Maracanã

Maracanã

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Iansã e Ogum



Saravá Iansã a grande guerreira,



Orixá do raio e do vento, que ajuda com sua energia vencer as lutas e as dificuldades.


Saravá Senhora Rainha dos ventos, proteja a todos nós.
Oyá Deusa do rio Niger, senhora dos ventos e das tempestades.
Coloco em tuas mãos, minhas ações na luz de tua luz, eu te consagro todos os minutos e horas desse dia, meus trabalhos, minhas preocupações, meus desejos, os meus lazeres são teus.
Daí – me hoje a tua luz poderosa, para que eu compreenda todo bem que preciso fazer e tenha força para não ceder o mal que tenta bater em minha porta.

Que eu consiga ser mais fraterno, mais irmão, mais compreensivo e capaz de perdoar.


Dirija meus passos no caminho do bem e do amor, e hoje mais que ontem todos nós possamos contar com sua orientação, com a tua benção, com o teu amor.
Com tua espada haveremos de cortar as demandas dos invejosos, dos falsos, dos inimigos, dos olhos grandes, que necessitam enxergar a verdade.
Dando conformação àqueles que sofrem, com a força dos teus raios, nós te pedimos, que acenda a chama da vida dos que estão desenganados, de a eles força para continuar lutando na cura de seus males.
Saravá Iansã majestosa Senhora, a vossa proteção em vosso louvor em brado unidos saudamos.



Prece a Ogum


Orixá, protetor, Deus das lutas por um ideal. Abençoai-me, dai-me forças, fé e esperança. Senhor Ogum, Deus das guerras e das demandas, livrai-me dos empecilhos e dos meus inimigos. Abençoai-me neste instante e sempre para que as forças do mal não me atinjam. Ogum Iê, Cavaleiro Andante dos caminhos que percorremos. Patacori... Ogum Iê... Ogum meu Pai, vencedor de demandas... Ogum Saravá Ogum... E que assim seja!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

MRS. BARBRA STREISAND FOREVER!






















De mãe para filho


telemensagem para filho

Filho Teamo

TeleMensagem para Mães/ MARAVILHOSA

Mensagem para refletir - *A todas as Mães*

Vídeo-homenagem ao Dias das Mães - ECC de Santa Luzia

Mamãe ( angela maria e agnaldo timóteo)

Luar Na Lubre - Lonxe da Terriña


Luar na Lubre - Hay un paraiso

Pra não dizer que não falei das flores - Zé Luís, o Militante...



20/12/2008 - 15:00



AI-5 40 ANOS DEPOIS E ZÉ LUÍS, O MILITANTE

Maria Aparecida Torneros

Ele gritava, em 1967 e 1968, pelos corredores do colégio: - Cidaaaaaaaaaaaa.... espalhafatoso e sempre sorridente. Zé Luís, um moreno de cabelos de índio, tão lisos, que insistentemente caíam sobre seus olhos. Aluno do científico e presidente do diretório estudantil da entidade. Eu, aluna do curso clássico noturno, no Pedro II, também muito risonha e cheia de amigas e amigos.


Nosso namoro foi quase infantil, e quase adulto. Durou menos de um ano, entre encontros e desencontros. Mas me rendeu muitas notas máximas na cadeira de prática de ensino, na escola Normal, onde eu cursva, simultaneamente, durante os dia, o Instituto de Educação, para formar-me professora primária. Na verdade, rendeu muito mais, uma história inacabada a ser recontada. Ele queria ser arquiteto e era exímio desenhista.


Num tempo em que não existiam nem a computação gráfica e nem as xeroxs coloridas, eu pedia para o Zé desenhar figuras históricas para meus trabalhos de normalista. Lembro de um Santos Dumont que ele fez, junto com a imagem do avião 14 Bis. Foi um sucesso, no álbum seriado que me serviu de apoio para uma das aulas que dei às crianças da escola onde estagiava como professoranda. Tirei 10, evidentemente, não só pelos desenhos lindos, mas também porque a figura carismática do pai da aviação sempre fez parte da minha galeria pessoal de líderes brasileiros, arrojados compatriotas e inteligentes criaturas a honrar meu país.

