vidas pessoais.
Sempre dizemos que logo nos veremos em Paris. Mas, por várias circunstâncias, isso vai sendo adiado.
No telefonema de ontem, ele repetiu várias vezes que me espera!
Fiquei feliz de ouvir sua voz, tão simpática, carinhosa e acolhedora. Sei que realmente Ahmed me espera, com amor comum, amor amigo, sem muitas expectativas, com vontade de me ver, de me ouvir praticar o meu parco francês, que ontem ele elogiou. Acho que progredi nos meus estudos e me expresso bem melhor agora. Há cerca de um ano, escrevi um artigo sobre nós, pessoas que conservam corações de estudantes, sendo sessentoes, e trazemos esperança e alegria de viver nas almas, apesar das dificuldades ou decepções que a vida nos tem oferecido.
Repeti muitos Mercis! Recebi e enviei muitos Bisous! Recomecei a me imaginar viajando de novo para Paris, quem sabe em 2015? Afinal, alguém me espera em Paris! Alguém que me propõe somente isso: nos encontrarmos ali um dia desses, talvez um café, um concerto, uma exposição de arte, um passeio pelo Jardim de Luxemburgo, uma subidinha na Torre Eifel e um fim de tarde à beira do Sena, olhando o tempo passar!
Cida Torneros
Postado em 02-03-2013
Cida Torneros: Divagações de um coração de estudante (aos 60) na manhã chuvosa de sábado no Rio, enquanto o amigo (também sessentão) a espera em Paris
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Corações de estudantes entre Rio e Paris ( em Março de 2013)
Maria Aparecida Torneros
Acordo as 4.. muita tosse.. um pouco de asma. preparo um chá com leite
quente. Ando muito descompensada ultimamente. Tenho dificuldade de lidar
com mamãe cujos 86 projetam lamentos e me fazem questionar tanta coisa.
Na minha caixa de emails um tem sabor de juventude. Meu amigo de Paris me
espera e pergunta quando irei encontra-lo. Diz também que pretende vir
comigo e finalmente conhecer o Brasil.
Ambos somos sessentoes com sede jovem de viver. Ele pinta aquarelas desde a aposentadoria. Paisagens de sonhos. Eu costumo escrever versos e crônicas. Mas quando me dedico vou aumentando os capítulos do meu primeiro romance. Como título por enquanto,”o romance do oasis perdido”. A história se passa entre Egito+ França e meu país que é mesmo um oasis quando se pensa em tantos destinos para os que sonham vir ao Brasil.
Pois quem nasceu aqui e sonhou com uma terra justa e igualitaria em
oportunidades, como eu e tantos da minha geração, parece que ainda há tanto por fazer e muito mais para lutar!
Minha tosse se acalma e ouço no radinho a canção certa: coração de
estudante com Milton Nascimento, o autor, e roberto Carlos, assiim juntos
me passando mensagem clara: nova aurora novo dia, há que se cuidar do
broto. De dentro de mim brotam sentimentais lembranças do final dos anos
60. nós éramos estudantes secundaristas e íamos nas passeatas para
protestar. Meninos como o Wladimir e o Zé Dirceu nos inspiraram com seus
discursos e foi ali que aprendi a correr da polícia e a seguir em frente.
Nesta manhã chuvosa de um sábado no século XxI percebo que meu coração de estudante ainda sonha muito com gosto de juventude e se houver chance quem sabe vou encontrar o tal oasis que está escondido em algum deserto africano ou na caatinga brasileira. O fato é que preciso responder ao meu amigo Ahmed, argelino-frances que irei a Paris logo e que ele venha comigo para que eu lhe mostre um lugar assim intenso e jovem mas ainda tão necessitado de cuidar do broto ! O Brasil que vou lhe apresentar guarda muitos oasis para almas sedentas de justiça e de fé. Talvez o desáfio seja ultrapassar os caminhos poeirentos e nublados entre nossos jovens sonhos e nossas maduras observações.
Cida Torneros, jornalista e escriIora, mora no Rio de Janeiro. Colaboradora da primeira hora do BP
(1) Comentário Read More
Comentários
regina on 2 março, 2013 at 18:45 #
Cida, minha querida, quem inventou o amor não fui eu, nem você, nem ninguém, ele existe e pronto!!!! Essa energia que nos mantém vivos e saltitantes, como pipocas no calor do fogo, é o que interessa na vida… Vá atrás dele onde quer que esteja e desfrute cada minuto, a vida é curta!!!!!!!
68, dezembro, formatura como normalista no Instituto de Educação RJ
Minha linda normalista, dos anos 60, no Rio de Janeiro ( artigo publicado no livro A mulher necessária)
Maria Aparecida Torneros da Silva
O convite dizia:
Festa no Instituto de Educação: "Será realizada uma festa no Instituto de Educação do Rio de Janeiro no dia 18 de novembro às 20h, no Pátio do Chafariz, ao som da Orquestra Tabajara, na rua Mariz e Barros, Tijuca. Convidamos todos os professores, funcionários, ex-alunos, ex-professores e ex-funcionários para esta grande noite de confraternização, onde estarão juntos aqueles que têm o embleminha do Instituto em seus corações."
Lembra quem puder, conta quem souber, revive quem se emocionar, mas, nós, as ex-alunas do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, aquela casa criada por Getulio Vargas, nos anos 30, com o objetivo de formar as novas professoras da capital federal, tem mesmo muita história para se contar.
Primeiro, foi o sonho de toda jovem educada segundo os princípios rígidos que norteavam a ditadura do gaúcho, e se alicersavam nos parâmetros de uma igreja católica ainda dominante, naquela época. Diretrizes morais que, durante muitas décadas, serviram de exemplo e ponto de apoio para que se divinizasse o papel das professoras, e das estudantes "normalistas", as que só se casavam após a formatura. Imortalizada na canção do Nelson Gonçalves, "Minha linda normalista, não pode casar ainda, só depois se formar", cada jovem que cruzasse nos anos 30, 40 ou 50 as ruas da cidade maravilhosa, vestida com o austero uniforme da blusa branca com gola fechada no pescoço, gravatinha azul indicando a sigla IE, saia plissada, cinto marcando a cinturinha fina, meias brancas e sapatos abotinados pretos rigorosamente engraxados, era como a reafirmação do compromisso com o Brasil do futuro.
Ficaram famosas as festas onde as meninas do Instituto bailaram e namoraram os rapazes do Colégio Militar. Desses bailes surgiram muitos reais casamentos e novas famílias tradicionais, imbuídas da fantasia dos dezembros dos "anos dourados", com o romantismo que o cinema americano se encarregava de fomentar em cada coração de um tempo em que o país iniciava sua industrialização e a capital se transferida para Brasília.
Na segunda metade dos anos 60, deu-se a mudança radical nos costumes e nas idéias da juventude brasileira. Uma revolução militar, seguida de uma ditadura castradora, atingiu a vida de todo jovem brasileiro, obrigando-o a se posicionar. Foram muitas as posições que se escolheu: podia-se observar simplesmente ou lutar. Quem quisesse colocar-se à margem, abster-se, seguir seu caminho individual, teria o respaldo do regime fechado, e isso era visível nas escolas oficiais, mas era próprio do tempo negro por que passava nossa história. Pode-se chamar de anos "clandestinos", com a inquietude modificando os padrões de comportamento das meninas do Instituto.
A esta altura, a escola rompera uma tradição e já aceitava rapazes em suas salas de aula, que eram gatos pingados naquele mar de meninas de azul e branco, saltitantes, alegres, competitivas, jogadoras de vôlei, ou nadadoras das ondas renovadoras, e o grupo se fortalecia com idéias de liberdade, aulas de canto coral. O teatro, com apresentação de peças como "Morte e vida severina", de João Cabral de Mello Neto, que assisti, em 66, no auditório, pela primeira vez, e foi como levar um soco no estômago, ao refletir ali, sobre as condições da vida do retirante nordestino, em contraponto com a miséria suburbana que os nossos professores nos preparavam para enfrentar, logo depois de formadas, onde iríamos levar ensino, hábitos, como missão de educadoras conscientes.
Em 67, a música do Chico Buarque, "A Banda", serviu de fundo para um protesto feminino inesquecível. Havia o controle diário, na entrada das aulas, para que nós não usássemos "porta-seios" ( era como chamavam), que não fossem brancos ou cor da pele. Se as inspetoras vissem que alguma trajava a sombra de uma roupa tão íntima, de cor preta, ou mesmo colorida, pois as mais ousadas já queriam provocar e vestiam até vermelho, éramos impedidas de entrar. Nossas saias, cumprimento permitido na altura dos joelhos, passavam por um sistema de enrola-estica, hoje digno de sonoras gargalhadas. Na portaria, todas enrolávamos a saia, ao ganhar as ruas, para mostrarmos as pernocas que deviam ficar guardadas pelo uniforme dentro dos pavilhões austeros do Instituto.
Mas, a tal "revolução" dos sutiens, quero lembrar, foi num dia em que combinamos, na turma da manhã, para levarmos as peças de biquinis de praia,as mais floridas, espalhafatosas, coloridas, dentro das malas de estudo, evidentemente. Na hora do recreio, fomos vesti-las nos banheiros, e em determinado momento, saímos em bloco animado, cantando a Banda, com as blusas abertas, peitos enfeitados à mostra, a felicidade de desafiar nossas inspetoras senhoris, que enlouqueciam correndo de um lado para outro, nos empurrando de volta para que nos recompuséssemos, segundo a moral e os bons costumes. Ali, surgiam os anos transparentes. Não era possível mais que o Instituto e as outras escolas normais do estado seguissem com hábitos fora da realidade lá fora que gritava a liberdade para uma juventude que via o país atravessar tanta perseguição política.
Em 68, fui a oradora oficial da formatura de 900 formandas, no Maracanãzinho. Tive o desprazer de ser abordada por agentes do SNI antes da minha apresentação que queriam saber do conteúdo do meu discurso, proferido dias depois da assinatura do AI 5. Não mostrei. Disse-lhes que correria o risco pois não queria estragar a surpresa preparada. E foi linda, emocionante.
Eu e um grupo de amigas havíamos organizado e ensaiado muito um jogral. Nossas vozes,em uníssono, treinadas, falaram de educação, respeito à criança brasileira, responsabilidade na condução das novas gerações, amor ao trabalho, intensidade na dedicação ao futuro.
