Cida Torneros conduziu a cerimônia de lançamento ( fotos de Ana Paula da Fonseca)
Rede integra museus de história da medicina de todo o país
14/05/2010
A Federação Nacional dos Médicos lançou, no dia 12 de maio, no Rio de Janeiro, a Rede Nacional de Museus de História da Medicina (RNMHM), evento que estabeleceu um marco na história da entidade. A solenidade reuniu no Hotel Windsor Guanabara convidados e representantes de oito dos 12 museus e memoriais que já aderiram à Rede e contou com palestra do professor Luis Antonio Castro Santos, que falou sobre "História das doenças e instituições de saúde: encontros e desencontros". Depois da conferência, foi lançada a Rede, com a adesão de todos os museus de história da medicina do país.
A Rede Nacional de Museus de História da Medicina (RNMHM) tem como objetivo integrar e aperfeiçoar o trabalho dos museus de medicina existentes no Brasil, bem como fomentar a criação de novas Instituições no setor, para preservar e divulgar o patrimônio cultural médico brasileiro. Funcionará por meio de um comitê gestor e cada instituição é co-responsável pela criação da RNMHM. A adesão dos museus e memoriais não acarreta custos por parte da instituição-membro. Do mesmo modo, a Rede não tem nenhum tipo de compromisso econômico com os museus cadastrados e é a Federação Nacional dos Médicos que vai coordenar e apoiar os trabalhos, que serão voluntários por parte das instituições.
Os museus, memoriais e entidades médicas que já aderiram à Rede são os seguintes: Museu da História da Medicina do Rio Grande do Sul, Centro de Memória da Medicina, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Museu da Vida, da Fundação Instituto Oswaldo Cruz; Casa de Oswaldo Cruz, da Fiocruz; Museu da Academia Nacional de Medicina, Museu Histórico Dr. Wladmir da Prússia Gomez Ferraz, da Unifesp; Museu Histórico Carlos da Silva Lacaz, da Universidade de São Paulo (USP), Memorial da Pediatria, do Rio de Janeiro, Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Associação Comercial do Rio de Janeiro, Museu da Medicina do Pará, e Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Acesso
Integrando as instituições, a Rede Nacional de Museus de História da Medicina possibilitará também que o público tenha acesso a todo o acervo disponível sobre a profissão mais antiga e conhecida no mundo. O objetivo principal é fazer com que toda a população possa conhecer objetos, obras literárias e de artistas plásticos, entre outras peças, que contam não apenas a história da medicina, mas também a própria história do Brasil.
Entre as peças que integram os acervos desses museus estão obras de Candido Portinari, Rodolfo Bernadelli, Batista da Costa e René Lalique; réplica fiel do estetoscópio em madeira inventado por Laennec em 1818, cujo original foi trazido para o Brasil pelo médico de D. Pedro I; óculos que pertenceram a escritores, intelectuais e políticos como Dom Pedro II, Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas, Rui Barbosa, Guimarães Rosa e José Lins do Rego; cadeira-trono onde D. Pedro II se sentava quando participava das sessões solenes da Academia Nacional de Medicina; objetos de uso pessoal dos médicos Juliano Moreira, Carlos Chagas, Oswaldo Cruz e Miguel Couto; além de peças curiosas que mostram de que maneira a medicina era praticada antigamente, como os bisturis utilizados no século XIX, o aparelho de alta frequência usado na década de 20 para terapia através da corrente elétrica; seringa do século XVIII utilizada na lavagem de ouvidos, bem como selos raros ligados à personalidades e a fatos históricos relacionadas à medicina.
Lacuna
“A Rede Nacional de Museus da História da Medicina preenche uma lacuna na articulação de todas as entidades que trabalham, que cuidam, que zelam pela preservação da memória do trabalho médico, pela memória da medicina de uma maneira geral. São entidades que, em geral, trabalham de forma isolada e que a Rede vem interligar e fortalecer individualmente o seu trabalho. Com isso, a FENAM claramente está dando a sua contribuição no sentido da preservação da memória da medicina, do trabalho médico e da saúde do nosso país”, afirmou Waldir Cardoso, secretário de Comunicação da FENAM e coordenador do trabalho de implantação da Rede, que na cerimônia de lançamento representou o presidente da FENAM, Paulo de Argollo Mendes.
Força
“A criação da Rede dá força a uma área que na medicina às vezes não ocupa o lugar que devia ocupar. É importante não só do ponto de vista médico, mas do ponto de vista da saúde. São várias frentes de trabalho, que exigem uma preocupação histórica de verificar o início de tudo, quer dizer, como é que começou a discussão sobre varíola, sobre gripe. Quando se fala em gripe e gripe espanhola, qual é a diferença entre uma e outra, ou seja, são tempos diferentes e é interessante comparar sempre, porque na medida em que fazemos essa comparação, percebemos a importância do trajeto histórico para entender o que se passa hoje em dia, os desafios, os erros, os descaminhos, os exageros, às vezes, de interferência médica na vida social”, ressaltou o professor Luis Antonio Castro Santos.
Encontro
A criação da RNMHM foi viabilizada durante o I Encontro Nacional de Museus de História da Medicina, evento realizado pela FENAM nos dias 11 e 12 de março deste ano, no Rio de Janeiro, apoiado pelo Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul e pelos Sindicatos Médicos do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Pará, São Paulo e Minas Gerais, com a adesão de outras instituições do país.
Fonte : Denise Teixeira
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