Eu e duas amigas éramos inseparáveis. Regina e Rosária, que me acompanham até hoje e certamente devem se lembrar nas noites em que as deixei para acompanhar o Zé nas tais reuniões dos militantes. Aconteciam numa universidade. Eu ia e não entendia quase nada. Ansiava pelo término das reuniões porque queria trocar uns beijinhos com o namorado. Mas a discussão acalorada corria solta, na praça da República, com alunos secundaristas a planejar mobilização para as constantes greves daquele período.

Nas noites em que ele me gritava, eu respondia: - Espera, Zé, já to indooooooooooooooo.... olhando-o do alto das grades dos corredores do segundo andar, no prédio centenário na Av. Mal. Floriano. Lá embaixo, o menino risonho, engravatado, com a pastinha debaixo do braço, me aguardando para irmos namorar. Mas só depois da tal reunião político-estudantil. Eu aceitava e vivia a dupla aventura. Iniciava-me nas artes da política e do amor, pisando em ovos, digamos, não compreendia ambos , aliás, tenho dúvidas com os dois temas, que persistem até os dias de agora.

Um casalzinho de jovens caminhava abraçado , uniformizado, pela av Presidente Vargas em direção ao tal encontro, onde eles se chamavam de "camaradas". Via sempre por lá o líder estudantil Vladimir Palmeira, com sua verve envolvente.


Um dia, a boba aqui perguntou porque faziam isso. O Zé, com ares de sabichão , me disse que eu precisava ler mais a respeito da revolução russa, dos Bolcheviques e Mencheviques, que só vim a estudar mesmo nos anos 1970, na universidade.


Assembléia terminada, votadas as questões de ordem, combinadas as datas e horas das passeatas e protestos, eu e ele seguíamos para ver o mar, na Praça XV, olhando Niterói lá longe, antes da construção da ponte. No trajeto , ele sempre me lembrava que no dia de cada passeata, eu devia me esconder na casa de velas, na hora do pegapracapá, quando a polícia chegasse, já que estaria muito ocupado e não poderia me proteger. Eu me sentia importante, participante corajosa, como namorada do manda chuva dos estudantes do Pedro II.


Sentávamos num banco qualquer. Sonhávamos e imaginávamos o futuro. Sempre ríamos muito. Ele era um ser brincalhão. Um namoradinho da mocidade que nunca esqueci, melhor que isso, um amigo que me ajudava a estudar, na biblioteca, muitas vezes, quando eu precisava me concentrar para as provas. Depois de algum tempo, levava-me ao ponto do ônibus. Eu ia para um lado e ele para outro. Não podia chegar tarde em casa, no subúrbio, a hora fatal era sair da cidade às 22 horas.


Quando eu já estava terminando a escola normal e já tinha decidido fazer o vestibular para jornalismo, encontrava-me atarefada com estudos e preparativos para a formatura, ele me veio com uma convesa estranha. Estava sério pela primeira vez. Presenteou-me com um livro sobre o comunismo chinês: "a oitava lua". Disse que ia ter que sumir. Que se engajaria numa luta mais forte contra a ditadura. Só depois eu soube que era o MR8.

Naquele dezembro de 1968, as coisas recrudesceram. Foi assinado o AI5, eu participei da colação de grau, sem a presença dele, mas homenageio-o no meu discurso de oradora. Apenas citei que o dedicava a alguém que tinha concorrido para que eu concluísse o curso ajudando-me muito e que agora não podia estar ali. Não sabia do seu paradeiro. Mas confiava que ele seguia sua caminhada por ideais tão fortes na garotada da época.


O ano seguinte, 1969, já na universidade, foi, para mim, de muitas descobertas sociais e políticas. Segui imaginando que o Zé devia estar na luta e que um dia me procuraria. Já não éramos namorados, mas as memórias dos nossos momentos compartilhados nunca saíram da minha cabeça.


A cada vez que sabia de alguma notícia de militantes mortos ou abatidos, presos ou perseguidos, exilados ou mais tarde anistiado, eu observava as listas de nomes na esperança de uma linha sobre o Zé Magro, como era conhecido. Na vida clandestina, eu supunha, ele devia ter assumido codinomes a que nunca tive acesso.