Hoje, sabemos que o futuro chegou e agora, na festa do Instituto, vamos rememorar e comemorar cada capítulo dessa história de meninas e meninos que sonharam com um Brasil melhor e aqui estão, vivos, para testemunhar avanços e retrocessos, mas sobretudo, para renovar seu compromisso com a Educação, como Instituto de um patrimônio nacional inalienável.
Aparecida Torneros, formada em 68 no IE, jornalista ( este texto é dedicado à Lucia Ritto, colega de turma no Instituto e na UFF, jornalista-escritora, falecida em 2003)
Hoje homenageio meu pai: Ulysses da Silva ( unforgetable!)
hoje é seu aniversário, completaria 92 anos
quinta-feira, 27 de março de 2014
MEDIEVAL MUSIC. GALICIA. ONDAS DO MAR DE VIGO
Lá vem o Amor ( inspirada na música futuros amantes, do Chico Buarque)
Das águas profundas do nosso sentimento
lá vem o amor ressurgindo, nos surpreende
sempre
Dos rios que levam tesouros aos oceanos
lá vem o amor descendo a foz, nos atende
eternamente
Dos maremotos revoltos das nossas expectativas
lá vem o amor invadindo nossa praia silente
todavia
Dos tsunamis imensos dos nossos dissabores
lá vem o amor desmentindo o medo candente
embora
Das tempestades devastadoras da nossa solidão
lá vem o amor acalmando o clima, nos reacende
contudo
Das tormentas da vida, altos e baixos, dos anos
lá vem o amor e reprograma a paixão ardente
porém
Da escuridão da floresta do nosso inconsciente
lá vem o amor para desmascarar seus desenganos
entretanto
Da coragem reativada em nossos corações
lá vem o amor renascendo em cada olhar brilhante
perante
Das sombras nubladas de vidas escondidas
lá vem o amor e inunda de luz a manhã nascente
fulgurante
Do passado contido ou negado, nas desilusões
lá vem o amor transformando tudo em esperança
ressurgente...
Cida Torneros
12 de junho de 2009
Mulheres, mulheres, mulheres...( crônica que abre o livro A mulher necessária)
Mulheres, mulheres, mulheres...
Um amigo me disse que gostaria de ter todas as mulheres do mundo. Tentei compreender. Um sonho masculino de possessividade ou um desejo consumista ou até um impulso incontrolável, pensei. Mas, sabendo que é um homem maduro, quarentão, concluí, talvez precipitadamente, que é uma atitude adolescente, de buscar , conquistar, obter, caçar, ou seria um atributo biológico do macho procriador a tentar garantir a prole, perpetuar a espécie, ainda que inconscientemente?
Mulheres, somos de tantas espécies, e acabamos metidas num mesmo caldeirão cultural, submetidas em histórias de machismo e opressão, mas não é verdade que isso nos aconteça a todas. Há as modernas, avançadas nos séculos, independentes financeiramente e com emoções racionalizadas. As que aprenderam a comportar-se como eles, e também querem ter todos os homens do mundo. Como os predadores, elas conquistam e abandonam, escolhem, usam e largam no meio do caminho os tais homens que ainda pensam que todas são iguais.
Mulheres, somos de tantas origens, e entrelaçadas em costumes ou medievais ou estritamente sensuais, ultrapassando as barreiras das religiões ou códigos de costumes. As que se libertaram dos próprios medos e perseguiram o sucesso profissional, que abriram mão da maternidade, que dispensaram o casamento.
Mulheres, somos de tantas loucuras e tantos amores, de tantos ideais e de tantos preconceitos, somos tão diferentes, e no entanto, nos parecemos tão iguais, aos olhos dos homens desavisados.
Um homem que deseja ter todas as mulheres do mundo, as têm no sonho, evidentemente, e nem sempre as consegue ter, nem uma parcela delas, de verdade. Porque se as conseguem atrair para a cama, nem sempre levam junto suas almas, e na maioria das vezes, conhecem seus corpos e sexualidade. Mulheres enganam demais os homens, fingem se submeter enquanto dominam, dissimulam desproteção ao passo que se garantem na sobrevivência e ainda, lhes somam as estatísticas, com um tempo de vida média mais extensa que a dos homens, que parecem cuidar-se menos fisicamente ou desgastarem-se mais rapidamente.
Mulheres, somos de tanta viuvez, de tantos abandonos, de tantas solidões, mas somos um bando que atravessa o tempo, e carregamos tal mistério de bruxas, ou no coração, ou no entre-pernas, ou nos olhos, nas bocas e nos braços, que nem mensuramos o quanto somos diversas e tão parecidas, sejamos jovens ou senhoras, gordas ou magricelas, altas ou baixotinhas, há em nós uma aura de impressionante expressão.
Meu amigo tem razão. É preciso desejar todas e tentar ter algumas, talvez conseguir uma em profundidade, para perder-se dentro dela, e conhecer uma de nós, verdadeiramente.
Mensagem espírita: O sentido da Vida!
O sentido da vida
Você já reparou como é difícil, algumas vezes, ter respostas para algumas dúvidas do dia a dia? Ter respostas para essas perguntas que nos surgem quando estamos na fila do supermercado, ou escovando os dentes ou parados no sinaleiro, dentro da condução?
Você já não teve dessas perguntas que, um dia, sem pedir licença, entram em nossa mente e ficam rodando, rodando, até que desistimos delas, ou as guardamos no fundo, bem no fundo do baú de nossa mente?
Quem de nós já não se perguntou por que nascemos em situações tão diferentes? E quanto às nossas capacidades, será que Deus nos criou assim tão diferentes uns dos outros?
E por que Ele permite haver uns na Terra com tanto e outros com tão pouco? Ou ainda, por que pessoas boas sofrem, passam por provas, por dificuldades, dores?
Se Deus é soberanamente bom e justo, se Deus é, na profunda síntese do Evangelista, amor, qual a razão disso tudo? Qual o sentido de todas essas coisas, aparentemente tão incoerentes?
Na verdade, quando essas perguntas nos surgem, é nossa intimidade buscando respostas para o sentido da vida. São perguntas que a Filosofia vem se fazendo desde há muito, e que refletem o anseio que cada um de nós traz na intimidade: Afinal, qual o sentido da vida? Por que estamos aqui?
Deus, ao nos matricular na escola da vida, deseja de nós que o aprendizado aconteça. Como todo pai ao matricular seu filho na escola, Ele espera que aprendamos a lição.
Nos bancos escolares, nos matriculamos para aprender a escrever, a manipular os números, a entender um pouco as leis da Física, da Química e de tantas outras ciências. E na escola da vida, o que temos que aprender?
Jesus, no Seu profundo entendimento das Leis de Deus, foi firme ao nos ensinar que o maior mandamento da Lei do Pai é o do amor.
Assim, podemos entender que, quando matriculados na escola da vida, na escola que Deus nos oferece, Ele espera de nós essa única lição: aprender a amar.
Dessa forma, todas as oportunidades que a vida nos oferece, são oportunidades para aprendermos a amar. Seja na situação financeira difícil, ou no físico comprometido, estão aí, para nós, as melhores lições para amar.
A doença que nos surge, de maneira inesperada, é o convite à resignação e fé. O chefe difícil, intempestuoso, nos convida à compreensão.
O filho exigente é a oportunidade da paciência e do desvelo. O marido tirano, a esposa intransigente são os portadores do convite à humildade e compreensão.
A cada esquina, o que a vida nos oferece, seja da forma como ela nos oferece, sempre traz consigo oportunidade bendita do aprender a amar. Você já reparou nisso?
E o aprender a amar se faz no exercício diário desse sentimento, desdobrado nos inúmeros matizes que ele guarda em si, nas mais variadas virtudes que ele permite ser vivido.
Seja onde a vida nos colocar: no corpo doente, no lar carente, na família difícil, ali estará nossa melhor lição para amar.
Tenha sempre em mente que o maior sentido da vida é conseguir perceber e entender que ela guarda, em cada oportunidade, em cada desafio que nos oferece, bendita lição para aprender a conjugar o verbo amar.
Redação do Momento Espírita.
Em 01.07.2009.
Você já reparou como é difícil, algumas vezes, ter respostas para algumas dúvidas do dia a dia? Ter respostas para essas perguntas que nos surgem quando estamos na fila do supermercado, ou escovando os dentes ou parados no sinaleiro, dentro da condução?
Você já não teve dessas perguntas que, um dia, sem pedir licença, entram em nossa mente e ficam rodando, rodando, até que desistimos delas, ou as guardamos no fundo, bem no fundo do baú de nossa mente?
Quem de nós já não se perguntou por que nascemos em situações tão diferentes? E quanto às nossas capacidades, será que Deus nos criou assim tão diferentes uns dos outros?
E por que Ele permite haver uns na Terra com tanto e outros com tão pouco? Ou ainda, por que pessoas boas sofrem, passam por provas, por dificuldades, dores?
Se Deus é soberanamente bom e justo, se Deus é, na profunda síntese do Evangelista, amor, qual a razão disso tudo? Qual o sentido de todas essas coisas, aparentemente tão incoerentes?
Na verdade, quando essas perguntas nos surgem, é nossa intimidade buscando respostas para o sentido da vida. São perguntas que a Filosofia vem se fazendo desde há muito, e que refletem o anseio que cada um de nós traz na intimidade: Afinal, qual o sentido da vida? Por que estamos aqui?
Deus, ao nos matricular na escola da vida, deseja de nós que o aprendizado aconteça. Como todo pai ao matricular seu filho na escola, Ele espera que aprendamos a lição.
Nos bancos escolares, nos matriculamos para aprender a escrever, a manipular os números, a entender um pouco as leis da Física, da Química e de tantas outras ciências. E na escola da vida, o que temos que aprender?
Jesus, no Seu profundo entendimento das Leis de Deus, foi firme ao nos ensinar que o maior mandamento da Lei do Pai é o do amor.
Assim, podemos entender que, quando matriculados na escola da vida, na escola que Deus nos oferece, Ele espera de nós essa única lição: aprender a amar.
Dessa forma, todas as oportunidades que a vida nos oferece, são oportunidades para aprendermos a amar. Seja na situação financeira difícil, ou no físico comprometido, estão aí, para nós, as melhores lições para amar.
A doença que nos surge, de maneira inesperada, é o convite à resignação e fé. O chefe difícil, intempestuoso, nos convida à compreensão.
O filho exigente é a oportunidade da paciência e do desvelo. O marido tirano, a esposa intransigente são os portadores do convite à humildade e compreensão.
