Maracanã

Maracanã

sexta-feira, 28 de março de 2014

Alguém me espera em Paris!



Março de 2014, manhã de quinta-feira,  27 de março,  o telefone toca. É bem cedo ainda. Olho o número no visor e vejo que a ligação é internacional. Atendo e ouço: -Ces' t moi!
Fico surpresa, meu amigo Ahmed já não me ligava há uns 2 anos, costuma me escrever esporadicamente, jamais conversamos via msn ou skype. Mas, através de um site francês sobre pontos culturais em comum, já trocamos considerações sobre arte, música,  politica, história e noticias de nossas vidas pessoais.
Sempre dizemos que logo nos veremos em Paris. Mas, por várias circunstâncias,  isso vai sendo adiado.
No telefonema de ontem, ele repetiu várias vezes que me espera!
Fiquei feliz de ouvir sua voz, tão simpática, carinhosa e acolhedora.  Sei que realmente Ahmed me espera,  com amor comum, amor amigo, sem muitas expectativas,  com vontade de me ver, de me ouvir praticar o meu parco francês,  que ontem ele elogiou. Acho que progredi nos meus estudos  e  me expresso bem melhor agora. Há cerca de um ano, escrevi um artigo sobre nós,  pessoas que conservam corações de estudantes, sendo sessentoes, e trazemos esperança e alegria de viver nas almas, apesar das dificuldades ou decepções que a vida nos tem oferecido.
Repeti muitos Mercis! Recebi e enviei muitos Bisous!  Recomecei a me imaginar viajando de novo para Paris, quem sabe em 2015? Afinal, alguém me espera em Paris! Alguém que me propõe somente isso: nos encontrarmos ali um dia desses, talvez um café,  um concerto, uma exposição de arte, um passeio pelo Jardim de Luxemburgo, uma subidinha na Torre Eifel e um fim de tarde à beira do Sena, olhando o tempo passar!
Cida Torneros

Postado em 02-03-2013
Cida Torneros: Divagações de um coração de estudante (aos 60) na manhã chuvosa de sábado no Rio, enquanto o amigo (também sessentão) a espera em Paris


————————————————————
Corações de estudantes entre Rio e Paris ( em Março de 2013)
Maria Aparecida Torneros

Acordo as 4.. muita tosse.. um pouco de asma. preparo um chá com leite
quente. Ando muito descompensada ultimamente. Tenho dificuldade de lidar
com mamãe cujos 86 projetam lamentos e me fazem questionar tanta coisa.
Na minha caixa de emails um tem sabor de juventude. Meu amigo de Paris me
espera e pergunta quando irei encontra-lo. Diz também que pretende vir
comigo e finalmente conhecer o Brasil.
Ambos somos sessentoes com sede jovem de viver. Ele pinta aquarelas desde a aposentadoria. Paisagens de sonhos. Eu costumo escrever versos e crônicas. Mas quando me dedico vou aumentando os capítulos do meu primeiro romance. Como título por enquanto,”o romance do oasis perdido”. A história se passa entre Egito+ França e meu país que é mesmo um oasis quando se pensa em tantos destinos para os que sonham vir ao Brasil.
Pois quem nasceu aqui e sonhou com uma terra justa e igualitaria em
oportunidades, como eu e tantos da minha geração, parece que ainda há tanto por fazer e muito mais para lutar!
Minha tosse se acalma e ouço no radinho a canção certa: coração de
estudante com Milton Nascimento, o autor, e roberto Carlos, assiim juntos
me passando mensagem clara: nova aurora novo dia, há que se cuidar do
broto. De dentro de mim brotam sentimentais lembranças do final dos anos
60. nós éramos estudantes secundaristas e íamos nas passeatas para
protestar. Meninos como o Wladimir e o Zé Dirceu nos inspiraram com seus
discursos e foi ali que aprendi a correr da polícia e a seguir em frente.
Nesta manhã chuvosa de um sábado no século XxI percebo que meu coração de estudante ainda sonha muito com gosto de juventude e se houver chance quem sabe vou encontrar o tal oasis que está escondido em algum deserto africano ou na caatinga brasileira. O fato é que preciso responder ao meu amigo Ahmed, argelino-frances que irei a Paris logo e que ele venha comigo para que eu lhe mostre um lugar assim intenso e jovem mas ainda tão necessitado de cuidar do broto ! O Brasil que vou lhe apresentar guarda muitos oasis para almas sedentas de justiça e de fé. Talvez o desáfio seja ultrapassar os caminhos poeirentos e nublados entre nossos jovens sonhos e nossas maduras observações.

Cida Torneros, jornalista e escriIora, mora no Rio de Janeiro. Colaboradora da primeira hora do BP
(1) Comentário    Read More
Comentários

regina on 2 março, 2013 at 18:45 #
Cida, minha querida, quem inventou o amor não fui eu, nem você, nem ninguém, ele existe e pronto!!!! Essa energia que nos mantém vivos e saltitantes, como pipocas no calor do fogo, é o que interessa na vida… Vá atrás dele onde quer que esteja e desfrute cada minuto, a vida é curta!!!!!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Todas as vezes em que viajamos ao encontro de um sonho, alguém, do outro lado, também nos espera para realuzar sonho semelhante!