O som da sua risada, seus trejeitos espalhafatosos, seu desenho esmerado, a lápis cera, seu carinho daqueles velhos tempos, ainda permanecem em mim.


A vida correu. Passaram-se 40 anos. Estamos em dezembro de 2008. Nunca mais soube dele.


Vou encerrar este texto transcrevendo um email que recebi de um ex militante (omitirei seu nome), em 2005.

Vale como outra homenagem à memória do Zé, e a sua história , ou melhor a nossa pequena-grande história, e meninos quase adultos, naqueles meses de 67 e 68.


Eis o texto recebido: " Maria Aparecida, o Vladimir sempre avisa que, nos tempos atuais, é preciso TER MUITO CUIDADO quando se fala de ex-companheiros, especialmente se for um "MAMA DON´T CRY" ("amigos presos e sumidos pra nunca mais voltar"). Vc. é jornalista e sabe muito mais que eu sobre o assunto. O Vladimir aconselhava que quando nos deparamos com tal fato, no caso o Zé Magro, é bom que narremos fatos e/ou costumes que NUNCA FORAM relatados nos vários livros de memórias ou histórias daquele período. Vou tentar seguir os conselhos do Vladimir. Eu conheci e fiquei amigo de um aluno do Colégio Pedro II, em 1968, chamado JOSE LUIS DA MOTTA RODRIGUES, que sempre comparecia as reuniões do Centro Acadêmico Candido de Oliveira, na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, na Praça da Republica ( Campo de Santana ), liderada por Vladimir Palmeira. Zé Magro, sempre com seu uniforme do "CAFÉ GLOBO", como ele gostava de definir o Pedro II por causa de um horrível emblema pregado no lado esquerdo da camisa branca. Zé Magro tinha um "tique nervoso" de sempre alisar a gravata azul ( de péssimo gosto ) berrante que compunha o uniforme. Zé Magro falava sempre do seu amigo e colega de classe, um jogador (ponta-esquerda) de futebol do Fluminense, chamado Gilson Nunes, embora o Zé Magro se confessasse torcedor do Flamengo. Zé Magro contava que namorava uma normalista do Instituto de Educação, da Praça da Bandeira. Todavia era muito comum que as meninas de lá namorassem meninos do Pedro II e do Colégio Militar. As meninas do Pedro II também gostavam de namorar os meninos do Colégio Militar, os quais, por razões apenas sabidas por eles, não tinham coragem de levar, uniformizados, suas namoradas na porta do colégio Pedro II. Zé Magro morria de rir quando nos contava isso.... Zé Magro tinha uma grande amizade com o Prof. Jairo Bezerra, de quem falava muito bem, mormente quando contava vantagem de " ter professores que foram autores dos livros que todo mundo usava no ginasial e científico do Brasil ". A ultima vez que conversei com Zé Magro, foi em 69, quando nos encontramos na sinuca da Praça Tiradentes, quando ele me contou que iria para São Paulo se juntar ao MR-8. Certa ocasião, em 1976, em Pigalle, Paris, vi uma pessoa muito semelhante ao meu amigo Zé Magro, mesmo descontando o desgaste do tempo. Soltei do táxi e saí correndo atrás da pessoa, mas não consegui encontra-lo. Li praticamente TODOS os livros de memórias "DOS QUE VOLTARAM", mas não consegui identificar ninguém com traços do ZÉ MAGRO. Até hoje, tratando-se do Zé Magro, continuo "bêbado trajando luto". Para que meu coração não dê problemas ( como o seu que disparou ) vou tomar meu Atenol 100. L.P.S.M.

Xingu...Aritana...salvemos a Amazônia! (reportagem de 2003)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Torneró - I Santo California 1975 - Legendado

Corpo são ( prof. Hermógenes )

Corpo são


Como ser mais ágil, resistente, flexível, harmonioso e forte
Por professor Hermógenes*

O Jiva, a alma individual, usa um corpo. Este, feito de pó, ao pó voltará. Sem dúvida. Mas não é por isso que deva ser negligenciado, antecipando assim o seu retorno ao pó. Ao contrário. Se pretendermos realizar alguma obra de certo valor e vulto, especialmente algum considerado avanço em Yoga, seja Bhakti, Karma, Jñana, Raja ou qualquer outra modalidade; se desejarmos seguir Shankaracharya, nós, jivas, precisamos de um corpo sadio, purificado, eficiente e durável. Um corpo são - já sabemos - é instrumento necessário a qualquer empreendimento físico, profissional e social, mas muito mais ainda ao espiritual.