A cada esquina, o que a vida nos oferece, seja da forma como ela nos oferece, sempre traz consigo oportunidade bendita do aprender a amar. Você já reparou nisso?
E o aprender a amar se faz no exercício diário desse sentimento, desdobrado nos inúmeros matizes que ele guarda em si, nas mais variadas virtudes que ele permite ser vivido.
Seja onde a vida nos colocar: no corpo doente, no lar carente, na família difícil, ali estará nossa melhor lição para amar.
Tenha sempre em mente que o maior sentido da vida é conseguir perceber e entender que ela guarda, em cada oportunidade, em cada desafio que nos oferece, bendita lição para aprender a conjugar o verbo amar.
Redação do Momento Espírita.
Em 01.07.2009.
Sartre e Simone de Beauvoir
ENTREVISTA COM HAZEL ROWLEY | autora de Tête-à-Tête
Ela contou a história de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir Paulo Lima | julho 2006 extraído de Caros Amigos |
Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir viveram um relacionamento pouco convencional que durou 50 anos. É um dos casais mais célebres da História. É impossível falar de um e não mencionar o outro. A paixão pela filosofia e pela literatura os uniu. Eles desafiaram a moral do seu tempo, vivendo muitos amores, assumindo compromissos públicos na contramão da mentalidade dominante em sua época. Foram reverenciados, mas também criticados e odiados. E escreveram livros que se transformaram em obras-primas. Na recém-lançada biografia Tête-à-Tête, da editora Objetiva, a escritora inglesa Hazel Rowley narra a agitada vida privada do casal existencialista, desde os seus primeiros encontros, em 1929, até a morte de ambos — ele em 1980, ela em 1986.
Foi na Austrália, entre o fim dos anos 1960 e início dos anos 1970, que Hazel teve contato com as idéias de Simone de Beauvoir. Ela chegou a entrevistar a escritora em 1976, em Paris, quando preparava sua tese de doutorado sobre Beauvoir e o existencialismo. O encontro foi intimidante, segundo Hazel. Afinal, ela estava diante de uma mulher que admirava por causa de sua relação de liberdade e estímulo intelectual com Sartre. E que muito havia contribuído para o desnudamento da condição feminina com ensaios como O Segundo Sexo, um de seus mais famosos. Mas, apesar de brilhantes, Sartre e Beauvoir eram “estranhamente inseguros”, explica Hazel Rowley, e sempre se sentiam agradecidos às pessoas que os amavam. A despeito da feiúra notória, Sartre era um grande sedutor. E não foram poucas as mulheres que ele amou e abandonou, embora algumas ele continuasse sustentando financeiramente, numa atitude tipicamente machista. Um machismo, porém, que ele jamais manifestou com Simone de Beauvoir, afirma Hazel Rowley. A notável cumplicidade do casal permitia que dividissem não somente interesses e preocupações, mas também amantes. E essa liberdade era exercida mediante um pacto incomum: eles contavam tudo um para o outro. Bonita, ícone do feminismo, Beauvoir era igualmente uma sedutora e teve muitos amantes homens, mas também se envolveu com mulheres, fato que ela sempre negou e que só se tornou público após a sua morte, com a divulgação de suas cartas. Hazel Rowley lecionou na Universidade de Iowa, Estados Unidos, e na Deakin University, Austrália, e é autora dos livros Richard Wright: The Life and Times e Christina Stead: A Biography. Para escrever o duplo retrato de Sartre e Beauvoir, ela realizou entrevistas originais e pesquisou centenas de cartas inéditas. “Jamais gostei tanto de ter escrito um livro“, disse nesta entrevista concedida por e-mail de Nova York, onde mora. Por que a senhora decidiu contar a história de Sartre e Beauvoir e focá-la no relacionamento do casal? Estudei francês no Sul da Austrália no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. Era o momento em que o movimento feminista estava no auge. Eu havia lido as memórias de Simone de Beauvoir e algumas de suas entrevistas, e fiquei muito inspirada. Ela parecia uma mulher realmente independente, e eu também queria viver daquela maneira. Eu gostava da idéia da relação livre, intelectualmente estimulante e mutuamente encorajadora que ela mantinha com Jean-Paul Sartre. Admirava o interesse deles pelas pessoas e pelo mundo, sua capacidade para trabalhar bastante, seu papel como intelectuais públicos e seu engajamento político. Tempos depois, já na meia idade, quis de repente examinar de novo aquela relação, e com mais objetividade. Era uma relação realmente admirável ou não? Beauvoir havia idealizado e representado em suas memórias? Eu queria conversar com os amantes e amigos do casal, para ver o que eles teriam a dizer. Eles foram o casal mais famoso do Século 20? Acho que sim. Eles ficaram famosos depois da Segunda Guerra Mundial, em outubro de 1945. Todos, no mundo inteiro, falavam dessa nova loucura, o “existencialismo” (mesmo que raramente entendessem o que isso significava). Sartre ficou famoso, e por algum tempo Beauvoir tornou-se famosa por causa dele. Mas depois ela adquiriu fama por seus próprios méritos, com a publicação do seu livro O Segundo Sexo, em 1949. Eles eram figuras muito controvertidas, de esquerda, e com sua literatura desafiaram as convenções sociais. Por isso muitos os odiavam. O Segundo Sexo foi considerado por muitos um livro chocante, o que levou Beauvoir a receber muitas cartas de ódio. Ela e Sartre se manifestaram contra a Guerra da Argélia (e contra o colonialismo em geral). Na França, durante os anos 1950 e início dos anos 1960, eles foram amplamente desprezados por essa posição. Como ocorreu o seu encontro com Simone de Beauvoir? Como se sentiu ao estar diante da mulher que a inspirou? Muito intimidada! Ela falava com muita rapidez — todos dizem isso a seu respeito —, e estávamos conversando em francês. Mas para mim foi também um momento muito importante. Naquela época, ela estava com 68 anos, e eu a achei ainda muito bonita. Naquele dia, ela não estava usando um turbante. Os cabelos estavam presos, o que dava a ela um visual melhor. E ela estava usando calça, enquanto que toda a vida havia usado vestidos, até aquele momento. Minhas perguntas foram respondidas automaticamente, e percebi que havia certas coisas sobre as quais ela não queria falar. Por exemplo, quando perguntei se ela e Sartre tinham alguma vez sentido ciúmes um do outro, ela respondeu: “Não, nunca!” Não acreditei totalmente nela, nem naquela ocasião (quando escrevi meu livro, anos depois, aquilo pareceu uma bobagem. Beauvoir algumas vezes sentia muito ciúme das outras namoradas de Sartre). Não parece contraditório que Beauvoir, que lutou por sua independência e tentou construir uma relação de igualdade com Sartre, fosse tão dependente dele? Não estou bem certa se ela era tão dependente dele. Sob alguns aspectos, acredito que ele precisou mais dela do que ela dele. Ele precisava dela como uma âncora, para lhe dar estabilidade. Algumas vezes Sartre esteve à beira da loucura. Nos anos 1950, ele estava muito deprimido, principalmente por causa da política. Ele bebia muito e tomava fartas doses de anfetaminas. Acabou se tornando completamente dependente de drogas. Acho que ele precisava de Beauvoir, que era uma espécie de figura materna, uma mulher que o conhecia muito bem e podia perdoá-lo infinitamente. Em termos de sua literatura, era maravilhoso que pudessem discutir suas idéias entre si. E que editassem o trabalho um do outro. Relações abertas não eram incomuns. O que fez com que a de Sartre e Beauvoir fosse tão diferente e famosa? É verdade, relações abertas não eram particularmente incomuns naquele tempo. Muitos amigos do casal levavam o mesmo tipo de vida. Hoje é algo incomum. O mundo se tornou mais conservador, em parte por causa da Aids. Porém, a maioria das pessoas que vivem relacionamentos abertos não conta tudo um para o outro, e com detalhes em technicolor! Mas Sartre e Beauvoir contavam tudo um para o outro. Isso lhes dava um sentimento de cumplicidade. Para escritores, isso era maravilhoso. Era quase como se cada um deles vivesse duas vidas. O que os tornou também famosos foram as memórias de Beauvoir. Ela despertou ainda mais o interesse sobre a vida dos dois escrevendo memórias sem fim sobre a vida do casal. Qual é o principal legado de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir para os casais atuais? Acho que eles eram um modelo de generosidade. Um nunca impedia o outro. Eles se encorajavam no verdadeiro sentido da palavra: dando coragem e liberdade um ao outro. E, como sabemos, não é fácil amar uma outra pessoa com a liberdade deles. Simone de Beauvoir trabalhou com afinco para controlar seu ciúme. Isso era algo admirável. Eles acreditavam que o ciúme é uma emoção natural, mas isso não quer dizer que o ciúme seja bom para uma relação. Como existencialistas, eles acreditavam que temos força de vontade para lutar contra certas emoções ou tendências negativas. As pessoas dizem: “Sou preguiçoso por natureza ”. Como existencialistas, Sartre e Beauvoir diriam: “ Ser preguiçoso é uma escolha sua!”