...quando o amor voltou, trouxe com ele tantos girassóis...
parecia que o mundo se coloria de novo, como a gema do ôvo,
era um vento nobre, uma aragem na paisagem insólita,
nem se podia cheirar profundo, pois todo o amor do mundo,
ali estava, na flor brejeira, em cada uma delas, campos ou lençóis,
tapetes florais, rosas, papoulas, tulipas, margaridas...
... quando o amor voltou, trouxe com ele tantos de nós,
aqueles lados misteriosos, os pendores obscuros, altos muros,
todos a serem derrubados, preconceitos, medos, mágoas,
tudo a ser lavado com as tempestades, muitas águas,
lágrimas misturadas, sorrisos renascentes, abraços seguros...
... quando o amor voltou, trouxe com ele novamente o prazer de ser
o desejo de estar junto, a necessidade de aconchegar, a eternidade,
sem falar na idade da paixão, na vaidade do coração, na fragilidade
de nossas almas, vagantes, que se afastam e tornam a se ver...
... quando o amor voltou, trouxe com ele ainda que vagamente
alguma incerteza do amanhã, sem contudo apagar a chama ardente,
e sobre um campo florido e colorido, fez-se o amor mais quente...
com a ilusão rondando a relva, o sonho enfeitando a mente,
fez-se a verdade como se fosse a mentira, a ternura como a ira,
o carinho como a selvageria, e, fez-se a vida, quem diria...
...quando o amor voltou, concebeu o milagre da vida, óvulo e sêmen,
gametas confundidos, útero em festa, sangue reproduzido, mistério...
e, quem não sentiu, como nós, a força do grande amor humano
a nos reprogramar como espécie, a nos revelar-se de novo, insano...
Aparecida Torneros
11/agosto/2007
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