Não podemos esquecer, porém, que, não obstante ser tão importante a higidez física, notáveis místicos da humanidade alcançaram a Meta Suprema, embora revestidos de corpos frágeis e mesmo enfermos. Como explicar? Tudo conduz a pensar que tais criaturas, em vidas anteriores, já haviam realizado árduas asceses, e cumprido austeras disciplinas (sadhanas), que lhes possibilitaram, vencendo grandes distâncias no caminho estreito, alcançar a santidade. Se você e eu ainda não conseguimos nos agigantar bastante na santidade, convém-nos conquistar a sanidade para o corpo, a mente e o intelecto, que nos servem de instrumentos, veículos, vestes, equipamentos.

Eles serão por nós ou contra nós. Depende do tratamento que lhes dermos. Convém treiná-los para que conquistem condições ideais de desempenho e durabilidade, para que vivam bem e vivam muito. Jesus diria: Para que tenham vida e a tenham em abundância. Como superar obstáculos, crises, fadigas, carências, barreiras e desafios ao longo do caminho estreito, se o corpo for tamásico (enfermo, frágil, entorpecido); se a mente for tamásica (lerda, obtusa, obscura) ou rajásica (inquieta, conflitada); se o intelecto for rude e preconceituoso, vacilante e pobre de discernimento?

Se, pelo contrário, o corpo, digamos, for limpo, ágil, resistente à fadiga e às doenças, flexível, harmonioso, forte, elástico, jovem, sem reclamar conforto, bem nutrido, sóbrio, mas principalmente todo tempo obediente ao nosso comando; se a mente for sã e santa, pura e submissa, concentrada e lúcida; se o intelecto for ágil, agudo, alerta, discriminante, naturalmente maiores serão nossas possibilidades de chegar aonde queremos.

Equipamento é para viabilizar, veículo para transportar, veste para proteger. No entanto, corpo, mente e intelecto, sem cultivo e disciplina, estorvam, limitam e condicionam. Por isso, em sânscrito, são chamados upadhis, palavra que lembra limitação, cerceamento, entrave. É prioridade nossa treiná-los tanto que não embarguem nossos passos nem nos tolham os movimentos. Os upadhis são para o jiva o que o escafandro é para o escafandrista. Quando o escafandro se torna pesado e roto, pobre do escafandrista!

*Prof. Hermógenes é autor de vários livros, entre eles Iniciação ao Yoga

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Homem que Eu Amo

"O enigma: ele é muitos"

O poema que intitulei "O enigma: ele é muitos", escrevi em 2001.



Inspirei-me em muitos homens que conheci pela vida, tanto pessoalmente, como através de caricaturas dos machos de novelas, de política, de noticiários, pelos quais, confesso, de certo modo, e à minha maneira, andei me apaixonando.


Sim, uma saudável paixão, comedida e lúcida, pela multifacetada alma humana que cada homem traz dentro de si e pela vida vai se permitindo viver ou tornar público esse emaranhado de sentires abstratos.



Isso sempre me fascinou. Ademais, porque também me considero "muitas", lido com heterônimos, apelidos, tenho ares de "camaleoa ibérica", como me chamava sempre um grande amigo. Ora sou a morena que nasci, ora fico loura e me divirto com a metamorfose. De tempos em tempos, sou como arroz de festa, estou em todas, e de repente, como outra amiga me define, me fecho tal qual a ostra dourando a pérola, e sumo do mapa, não atendendo nem o telefone. 

Sou muitas ( escrevi um poema sobre isso que está  publicado   no site do Jornal da Poesia).


Sei  que sou uma sedutora: em tempo! Fiz muita psicanálise e procuro aceitar esse lado meu, que é forte embora eu procure domá-lo com as amarras da sensatez.