. Certa vez Beauvoir comentou que Sartre adorava as mulheres complicadas, e acabava levando-as à loucura. Beauvoir tinha razão? Beauvoir e Sylvie Le Bon [filha adotiva de Simone] estavam brincando com Sartre quando disseram isso. É verdade que Sartre gostava de mulheres jovens, vulneráveis e neuróticas. Acredito que ele sofria do complexo de salvador. Ele se imaginava no comando de um grande cavalo branco, um cavaleiro numa armadura brilhante salvando pequenas mulheres indefesas. Esta fantasia o fazia se sentir poderoso, necessário. Mas no fundo disso tudo havia a insegurança de Sartre. Ele se sentia tão feio que sequer gostava de abordar as pessoas na rua para lhes pedir informações. Ele não queria impor seu corpo às pessoas. Suas namoradas eram com freqüência bem loucas. Elas já seriam loucas de início ou ele as tornava assim? Eis uma boa pergunta. Acho que ele gostava de fazer com que mulheres jovens ficassem dependentes dele, e a dependência não é boa para ninguém. Ele também gostava de provocar ciúmes em suas amantes. Acho que é neste ponto que Simone de Beauvoir é tão admirável. Em suas memórias ela escreveu que, por algum tempo, ela também se tornou dependente. Ela escreve com grande inteligência sobre a “mulher apaixonada” cuja vida gira em torno do seu homem. Mas, depois de alguns anos nessa condição, Beauvoir tomou as rédeas da situação. A longo prazo, ela não permitiu que Sartre a enfraquecesse. Ela preparou as coisas de modo que Sartre a tornasse forte. Muito habilidoso da parte dela, acho. Agora sabemos que Beauvoir mantinha relações com mulheres, as quais ela sempre negou. Não é uma postura surpreendente, dadas suas idéias filosóficas? É verdade, e eu não sei porque ela negou seus relacionamentos com mulheres. Isso é um pouco decepcionante. Acho que, em parte, porque ela via a si mesma fundamentalmente como heterossexual, e era assim que também se viam as mulheres com quem ela teve relações. Próximo do fim de sua vida, Beauvoir disse que gostaria de ter sido mais honesta sobre sua sexualidade, mas não poderia porque outras pessoas estavam envolvidas, e ela não se sentia livre para contar tudo. Tinha que ser discreta. A senhora teve acesso a cartas inéditas que lhe forneceram muito material para o seu livro. Muitas, porém, ainda não estão disponíveis. A senhora já imaginou que tipo de Sartre poderia estar oculto nessas cartas? É possível mudar o ponto de vista sobre ele com a leitura desse material inacessível? Examinei cartas de Sartre para quase todas as suas namoradas, e tenho certeza de que não restou nenhum Sartre oculto para ser descoberto. Vi centenas e centenas de cartas não publicadas, e acredito que agora conheço bastante bem o íntimo de Sartre. Imagine que Beauvoir e Sartre ainda estivessem vivos. Como eles enfrentariam alguns desafios atuais como o terrorismo, a Aids ou mesmo a revolução da vida virtual? Boa pergunta. Também me pergunto sobre essas coisas. Eles nunca usaram nem máquinas de escrever, imagine computadores! Sempre escreveram tudo à mão, e a vantagem é que podiam escrever em qualquer lugar : sob uma árvore, num café barulhento, qualquer lugar. Eles escreveram muitas cartas. Será que teriam freqüentado cibercafés em suas férias? Imagino que sim. Mas eles também apreciavam a sensualidade das canetas, da tinta, do papel. Cibercafés não são lugares sensuais. Isso teria sido uma perda para eles. Sobre a Aids: eles usariam preservativos. Uma amiga minha negra sul-africana, de 30 anos de idade, leu meu livro e ficou enormemente chocada com a vida sexual deles. Ela me disse: “Fico me perguntando se eles usavam preservativos!” A resposta é não, não usavam. Sobre o terrorismo: havia bastante terrorismo durante a Guerra da Argélia. Sartre não gostava do terrorismo, mas afirmava que entendia porque pessoas que têm uma causa justa, e não têm grandes exércitos ou equipamento militar, têm que recorrer a esta estratégia contra pessoas que têm essas coisas e que estão colonizando-as ou atacando-as injustamente. Não parece incrível que eles fossem tão vulneráveis em suas relações, apesar da força de suas idéias filosóficas? Sim. Tanto Beauvoir quanto Sartre eram estranhamente inseguros à maneira deles. Beauvoir muitas vezes afirmou que achava difícil combinar amor com independência. Estar apaixonada a tornava vulnerável, dependente do outro, atemorizada pela perda do amor daquela pessoa. Tanto ela quanto Sartre se sentiam agradecidos às pessoas que os amavam. A senhora estudou o existencialismo durante muito tempo. Como o livro a ajudou a compreendê-lo mais? Qual foi a importância de tê-lo escrito? Escrevi minha tese de doutorado sobre o existencialismo e Simone de Beauvoir nos anos 1970. De fato, sou interessada por esse assunto há muito tempo. É muito bom ter retornado a um tema que foi uma paixão anos atrás. Senti-me como se estivesse voltando para casa. Jamais gostei tanto de ter escrito um livro. Mesmo estando perfeitamente consciente de suas falhas, eu ainda admiro Sartre e Beauvoir. Ainda consigo aprender com eles. Simone de Beauvoir, em particular, me faz querer viver com mais coragem, engajamento e paixão. Ela me faz querer ler mais livros, viajar pelo mundo, me apaixonar de novo, assumir posições políticas mais firmes, escrever mais, trabalhar mais, atuar com mais intensidade e olhar com mais carinho para a beleza do mundo natural. Ela amava a natureza, era uma mulher muito sensível. A senhora esteve recentemente no Brasil para pesquisar sobre Cristina Tavares, a amante brasileira de Sartre. O que descobriu sobre ela? Eles não foram amantes. Cristina nunca dormiu com Sartre. Ele a cortejou vigorosamente. Tenho certeza que ele teria gostado de dormir com ela. Mas ela tinha 25 anos, era uma boa moça católica. Ele tinha 55 anos, e estava longe de ser bonito. Ela admirava Sartre e Beauvoir, não há dúvidas quanto a isso. Logo depois que deixou o Brasil, Sartre escreveu uma carta de onze páginas para ela, com uma longa lista de livros para ser lidos, a maioria sobre política. Cristina os encontrou de novo, diversas vezes, em Portugal e na França, permanecendo em contato com eles. Acho que Sartre podia perceber que ela era uma jovem especial, mesmo com apenas 25 anos. E ela provou ser muito especial, tornou-se uma importante congressista, uma pioneira da questão feminina no Brasil. Ela nunca se casou, era muito independente, atlética, tinha muitos amigos, e era fortemente engajada na política progressista brasileira. Tragicamente, morreu de câncer com apenas 50 anos. Sartre costumava terminar um relacionamento quando deixava de amar suas namoradas, embora continuasse ajudando-as financeiramente durante muito tempo. Esse comportamento não era uma espécie de machismo? Sim, acho que Sartre estava cheio de machismo. Mas, por mais estranho que pareça, não com Simone de Beauvoir! Eis mais uma razão porque sua relação é única e tão interessante. Se a senhora tivesse que escolher um livro de Simone de Beauvoir, qual seria? Por quê? Prefiro as memórias, mas, como são quatro volumes, não posso escolhê-las, mesmo achando o segundo volume especialmente interessante. Imagino que escolheria seu livro mais curto, Uma Morte Muito Suave, no qual ela fala da morte da sua mãe. O livro mostra a suavidade e sensibilidade de Beauvoir, algo que ela geralmente escondia. A dualidade “amores contingentes” e “amores necessários”, idealizada por Sartre, explica a relação dele com Beauvoir e deles com os outros? Não, não explica. Às vezes fico pensando que essa foi a forma que ele “vendeu” seu estilo de vida a Beauvoir, para torná-lo mais saboroso. Outras mulheres eram necessárias para Sartre, mas, conforme se revelou com o tempo, ninguém durou tanto ou foi tão íntimo quanto a relação de cinqüenta anos de Sartre com Beauvoir. E ninguém mais foi um par intelectual para eles, da forma que um foi para o outro. Sartre trouxe glamour para a filosofia, conduzindo-a a um nível importante no século 20. A filosofia ainda é necessária nos dias de hoje? Muito menos. Naquele tempo, os melhores e mais inteligentes alunos da França estudavam filosofia. Nos dias atuais a filosofia não tem o mesmo status. Naquela época, os filósofos acreditavam sinceramente que podiam mudar o mundo. Não acredito que os intelectuais tenham mais essa ilusão. Sartre tornou a filosofia “sexy” porque o existencialismo não era uma filosofia de torre de marfim. Era uma filosofia para ser aplicada à vida diária, uma filosofia que falava de liberdade, escolhas e auto-ilusão. Na época, era uma filosofia muito estimulante para as pessoas. São coisas ainda muito interessantes para nos fazer pensar. Sartre viveu muitas vidas, e se tornou mais engajado nos problemas do seu tempo à medida que envelhecia. Ele apoiou o movimento da independência da Argélia, e rompeu com o Partido Comunista Francês depois de 1956, quando a União Soviética invadiu a Hungria. Ele e Beauvoir se sentiram muito isolados naquela época, mas permaneceram lutando. Intelectuais como Sartre não são mais possíveis hoje? O mundo hoje está numa desordem desastrosa, e mais do que nunca precisamos de intelectuais públicos corajosos. Sartre viveu seus últimos dias dependendo das pessoas, aparentemente dominado pelas idéias do então jovem intelectual Benny Lévy. E de acordo com Beauvoir, em suas memórias, ela se sentiu enganada por Sartre. Eles fracassaram? Sartre estava dependente no final de sua vida porque estava cego. De 1973 até sua morte, em 1980, ele não podia ver. Isso significava que não podia ler, nem escrever. Ele precisava de pessoas que lessem para ele, e esse foi amplamente o trabalho de Benny Lévy. Eles tiveram longas conversas, que foram gravadas e publicadas por Lévy. Beauvoir sentiu que Lévy se aproveitou de um homem frágil e cego, e publicou idéias que não eram as de Sartre. Não sei se ela se sentiu enganada por Sartre, porém muito magoada com a hostilidade de Benny Lévy com ela. E com a hostilidade da jovem Arlette Elkaïm, que Sartre tinha adotado legalmente. Receio que o final do livro seja um pouco triste. Muitas pessoas me dizem que choraram quando leram sobre o funeral de Sartre. Beauvoir estava tão devastada, tão perdida, tão frágil. Eu mesma chorei, admito. _______________________ Para saber mais Descubra outros detalhes sobre o livro — podendo inclusive ler o primeiro capítulo dele —, visitando o site da Objetiva, editora que o publicou no Brasil. www.objetiva.com.br |
Marta Medeiros, entrevista
A escritora Martha Medeiros conversou com o G1 sobre o relacionamento de mulheres mais velhas com homens mais jovens. Para a autora de “Divã” - sobre uma mulher com mais de 40 anos que resolve fazer análise, história que chega em abril aos cinemas - todas as relações envolvem um certo interesse. Confira abaixo o bate-papo por e-mail:
G1: Você acredita que um amor entre um homem mais jovem e uma mulher com diferença de 30 anos pode dar certo?
Martha: Diferença de idade é uma coisa, diferença de geração é outra. O segundo caso é um pouco mais complicado, mas, ainda assim, se são dois adultos, devem saber o que querem da vida, ninguém é mais criança para se sentir enganado. Todas as relações envolvem um certo interesse, apesar de ser uma palavra feia. Um casal que tenha a mesma idade tem “interesse” em ter filhos, por exemplo. O que deve ser levado em conta nem é tanto a diferença de idade, e sim a diferença de necessidade: se um cara está se relacionando com uma mulher 20 ou 30 anos mais velha, não pode querer que ela lhe dê filhos, por exemplo. E essa mulher não pode querer que ele seja muito experiente ou lhe proporcione um alto padrão de vida. Podem se amar muito, mas não há mais espaço para ilusões. Essas relações, ao meu ver, funcionam enquanto os dois estão a fim de se divertir juntos. Aí, beleza.
G1: Enquanto homens que ficam com mulheres mais jovens são tidos como “garanhões”, quando são vistos com mulheres mais velhas são muitas vezes acusados de estarem apenas atrás de dinheiro ou fama. E em geral as mulheres são as primeiras a dar as primeiras “alfinetadas”. Como você vê esse preconceito?
Martha: Acho que homens muito mais velhos e mulheres muito mais velhas do que seus parceiros geralmente estão atrás de juventude, mesmo que inconscientemente. Relacionar-se com alguém bem mais jovem é um estímulo para que nos cuidemos mais, para que mantenhamos a vitalidade, para que tenhamos hábitos mais saudáveis. E esses parceiros que são bem mais jovens recebem em troca experiência, vivência, conhecimento, e se acaso receberem junto um padrão de vida mais elevado, tudo bem. Volto a dizer: não acredito que uma mulher de 60 com um garoto de 30 anos possa acusá-lo: “Ele se aproveitou de mim”. Que inocência é essa? Todo mundo aproveita a situação a seu modo, e isso não precisa ser lavrado em cartório, é um pacto silencioso. Quanto ao preconceito, é inevitável. Vem da falta de conhecimento de como funciona a engrenagem “por dentro”. Como todos os preconceitos.
Foto: Divulgação/ Editora Objetiva Martha é autora de “Divã”, sobre uma mulher com mais de 40 que resolve fazer análise (Foto: Divulgação/ Editora Objetiva)G1: Na sua opinião, por que as pessoas têm tanta dificuldade de acreditar nesse amor?
Martha: Inveja! (risos). Voltando a falar sério, as pessoas não têm que ficar julgando os outros. Que importância tem pra nós se Fulano e Sicrana estão juntos por amor, por tesão ou por dinheiro? É a vida deles. Ninguém está com o casal entre quatro paredes para saber que acordo selaram. Acho que é pura vontade de fofocar. Se olharem pro lado (ou até para dentro de suas próprias casas) verão que há muitos casais “convencionais” que estão juntos até hoje não por causa do amor, mas por conveniência, por preguiça, por medo da solidão e muitas vezes por dinheiro também.
G1: Os psicanalistas que conversei para esta reportagem contam que ainda é difícil para a mulher comum assumir esse tipo de relação. Muitas relutam, muitas vezes com vergonha dos filhos e da família. Você acredita que é mais fácil para celebridades expor um relacionamento com um homem mais novo? Elas acabam abrindo portas para as demais?
Martha: Deve ser difícil uma mulher comum assumir um homem muito mais jovem, mas se ela estiver apaixonada, ela vai enfrentar gregos e troianos. Geralmente são mulheres maduras que possuem independência financeira e cansaram de dar satisfação, agora querem aproveitar a vida que lhes resta da forma que bem quiserem. Sem falar que as mulheres têm investido muito em sua boa forma física e se tornou difícil adivinhar que idade elas têm - quase sempre aparentam menos. Mas que é mais fácil para as celebridades, sem dúvida. Cai tudo na vala da “excentricidade”.
G1: No relacionamento entre uma mulher de 65 anos e um rapaz de 25, qual seria a perspectiva dessa união numa década?
Martha: Mas quem está fazendo essa projeção? Só se forem os outros. O casal, certamente, não. Com uma diferença de quatro décadas, é mais provável que estejam renovando os “votos” a cada 24 horas, feito os frequentadores do AA (risos). A verdade é que ninguém tem bola de cristal: uma relação pode durar para sempre ou pode durar meses, em qualquer circunstância.
G1: Você acredita que um amor entre um homem mais jovem e uma mulher com diferença de 30 anos pode dar certo?
Martha: Diferença de idade é uma coisa, diferença de geração é outra. O segundo caso é um pouco mais complicado, mas, ainda assim, se são dois adultos, devem saber o que querem da vida, ninguém é mais criança para se sentir enganado. Todas as relações envolvem um certo interesse, apesar de ser uma palavra feia. Um casal que tenha a mesma idade tem “interesse” em ter filhos, por exemplo. O que deve ser levado em conta nem é tanto a diferença de idade, e sim a diferença de necessidade: se um cara está se relacionando com uma mulher 20 ou 30 anos mais velha, não pode querer que ela lhe dê filhos, por exemplo. E essa mulher não pode querer que ele seja muito experiente ou lhe proporcione um alto padrão de vida. Podem se amar muito, mas não há mais espaço para ilusões. Essas relações, ao meu ver, funcionam enquanto os dois estão a fim de se divertir juntos. Aí, beleza.
G1: Enquanto homens que ficam com mulheres mais jovens são tidos como “garanhões”, quando são vistos com mulheres mais velhas são muitas vezes acusados de estarem apenas atrás de dinheiro ou fama. E em geral as mulheres são as primeiras a dar as primeiras “alfinetadas”. Como você vê esse preconceito?
Martha: Acho que homens muito mais velhos e mulheres muito mais velhas do que seus parceiros geralmente estão atrás de juventude, mesmo que inconscientemente. Relacionar-se com alguém bem mais jovem é um estímulo para que nos cuidemos mais, para que mantenhamos a vitalidade, para que tenhamos hábitos mais saudáveis. E esses parceiros que são bem mais jovens recebem em troca experiência, vivência, conhecimento, e se acaso receberem junto um padrão de vida mais elevado, tudo bem. Volto a dizer: não acredito que uma mulher de 60 com um garoto de 30 anos possa acusá-lo: “Ele se aproveitou de mim”. Que inocência é essa? Todo mundo aproveita a situação a seu modo, e isso não precisa ser lavrado em cartório, é um pacto silencioso. Quanto ao preconceito, é inevitável. Vem da falta de conhecimento de como funciona a engrenagem “por dentro”. Como todos os preconceitos.
Foto: Divulgação/ Editora Objetiva Martha é autora de “Divã”, sobre uma mulher com mais de 40 que resolve fazer análise (Foto: Divulgação/ Editora Objetiva)G1: Na sua opinião, por que as pessoas têm tanta dificuldade de acreditar nesse amor?
Martha: Inveja! (risos). Voltando a falar sério, as pessoas não têm que ficar julgando os outros. Que importância tem pra nós se Fulano e Sicrana estão juntos por amor, por tesão ou por dinheiro? É a vida deles. Ninguém está com o casal entre quatro paredes para saber que acordo selaram. Acho que é pura vontade de fofocar. Se olharem pro lado (ou até para dentro de suas próprias casas) verão que há muitos casais “convencionais” que estão juntos até hoje não por causa do amor, mas por conveniência, por preguiça, por medo da solidão e muitas vezes por dinheiro também.
G1: Os psicanalistas que conversei para esta reportagem contam que ainda é difícil para a mulher comum assumir esse tipo de relação. Muitas relutam, muitas vezes com vergonha dos filhos e da família. Você acredita que é mais fácil para celebridades expor um relacionamento com um homem mais novo? Elas acabam abrindo portas para as demais?
Martha: Deve ser difícil uma mulher comum assumir um homem muito mais jovem, mas se ela estiver apaixonada, ela vai enfrentar gregos e troianos. Geralmente são mulheres maduras que possuem independência financeira e cansaram de dar satisfação, agora querem aproveitar a vida que lhes resta da forma que bem quiserem. Sem falar que as mulheres têm investido muito em sua boa forma física e se tornou difícil adivinhar que idade elas têm - quase sempre aparentam menos. Mas que é mais fácil para as celebridades, sem dúvida. Cai tudo na vala da “excentricidade”.
G1: No relacionamento entre uma mulher de 65 anos e um rapaz de 25, qual seria a perspectiva dessa união numa década?
Martha: Mas quem está fazendo essa projeção? Só se forem os outros. O casal, certamente, não. Com uma diferença de quatro décadas, é mais provável que estejam renovando os “votos” a cada 24 horas, feito os frequentadores do AA (risos). A verdade é que ninguém tem bola de cristal: uma relação pode durar para sempre ou pode durar meses, em qualquer circunstância.
Convivendo com os outros, de Paulo Coelho
Convivendo com os outros
Continue no deserto
- Por que o senhor vive no deserto?
- Porque não consigo ser o que desejo. Quando começo a ser eu mesmo, as pessoas me tratam com uma reverência falsa. Quando sou verdadeiro a respeito de minha fé, então elas que começam a duvidar. Todos acreditam que são mais santos que eu, mas fingem-se de pecadores com medo de insultar minha solidão. Procuram mostrar o tempo todo que me consideram um santo; e assim se transformam em emissários do demônio, me tentando com o Orgulho.
- Seu problema não é tentar ser quem é, mas aceitar os outros como são. E agir assim, é melhor continuar no deserto - disse o cavaleiro, afastando-se.
Perdoando os inimigos
O abade perguntou ao aluno preferido como ia seu progresso espiritual. O aluno respondeu que estava conseguindo dedicar a Deus todos os momentos de seu dia.
- Então, falta apenas perdoar os seus inimigos.
O rapaz ficou chocado:
- Mas não tenho raiva de meus inimigos!
- Você acha que Deus tem raiva de você?
- Claro que não!
- E mesmo assim você pede Seu perdão, não é verdade? Faça o mesmo com seus inimigos, mesmo que não sinta ódio por eles. Quem perdoa, está lavando e perfumando o próprio coração.
Porque deixar o homem para o sexto dia
Um grupo de sábios reuniu-se para discutir a obra de Deus; queriam saber por que havia deixado para criar o homem no sexto dia.
- Ele pensava em organizar bem o Universo, de modo que pudéssemos ter todas as maravilhas a nossa disposição - disse um.
- Ele quis primeiro fazer alguns testes com animais, de modo a não cometer os mesmos erros conosco - argumentou outro.
Um sábio judeu apareceu para o encontro. O tema da discussão lhe foi comunicado: “em sua opinião, por que Deus deixou para criar o homem no último dia?”
- Muito simples - comentou o sábio. - Para que, quando fossemos tocados pelo orgulho, pudéssemos refletir: até mesmo um simples mosquito teve prioridade no trabalho Divino.