Aí vai o poema :







O enigma: ele é muitos

Há momentos em que seres invadem teu coração,



Tu te perguntas quem são estas criaturas,



Te indagas de A a Z o que eles sentem,



O que eles te trazem para trocar emoção,



Ou para te fazer aprender o quanto mentem,

Ou para ti ou para si mesmos, nas fissuras,



Nos apertos, nos limites de cada indagação...



Há momentos sutis que unem e que separam



Mas que te fazem crer na certeza das posturas



De seres inteira, amiga, compreensiva e doce...

Te cutucam os enigmas destes meninões


E tu te surpreendes mais próxima que fosse,

 poderias ser muito mais que sermões,


Poderias ser o abraço infinito, o alcance,


E te expões em dádivas, compreensões,


E te ofereces em preces, em cada lance...

Porque há homens que se reúnem num só deles,


E se emaranham em buscas intensas, em jogos...


Te levam aos mais incríveis lugares, afagos,


Te fazem viver verdadeira queima de fogos...

Quando, nestes momentos, descobres os magos,


Os bruxos, os feiticeiros, os inteligentes,


Te rendes aos seus jeitos, trejeitos, artifícios...


E te defendes, atacando, por seres frágil,


Embora resolvida, embora amante, embora ágil...


Há momentos que só queres que eles te abracem


E de ti persigam o calor que do teu corpo emana...

E que concluam o quanto o queres todos,

Dentro de ti, pra sempre, como se te amassem...


Eles se reúnem, e se mostram num ser sozinho,

Um Homem único integrando tantos, um ser perfeito,


Para que tu o respeites, o realizes, o acalmes...


Há momentos em que preciso garra e força,


 preciso estares atenta e te tomares jeito


e aceitar que te comande este Homenzinho...


Que parece pequeno quando tu o acolhes no peito...


Mas, em contrapartida, Ele te torna densa,


Te torna tensa, te desafia, te mostra um caminho


De amar sem freios, de perdoar seu defeito...


 O maior deles, o medo da entrega total,


O mesmo medo que precisas demonstrar para Ele...


Enigma, devora-me, Homem do meu carinho,


Devora-me nesta noite, estou prudente,


Estou carente, estou solitária, estou temente,


Não te quero magoar, só te quero amar...


Há momentos em que as palavras nada valem,






Porque é preciso tocar com mãos e bocas,






É necessário doar-se em corpos colados,






É urgente superar a saudade dele,






É premente demonstrar sua importância






Na tua vida, no teu destino, na tua distância...






Há momentos que te fazem suspeitar da ânsia,






Da angústia de não ter dele a voz e o laço






Do corpo amado, do sexo delicioso, um maço






De pequenos gestos somados que te embalem,






Para que teus gritos de gozo nunca se calem...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Garotos




Música


GAROTOS


Leoni




Seus olhos e seus olhares


Milhares de tentações


Meninas são tão mulheres


Seus truques e confusões


Se espalham pelos pêlos


Boca e cabelo


Peitos e poses e apelos


Me agarram pelas pernas


Certas mulheres como você


Me levam sempre onde querem



Garotos não resistem


Aos seus mistérios


Garotos nunca dizem não


Garotos como eu


Sempre tão espertos


Perto de uma mulher


São só garotos

Seus dentes e seus sorrisos


Mastigam meu corpo e juízo


Devoram os meus sentidos


Eu já não me importo comigo


Então são mãos e braços


Beijos e abraços


Pele, barriga e seus laços


São armadilhas e eu


não sei o que faço


Aqui de palhaço


Seguindo seus passos


Garotos não resistem


Aos seus mistérios


Garotos nunca dizem não


Garotos como eu


Sempre tão espertos


Perto de uma mulher


São só garotos.



Roberto Carlos, para ouvir e amar








http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

Chimamanda Adichie: O perigo da história única ( África)

Salve Jorge!!!!






quando te beijei
vi a medalha de aço no teu  peito
era Jorge...no seu cavalo, de armadura...
era Jorge, no teu coração, de alma pura...
beijei a ti e beijei a Jorge, com respeito...
penetrar em corpo que ele  protege,
amainar a fúria e o fogo da boca do dragão
abateu-se sobre mim o teu amor  imenso...
teu abraço foi maior, mais forte, mais seguro...
em ti, encontrei finalmente o buscado muro
de  proteção e aconchego...e...se te  chego
mais perto e mais profundamente, sou tua
aquela que te beija o  peito e beija a  imagem
que te trazes contigo, e que divides comigo,
nas horas em que somos um só coração
batendo na felicidade e na   paz...
                             Cida Torneros

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Andrea Bocelli Live - Cuando Me Enamoro (2006)

a palo seco - homenagem a João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto / Se diz a Palo Seco

A palo seco


1.1.