O reino deste mundo
Um velho ermitão foi certa vez convidado para ir até a corte do rei mais poderoso daquela época.
- Eu invejo um homem santo, que se contenta com tão pouco – comentou o soberano.
- Eu invejo Vossa Majestade, que se contenta com menos que eu. Eu tenho a música das esferas celestes, tenho os rios e as montanhas do mundo inteiro, tenho a lua e o sol, porque tenho Deus na minha alma. Vossa Majestade, porém, tem apenas este reino.
Qual o melhor caminho
Quando perguntaram ao abade Antonio se o caminho do sacrifício levava ao céu, este respondeu:
-Existem dois caminhos de sacrifício. O primeiro é o do homem que mortifica a carne, faz penitência, porque acha que estamos condenados. Este homem sente-se culpado, e julga-se indigno de viver feliz. Neste caso, ele não chega a lugar nenhum, porque Deus não habita a culpa.
"O segundo é o do homem que, embora sabendo que o mundo não é perfeito como todos queríamos que fosse, reza, faz penitência, oferece seu tempo e seu trabalho para melhorar o ambiente ao seu redor. Neste caso, a Presença Divina o ajuda o tempo todo, e ele consegue resultados no Céu".
O trabalho na lavoura
O rapaz cruzou o deserto, e chegou finalmente ao mosteiro de Sceta. Ali, pediu para assistir uma das palestras do abade - e recebeu permissão.
Naquela tarde, o abade discorreu sobre a importância do trabalho na lavoura.
No final da palestra, o rapaz comentou com um dos monges:
- Fiquei muito impressionado. Achei que ia encontrar um sermão iluminado sobre as virtudes e os pecados, e o abade só falava de tomates, irrigação, e coisas assim. Do lugar aonde venho, todos acreditam que Deus é misericórdia: basta rezar.
O monge sorriu, e respondeu:
- Aqui, nós acreditamos que Deus já fez a parte Dele; agora cabe a nós continuar o processo.
Continue no deserto
- Por que o senhor vive no deserto?
- Porque não consigo ser o que desejo. Quando começo a ser eu mesmo, as pessoas me tratam com uma reverência falsa. Quando sou verdadeiro a respeito de minha fé, então elas que começam a duvidar. Todos acreditam que são mais santos que eu, mas fingem-se de pecadores com medo de insultar minha solidão. Procuram mostrar o tempo todo que me consideram um santo; e assim se transformam em emissários do demônio, me tentando com o Orgulho.
- Seu problema não é tentar ser quem é, mas aceitar os outros como são. E agir assim, é melhor continuar no deserto - disse o cavaleiro, afastando-se.
Perdoando os inimigos
O abade perguntou ao aluno preferido como ia seu progresso espiritual. O aluno respondeu que estava conseguindo dedicar a Deus todos os momentos de seu dia.
- Então, falta apenas perdoar os seus inimigos.
O rapaz ficou chocado:
- Mas não tenho raiva de meus inimigos!
- Você acha que Deus tem raiva de você?
- Claro que não!
- E mesmo assim você pede Seu perdão, não é verdade? Faça o mesmo com seus inimigos, mesmo que não sinta ódio por eles. Quem perdoa, está lavando e perfumando o próprio coração.
Porque deixar o homem para o sexto dia
Um grupo de sábios reuniu-se para discutir a obra de Deus; queriam saber por que havia deixado para criar o homem no sexto dia.
- Ele pensava em organizar bem o Universo, de modo que pudéssemos ter todas as maravilhas a nossa disposição - disse um.
- Ele quis primeiro fazer alguns testes com animais, de modo a não cometer os mesmos erros conosco - argumentou outro.
Um sábio judeu apareceu para o encontro. O tema da discussão lhe foi comunicado: “em sua opinião, por que Deus deixou para criar o homem no último dia?”
- Muito simples - comentou o sábio. - Para que, quando fossemos tocados pelo orgulho, pudéssemos refletir: até mesmo um simples mosquito teve prioridade no trabalho Divino.
O reino deste mundo
Um velho ermitão foi certa vez convidado para ir até a corte do rei mais poderoso daquela época.
- Eu invejo um homem santo, que se contenta com tão pouco – comentou o soberano.
- Eu invejo Vossa Majestade, que se contenta com menos que eu. Eu tenho a música das esferas celestes, tenho os rios e as montanhas do mundo inteiro, tenho a lua e o sol, porque tenho Deus na minha alma. Vossa Majestade, porém, tem apenas este reino.
Qual o melhor caminho
Quando perguntaram ao abade Antonio se o caminho do sacrifício levava ao céu, este respondeu:
-Existem dois caminhos de sacrifício. O primeiro é o do homem que mortifica a carne, faz penitência, porque acha que estamos condenados. Este homem sente-se culpado, e julga-se indigno de viver feliz. Neste caso, ele não chega a lugar nenhum, porque Deus não habita a culpa.
"O segundo é o do homem que, embora sabendo que o mundo não é perfeito como todos queríamos que fosse, reza, faz penitência, oferece seu tempo e seu trabalho para melhorar o ambiente ao seu redor. Neste caso, a Presença Divina o ajuda o tempo todo, e ele consegue resultados no Céu".
O trabalho na lavoura
O rapaz cruzou o deserto, e chegou finalmente ao mosteiro de Sceta. Ali, pediu para assistir uma das palestras do abade - e recebeu permissão.
Naquela tarde, o abade discorreu sobre a importância do trabalho na lavoura.
No final da palestra, o rapaz comentou com um dos monges:
- Fiquei muito impressionado. Achei que ia encontrar um sermão iluminado sobre as virtudes e os pecados, e o abade só falava de tomates, irrigação, e coisas assim. Do lugar aonde venho, todos acreditam que Deus é misericórdia: basta rezar.
O monge sorriu, e respondeu:
- Aqui, nós acreditamos que Deus já fez a parte Dele; agora cabe a nós continuar o processo.
contra-ataque do amor: Paris, avec amour!
contra-ataque do amor: Paris, avec amour!: Amor tem lugar, talvez, tem vez, hora de suspirar, sonhar em francês! Assim , quem sabe, o sentimento é momento único, enfim. Amo...
quarta-feira, 26 de março de 2014
A SEPARAÇÃO DOS AMANTES
A SEPARAÇÃO DOS AMANTES
https://www.youtube.com/watch?v=ejPF3oZGiwU&feature=youtube_gdata_player
Há muitos anos, quando desfizera um longo casamento, li um livro de um psiquiatra italiano, " A separação dos amantes " , no qual ele analisava a sensação de viuvez que cada rompimento amoroso provoca. O tal vazio de sonhos, a morte de expectativas e os vários graus de dificuldades que algumas pessoas atravessam para superar etapas até se acostumarem a viver sem o convívio dos seres amados.
Há, segundo o autor, momentos de retrocesso, do gênero de se tentar voltar atrás apesar de inúmeras impossibilidades, que vão desde a real separação pela morte de um dos parceiros até o desligamento resultante pelo desgaste de relações ou ao impedimento de ordem psico moralista que bloqueia por exemplo relacionamentos extra conjugais ou triangulares.
Entretanto, em tempos modernos, de certo modo, passaram a figurar como possibilidades incluidas como normais, por exemplo, os ditos casamentos abertos, e ainda, a aceitação civil e jurídica que a homo afetividade conquista nas sociedades que avançam na direção de famílias cuja formação foge aos padrões tradicionais e envelhecidos.
Pareceria uma solução humanamente reconfortante se cada homem ou mulher se desvencilhasse do vício da posse e dos arroubos ciumentos ao exercer o doce êxtase amoroso, sem a preocupação de amarras ou apropriação dos sentimentos alheios que exigem a tal dedicação exclusiva e em tempo integral, numa vida curta, passageira, ondulante e imprevisível.
Quantos sofrimentos seriam poupados e até crimes passionais evitados na medida que nossas posturas afetivo-sociais fossem formadas para aceitar pessoas e suas diferenciadas visões de mundo, sem que nos atrevéssemos a interferir ou tentar controlar passos, decisões, gostos, escolhas, etc, respeitando a liberdade de ser que nossos cônjuges, parceiros, namorados, eventuais seres amados tem direito de exercer, usufruir e decidir de acordo com seus desejos, sentimentos e traços pessoais que os tornam únicas matrizes e jamsis nossas filiais.
Como diz essa canção do Roberto Carlos, se o amor se vai, nossos sentimentos são de tristeza, instala-se o vazio, sonhamos com a volta, que nem sempre é possível, mas, se o amor está, o que se pode e deve fazer é valorizar cada instante de troca feliz, tornar cada momento um prêmio e cada encontro um bem eterno que permanecerá em nossas almas e corações, como uma tatuagem, marcas de doação, sorrisos de conquistas, abraços de aconchego, beijos de amor, paixão, carinho, e, se houver o adeus, este será pleno de saudades e agradecimentos pelo que tiver sido possível desfrutar de bom, juntos.
Quando um amor se vai, como abandonar totalmente a alegria de te-lo vivido? Se um dia ele, o amor veio, fez morada em nossos sonhos, cresceu dentro de nós, semeou alegrias e prazeres. Também, pequenos detalhes que inundaram nossos dias e noites de esperanças e tantas vezes nos fizeram lutar junto das criaturas amadas para superar dificuldades, vencer obstáculos, ultrapassar apreensoes ou até derrotas.
Por que não aceitar então que o amor voe em direção ao infinito, deixando-nos um rastro luminoso de crescimento, o aprendizado saudável de amar sem necessidade de limitar sentidos a parâmetros que sufocam ou tiram o brilho mágico desse dom maravilhoso.
Se o amor se vai, com certeza, leva com ele um pedacinho da gente, mas, em contrapartida, nos lega segredos de felicidades vividas, os tais detalhes tão pequenos de nós dois, aliás, de nós todos! Aqueles, que nos acompanharão para sempre!
Cida Torneros
https://www.youtube.com/watch?v=ejPF3oZGiwU&feature=youtube_gdata_player
Há muitos anos, quando desfizera um longo casamento, li um livro de um psiquiatra italiano, " A separação dos amantes " , no qual ele analisava a sensação de viuvez que cada rompimento amoroso provoca. O tal vazio de sonhos, a morte de expectativas e os vários graus de dificuldades que algumas pessoas atravessam para superar etapas até se acostumarem a viver sem o convívio dos seres amados.
Há, segundo o autor, momentos de retrocesso, do gênero de se tentar voltar atrás apesar de inúmeras impossibilidades, que vão desde a real separação pela morte de um dos parceiros até o desligamento resultante pelo desgaste de relações ou ao impedimento de ordem psico moralista que bloqueia por exemplo relacionamentos extra conjugais ou triangulares.
Entretanto, em tempos modernos, de certo modo, passaram a figurar como possibilidades incluidas como normais, por exemplo, os ditos casamentos abertos, e ainda, a aceitação civil e jurídica que a homo afetividade conquista nas sociedades que avançam na direção de famílias cuja formação foge aos padrões tradicionais e envelhecidos.
Pareceria uma solução humanamente reconfortante se cada homem ou mulher se desvencilhasse do vício da posse e dos arroubos ciumentos ao exercer o doce êxtase amoroso, sem a preocupação de amarras ou apropriação dos sentimentos alheios que exigem a tal dedicação exclusiva e em tempo integral, numa vida curta, passageira, ondulante e imprevisível.
Quantos sofrimentos seriam poupados e até crimes passionais evitados na medida que nossas posturas afetivo-sociais fossem formadas para aceitar pessoas e suas diferenciadas visões de mundo, sem que nos atrevéssemos a interferir ou tentar controlar passos, decisões, gostos, escolhas, etc, respeitando a liberdade de ser que nossos cônjuges, parceiros, namorados, eventuais seres amados tem direito de exercer, usufruir e decidir de acordo com seus desejos, sentimentos e traços pessoais que os tornam únicas matrizes e jamsis nossas filiais.
Como diz essa canção do Roberto Carlos, se o amor se vai, nossos sentimentos são de tristeza, instala-se o vazio, sonhamos com a volta, que nem sempre é possível, mas, se o amor está, o que se pode e deve fazer é valorizar cada instante de troca feliz, tornar cada momento um prêmio e cada encontro um bem eterno que permanecerá em nossas almas e corações, como uma tatuagem, marcas de doação, sorrisos de conquistas, abraços de aconchego, beijos de amor, paixão, carinho, e, se houver o adeus, este será pleno de saudades e agradecimentos pelo que tiver sido possível desfrutar de bom, juntos.
Quando um amor se vai, como abandonar totalmente a alegria de te-lo vivido? Se um dia ele, o amor veio, fez morada em nossos sonhos, cresceu dentro de nós, semeou alegrias e prazeres. Também, pequenos detalhes que inundaram nossos dias e noites de esperanças e tantas vezes nos fizeram lutar junto das criaturas amadas para superar dificuldades, vencer obstáculos, ultrapassar apreensoes ou até derrotas.
Por que não aceitar então que o amor voe em direção ao infinito, deixando-nos um rastro luminoso de crescimento, o aprendizado saudável de amar sem necessidade de limitar sentidos a parâmetros que sufocam ou tiram o brilho mágico desse dom maravilhoso.
Se o amor se vai, com certeza, leva com ele um pedacinho da gente, mas, em contrapartida, nos lega segredos de felicidades vividas, os tais detalhes tão pequenos de nós dois, aliás, de nós todos! Aqueles, que nos acompanharão para sempre!
Cida Torneros
CRÔNICA / SONHOS
A NOVELA E PARIS
Aparecida Torneros
As cenas se passam na escadaria da Catedral de Montmatre, o casal protagonista da novela das oito, em lua de mel, observa Paris do alto da colina.
Enquanto trocam carinhos, fazem promessas de amor, já que a vida nos é passada em sua eterna novela, e vivê-la é sonhar, é rodar um filme, é projetar desejos, é aspirar felizes momentos e imortais realizações.
Paris tem essa propriedade: exacerba a capacidade humana de sonharmos acordados, impõe felicidade aos olhares, indica êxtases, convida a experimentarmos o que antes nos pareceria improvável. Paris nos permite o proibido, nos incita ao que é misterioso, tem em sua aura de luminosidade, o segredo dos grandes amores, Paris é a festa dos corações, é o berço das paixões arrebatadoras, Paris é sempre Paris.
Ali, quem não ousa esperar o gênio da lâmpada que, a qualquer momento nos brindará com a imagem de uma obra de arte, ou com a canção das ruas, com a boemia dos insones ou com o cântico dos enluarados. Paris tem sabor de vida vivida, realmente, naquela cidade, um conjunto de fatores concorre para que o mundo se ajoelhe e agradeça.
E quem não se intimida pela paisagem dos barcos que singram as águas do rio Sena, enquanto o mundo gira ao seu redor? E o centro do universo se resume a um toque de mãos nalguma cintura, ou ao abraço manso de um casal que planta a semente do amanhã, antevendo filhos e netos, criando situações de futuro, ao mesmo tempo em que o presente os invade com sofreguidão.
Assim é Paris, intensa e repleta, infestada de turistas, circulante com sua população nativa e seus imigrantes sazonais, irreverente nas suas calçadas de cafés e gente sentada a ler e conversar. Paris parece não ter pressa, e, no entanto ela corre através do tempo perpetuando sentimentos, explodindo em shows noturnos, acariciando lembranças, organizando memórias, superando-se.
Paris alucina? Alguém já disse. Paris é uma festa? É público e notório o seu contentamento onde se festeja a vida e a luxúria, o prazer e o luxo, o amor e a alegria. Paris está em chamas? Constantemente, historicamente, socialmente, e até, ideologicamente.
Paris não sai de moda. Paris não se cansa de provocar sonhos nas pessoas de todos os cantos do mundo que a ela vão pedir a bênção dos deuses da fantasia. Em Paris, toma-se o elixir da inquietação para se curar a ressaca de qualquer embriaguez, principalmente daquela que corresponde à viagem entorpecente que a cidade oferece.
Nada mais justo que uma novela, como já se viu em tantos livros e filmes, mostrar um casal em lua de mel no coração de Paris. É que o amor vivido em Paris é símbolo de encontro eterno, como eternos são os sonhos humanos que atravessam gerações aquecendo as almas, ou melhor, iluminando-as, tendo como fundo a Torre Eifel e como moldura, o céu parisiense.
Só me cabe lembrar que em Paris deixei um inesquecível olhar preso no horizonte, e lá, voltarei para desvendar o alcance da minha mirada, a cada manhã de primavera, ao lado de quem é capaz de me fazer ampliar minha visão do mundo.
Cida Torneros, escritora e jornalista, mora no Rio de Janeiro, onde edita o site A Mulher Necessária (http://blogdamulhernecessaria.blogspot.com)
A NOVELA E PARIS
Aparecida Torneros
As cenas se passam na escadaria da Catedral de Montmatre, o casal protagonista da novela das oito, em lua de mel, observa Paris do alto da colina.
Enquanto trocam carinhos, fazem promessas de amor, já que a vida nos é passada em sua eterna novela, e vivê-la é sonhar, é rodar um filme, é projetar desejos, é aspirar felizes momentos e imortais realizações.
Paris tem essa propriedade: exacerba a capacidade humana de sonharmos acordados, impõe felicidade aos olhares, indica êxtases, convida a experimentarmos o que antes nos pareceria improvável. Paris nos permite o proibido, nos incita ao que é misterioso, tem em sua aura de luminosidade, o segredo dos grandes amores, Paris é a festa dos corações, é o berço das paixões arrebatadoras, Paris é sempre Paris.
Ali, quem não ousa esperar o gênio da lâmpada que, a qualquer momento nos brindará com a imagem de uma obra de arte, ou com a canção das ruas, com a boemia dos insones ou com o cântico dos enluarados. Paris tem sabor de vida vivida, realmente, naquela cidade, um conjunto de fatores concorre para que o mundo se ajoelhe e agradeça.
E quem não se intimida pela paisagem dos barcos que singram as águas do rio Sena, enquanto o mundo gira ao seu redor? E o centro do universo se resume a um toque de mãos nalguma cintura, ou ao abraço manso de um casal que planta a semente do amanhã, antevendo filhos e netos, criando situações de futuro, ao mesmo tempo em que o presente os invade com sofreguidão.
Assim é Paris, intensa e repleta, infestada de turistas, circulante com sua população nativa e seus imigrantes sazonais, irreverente nas suas calçadas de cafés e gente sentada a ler e conversar. Paris parece não ter pressa, e, no entanto ela corre através do tempo perpetuando sentimentos, explodindo em shows noturnos, acariciando lembranças, organizando memórias, superando-se.
Paris alucina? Alguém já disse. Paris é uma festa? É público e notório o seu contentamento onde se festeja a vida e a luxúria, o prazer e o luxo, o amor e a alegria. Paris está em chamas? Constantemente, historicamente, socialmente, e até, ideologicamente.
Paris não sai de moda. Paris não se cansa de provocar sonhos nas pessoas de todos os cantos do mundo que a ela vão pedir a bênção dos deuses da fantasia. Em Paris, toma-se o elixir da inquietação para se curar a ressaca de qualquer embriaguez, principalmente daquela que corresponde à viagem entorpecente que a cidade oferece.
Nada mais justo que uma novela, como já se viu em tantos livros e filmes, mostrar um casal em lua de mel no coração de Paris. É que o amor vivido em Paris é símbolo de encontro eterno, como eternos são os sonhos humanos que atravessam gerações aquecendo as almas, ou melhor, iluminando-as, tendo como fundo a Torre Eifel e como moldura, o céu parisiense.
Só me cabe lembrar que em Paris deixei um inesquecível olhar preso no horizonte, e lá, voltarei para desvendar o alcance da minha mirada, a cada manhã de primavera, ao lado de quem é capaz de me fazer ampliar minha visão do mundo.
Cida Torneros, escritora e jornalista, mora no Rio de Janeiro, onde edita o site A Mulher Necessária (http://blogdamulhernecessaria.blogspot.com)
Por que não consigo namorar? (reproduzido do site Yahoo Brasil)
Por que não consigo namorar?
Seg, 07 Jun, 08h29
Por Isis Nóbile Diniz, da redação Yahoo! Brasil
Vale recorrer a tudo quanto é simpatia. A Santo Antônio mergulhado de cabeça dentro de copo de água. A escrever seu próprio nome com caneta vermelha na barra do vestido da amiga quando ela sair para namorar e depois ir para a balada com a peça. Até a antiga, mas dizem que não menos infalível, amarrar o nome do pretendente na boca do sapo. Tudo no desespero para conseguir um namorado ou namorada. Quando nada disso dá certo, nem o pensamento positivo, surge a dúvida angustiada: por que eu não consigo namorar?