Se diz a palo seco


o cante sem guitarra;


o cante sem; o cante;


o cante sem mais nada;


se diz a palo seco


a esse cante despido:


ao cante que se canta


sob o silêncio a pino.


1.2.


O cante a palo seco


é o cante mais só:


é cantar num deserto


devassado de sol;


é o mesmo que cantar


num deserto sem sombra


em que a voz só dispõe


do que ela mesma ponha.


1.3.


O cante a palo seco


é um cante desarmado:


só a lâmina da voz


sem a arma do braço;


que o cante a palo seco


sem tempero ou ajuda


tem de abrir o silêncio


com sua chama nua.


1.4.


O cante a palo seco


não é um cante a esmo:


exige ser cantado


com todo o ser aberto;


é um cante que exige


o ser-se ao meio-dia,


que é quando a sombra foge


e não medra a magia.


2.1.


O silêncio é um metal


de epiderme gelada,


sempre incapaz das ondas


imediatas da água;


A pele do silêncio


pouca coisa arrepia:


o cante a palo seco


de diamante precisa.


2.2.


Ou o silêncio é pesado,


é um líquido denso,


que jamais colabora


nem ajuda com ecos;


mais bem, esmaga o cante


e afoga-o, se indefeso:


a palo seco é um cante


submarino ao silêncio.


2.3.


Ou o silêncio é levíssimo,


é líquido e sutil


que se ecoa nas frestas


que no cante sentiu;


o silêncio paciente


vagaroso se infiltra,


apodrecendo o cante


de dentro, pela espinha.


2.4.


Ou o silêncio é uma tela


que difícil se rasga


e que quando se rasga


não demora rasgada;


quando a voz cessa, a tela


se apressa em se emendar:


tela que fosse de água,


ou como tela de ar.


3.1.


A palo seco é o cante


de todos mais lacônico,


mesmo quando pareça


estirar-se um quilômetro:


enfrentar o silêncio


assim despido e pouco


tem de forçosamente


deixar mais curto o fôlego.


3.2.


A palo seco é o cante


de grito mais extremo:


tem de subir mais alto


que onde sobe o silêncio;


é cantar contra a queda,


é um cante para cima,


em que se há de subir


cortando, e contra a fibra.


3.3.


A palo seco é o cante


de caminhar mais lento:


por ser a contra-pelo,


por ser a contra-vento;


é cante que caminha


com passo paciente:


o vento do silêncio


tem a fibra de dente.


3.4.


A palo seco é o cante


que mostra mais soberba;


e que não se oferece:


que se toma ou se deixa;


cante que não se enfeita,


que tanto se lhe dá;


é cante que não canta,


cante que aí está.


4.1.


A palo seco canta


o pássaro sem bosque,


por exemplo: pousado


sobre um fio de cobre;


a palo seco canta


ainda melhor esse fio


quando sem qualquer pássaro


dá o seu assovio.


4.2.


A palo seco cantam


a bigorna e o martelo,


o ferro sobre a pedra


o ferro contra o ferro;


a palo seco canta


aquele outro ferreiro:


o pássaro araponga


que inventa o próprio ferro.


4.3.


A palo seco existem


situações e objetos:


Graciliano Ramos,


desenho de arquiteto,


as paredes caiadas,


a elegância dos pregos,


a cidade de Córdoba,


o arame dos insetos.


4.4


Eis uns poucos exemplos


de ser a palo seco,


dos quais se retirar


higiene ou conselho:


não o de aceitar o seco


por resignadamente,


mas de empregar o seco


porque é mais contundente.


João Cabral de Melo Neto


(Quaderna. In: Poesias Completas,1975, p.160)



A Palo Seco / Belchior / música que sempre me emociona...











Oração pela família

Casamento da Simone, tios e tias, a vida como um bem de família...