A arquiteta Carolina*, 31 anos, é bonita, bem sucedida profissionalmente e extrovertida. Sai sempre com os amigos - que não são poucos - e convive muito bem com a família. Ela namorou sério apenas uma vez, há oito anos. Não é de ficar com qualquer pessoa e gosta de se envolver com homens por quem sente atração. Carolina diz estar aberta para namorar, mas não consegue. "Têm muita mulher solteira por aí e, além disso, os homens estão amadurecendo mais tarde. Os da minha idade não estão coniventes com uma cabeça de 30 anos", analisa a arquiteta. A frase que ela mais ouve, tanto dos "pretês" quanto dos amigos falando para as interessadas neles, é: "Estou curtindo, não quero nada sério".
Boicote
Muitas atitudes podem afastar um possível amor. Mas, de acordo com especialistas, todas possuem algo em comum: o auto boicote. Na maioria das vezes inconscientemente, as pessoas têm medo de sofrer, do rompimento ou até mesmo de experimentar o afeto. Segundo a psicóloga Jacy Bastos Torres Lima, especialista em relacionamentos e coordenadora do Grupo para Orientação para Descasados (Godes), em São Paulo, assim, sem perceber, transferem esse temor para suas atitudes. "Um exemplo comum é a busca pelo príncipe encantado. A pessoa não fica com qualquer um na espera dele aparecer. Só que ele não existe", explica Jacy. "Por trás disso, pode estar o medo e a insegurança de se relacionar", completa.
Carolina, a arquiteta que não arruma um namorado, confessa que possui personalidade forte e é um pouquinho exigente: "Além daquelas características mínimas como ser trabalhador, sincero e companheiro, gosto de homem inteligente, com raciocínio rápido. Quanto ao físico, presto atenção na boca". Ainda lembra que não é de dar fora. "Porque deixo claro quando não estou afim da pessoa. Não dou abertura para me pedir em namoro se está óbvio que não quero", afirma. Para Jacy, as pessoas exigentes ou fechadas - este pode ser o caso da Carolina - devem avaliar o porquê dessa atitude. "Pode ser medo de sofrer", conta.
Experiências desastrosas
Alexadre Bez, psicólogo especializado em relacionamento pela Universidade de Miami, Estados Unidos, e Membro da Associação Psicológica Americana (APA), revela que muitas pessoas tentam entrar em relacionamentos sem perceber que estão traumatizadas. "Elas têm receio de envolvimento emocional porque já sofreram no passado, mas nem se dão conta", afirma. Para ele, um exemplo típico de equívoco é o ditado popular "os opostos se atraem". "Nada disso. Em algum momento essa pessoa ficou traumatizada com alguém que tem tudo a ver com ela e buscou um oposto daquilo", conta Bez. O trauma não é, necessariamente, derivado de uma relação a dois. Pode ter sido causado por experiências desagradáveis em família.
Outro caso que pode representar boicote em forma de autodefesa é sempre se relacionar com pessoas que provavelmente não vão se envolver. "Tem gente, por exemplo, que só gosta do famoso 'malandro'", afirma Bez. "No fundo, a pessoa sabe que ele não vai assumir, mas se engana, cria uma ilusão de que pode ficar com ele", completa Bez. "Se as escolhas são sempre desastrosas, a pessoa deve repensar quem ela deixa se aproximar da vida dela", Jacy dá a dica.
Esse é o caso de Luísa*. A publicitária de 29 anos até consegue engatar um namoro. Só que não passa do primeiro mês. Ela assume que é insegura e que faz questão de demonstrar o quanto está afim da pessoa. Tanto, que passa do limite. E, quando os caras estão completamente apaixonados por Luísa, é ela quem desiste da relação. "Tem gente que, quando possui mais intimidade com alguém, se sente tão livre que transfere para o outro questões emocionais mal resolvidas em outras situações", explica Jacy. A pessoa no começo do namoro é uma, depois vira outra. "Tudo bem que o outro tem que aceitar você do jeito que é, mas todos devem ter autocrítica, perceber quando transfere para o outro uma maior cobrança, por exemplo", afirma a psicóloga.
Desse modo, é preciso ter consciência de quem você deixa se aproximar da sua vida e como se relaciona com os pretendentes. "Tem gente que não tem critério, que é como um vira-lata. Basta fazer carinho para se dar todo", afirma Jacy. Os psicólogos ressaltam que todos devem limpar as migalhas - rolos mal resolvidos, não se envolver com pessoas já compromissadas - e focar no que quer. Se permitir conhecer as pessoas, mas sem se entregar totalmente. "Entrar de cabeça em uma relação pode causar uma frustração muito grande", conta Bez. Também não depositar no outro - seja pretê ou namorado - a felicidade da vida. "Nunca gravite em cima de uma pessoa. Sua vida é muito mais que isso. São os amigos, as baladas, a academia, o trabalho, o curso", diz Jacy. O importante é curtir até que, quando menos esperar, o amor estará ao seu lado.
* Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas.
Seg, 07 Jun, 08h29
Por Isis Nóbile Diniz, da redação Yahoo! Brasil
Vale recorrer a tudo quanto é simpatia. A Santo Antônio mergulhado de cabeça dentro de copo de água. A escrever seu próprio nome com caneta vermelha na barra do vestido da amiga quando ela sair para namorar e depois ir para a balada com a peça. Até a antiga, mas dizem que não menos infalível, amarrar o nome do pretendente na boca do sapo. Tudo no desespero para conseguir um namorado ou namorada. Quando nada disso dá certo, nem o pensamento positivo, surge a dúvida angustiada: por que eu não consigo namorar?
A arquiteta Carolina*, 31 anos, é bonita, bem sucedida profissionalmente e extrovertida. Sai sempre com os amigos - que não são poucos - e convive muito bem com a família. Ela namorou sério apenas uma vez, há oito anos. Não é de ficar com qualquer pessoa e gosta de se envolver com homens por quem sente atração. Carolina diz estar aberta para namorar, mas não consegue. "Têm muita mulher solteira por aí e, além disso, os homens estão amadurecendo mais tarde. Os da minha idade não estão coniventes com uma cabeça de 30 anos", analisa a arquiteta. A frase que ela mais ouve, tanto dos "pretês" quanto dos amigos falando para as interessadas neles, é: "Estou curtindo, não quero nada sério".
Boicote
Muitas atitudes podem afastar um possível amor. Mas, de acordo com especialistas, todas possuem algo em comum: o auto boicote. Na maioria das vezes inconscientemente, as pessoas têm medo de sofrer, do rompimento ou até mesmo de experimentar o afeto. Segundo a psicóloga Jacy Bastos Torres Lima, especialista em relacionamentos e coordenadora do Grupo para Orientação para Descasados (Godes), em São Paulo, assim, sem perceber, transferem esse temor para suas atitudes. "Um exemplo comum é a busca pelo príncipe encantado. A pessoa não fica com qualquer um na espera dele aparecer. Só que ele não existe", explica Jacy. "Por trás disso, pode estar o medo e a insegurança de se relacionar", completa.
Carolina, a arquiteta que não arruma um namorado, confessa que possui personalidade forte e é um pouquinho exigente: "Além daquelas características mínimas como ser trabalhador, sincero e companheiro, gosto de homem inteligente, com raciocínio rápido. Quanto ao físico, presto atenção na boca". Ainda lembra que não é de dar fora. "Porque deixo claro quando não estou afim da pessoa. Não dou abertura para me pedir em namoro se está óbvio que não quero", afirma. Para Jacy, as pessoas exigentes ou fechadas - este pode ser o caso da Carolina - devem avaliar o porquê dessa atitude. "Pode ser medo de sofrer", conta.
Experiências desastrosas
Alexadre Bez, psicólogo especializado em relacionamento pela Universidade de Miami, Estados Unidos, e Membro da Associação Psicológica Americana (APA), revela que muitas pessoas tentam entrar em relacionamentos sem perceber que estão traumatizadas. "Elas têm receio de envolvimento emocional porque já sofreram no passado, mas nem se dão conta", afirma. Para ele, um exemplo típico de equívoco é o ditado popular "os opostos se atraem". "Nada disso. Em algum momento essa pessoa ficou traumatizada com alguém que tem tudo a ver com ela e buscou um oposto daquilo", conta Bez. O trauma não é, necessariamente, derivado de uma relação a dois. Pode ter sido causado por experiências desagradáveis em família.
Outro caso que pode representar boicote em forma de autodefesa é sempre se relacionar com pessoas que provavelmente não vão se envolver. "Tem gente, por exemplo, que só gosta do famoso 'malandro'", afirma Bez. "No fundo, a pessoa sabe que ele não vai assumir, mas se engana, cria uma ilusão de que pode ficar com ele", completa Bez. "Se as escolhas são sempre desastrosas, a pessoa deve repensar quem ela deixa se aproximar da vida dela", Jacy dá a dica.
Esse é o caso de Luísa*. A publicitária de 29 anos até consegue engatar um namoro. Só que não passa do primeiro mês. Ela assume que é insegura e que faz questão de demonstrar o quanto está afim da pessoa. Tanto, que passa do limite. E, quando os caras estão completamente apaixonados por Luísa, é ela quem desiste da relação. "Tem gente que, quando possui mais intimidade com alguém, se sente tão livre que transfere para o outro questões emocionais mal resolvidas em outras situações", explica Jacy. A pessoa no começo do namoro é uma, depois vira outra. "Tudo bem que o outro tem que aceitar você do jeito que é, mas todos devem ter autocrítica, perceber quando transfere para o outro uma maior cobrança, por exemplo", afirma a psicóloga.
Desse modo, é preciso ter consciência de quem você deixa se aproximar da sua vida e como se relaciona com os pretendentes. "Tem gente que não tem critério, que é como um vira-lata. Basta fazer carinho para se dar todo", afirma Jacy. Os psicólogos ressaltam que todos devem limpar as migalhas - rolos mal resolvidos, não se envolver com pessoas já compromissadas - e focar no que quer. Se permitir conhecer as pessoas, mas sem se entregar totalmente. "Entrar de cabeça em uma relação pode causar uma frustração muito grande", conta Bez. Também não depositar no outro - seja pretê ou namorado - a felicidade da vida. "Nunca gravite em cima de uma pessoa. Sua vida é muito mais que isso. São os amigos, as baladas, a academia, o trabalho, o curso", diz Jacy. O importante é curtir até que, quando menos esperar, o amor estará ao seu lado.
* Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas.
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