Feriado nacional, casamento da minha prima Simone com o Marcelo. Mais uma vez, família reunida. Linda noiva, linda festa, alegria envolvida em saudade, pois faltou o avô, tio Gerson, que nos deixou há alguns meses.  Tia Fernanda, embora sofrida, viúva de um casamento de mais de 60anos, transmitiu sorriso e esperança para a neta e familiares. Tio Hélio, tio-avô presente na festa, foi de chapéu, representou seus irmãos, aqueles que fomos perdendo de três anos  pra cá. Papai Ulysses, tio Pedro, tio Gerson, tia Vera, filhos do vô Antonio e da Vó Carmen, além dos tios Paulo e Ovidio, que nos deixaram há muitos anos.
 No entanto, é  possível sentir nos descendentes, na nossa família grande, entre filhos, netos, bisnetos, taranetos, uma real alegria de viver, um fé no amor e a renascida eseperança em dias melhores sempre. Luiz, o pai da noiva, estava feliz , já Lúcia, era, com certeza,  a mãe de noiva mais charmosa da noite, vendo casar Simone,  e tendo ao lado a filharada: Chistiane ( comigo aí numa das fotos) e os rapazes, Fábio e Alexandre.
Sentei-me com tio Helio, minha prima Eliane ( filha do tio Pedro) e seu marido Porfírio. Durante toda a reunião, passávamos uns pelos outros, trocando carinhos, palavaras amigas, gestos de ternura, renovação de amor, um verdadeiro bem de família.
A pequerrucha Luíza, filha do João Luís e Fabiane, neta da  prima Maria Carmen, deu um show de elegância, como daminha de honra, aos 3 anos de idade.
Tia Maria não pôde ir, Luciana não conseguiu vir de Salvador, muitos faltaram, mas, em verdade, estavam conosco, pois a força do sentimento que nos une a todos, nos  dá a sensação plena de uma imensa egrégora de  harmonia familiar, responsável  pela manutenção de herança incalculável, riqueza maior, nosso patrimônio familiar chama-se Amor!
Transcrevo, a seguir, texto que fiz ao registrar o encontro-visita, que meus tios e tias fizeram ao meu pai internado no hospital, em 2007, meses antes de falecer. Também, uma foto deles juntos, na festinha de aniversário da Ana Clara, neta do tio Pedro, talvez o último encontro em que ratificaram a alegria que sempre caracterizou sua irmandade.
É o seu legado para nós todos. Também há fotos de uma festa  de aniversário do meu filho Léo, há  3 anos, com as primas todas dançando flamenco em homenagem à nossa origem espanhola e de um brinde  da   vó Carmen e seu irmão Ovídio com todos nós, há  mais de 30 anos.
Festa renovada, a  alegria de viver   é nosso bem de família. Olhos cheios dágua, emoção, um grande Olé, vamos em frente, sejam felizes Simone e Marcelo, que    o    Amor cresça, transborde e se perpetue,  poque é mesmo nosso maior "bem de família!      
Cida ( Cidinha) Torneros

        




Tios e tias, o segredo da alegria...um bem de família ( texto escrito em 2007, quando meu pai adoeceu, antes do seu falecimento)


Ei-los juntos, novamente, agora em situação delicada, na ante-sala da u.t.i. de uma clínica onde o irmão mais velho, meu pai, Ulysses, de 85, recupera-se de uma pneumonia. Esta, segundo ele próprio, o pegou desprevenido, num sábado de noite, depois de passar o dia quase todo às voltas com a carpintaria, a lixar madeiras, medir prateleiras, formatar uma nova estante como tantas que produz com o prazer do artesão compenetrado.
 Falo dos tios Gerson, Pedro, Hélio e Fernanda, irmãos e cunhada do papai, gente que tem a média de idade lá pelos 78, mas que traz consigo, uma alegria de viver contagiante. Enquanto esperam a vez de entrar para visitar o paciente ( no momento impaciente para voltar para casa), vão brincando entre si, recordando infância e adolescência, juventude e vida inteira, em minutos que se fazem plenos de tanta positividade que eu e meu irmão, já da geração de 50, incorporamos com admiração e respeito.

Gente amiga, simples, feliz, risonha, brincalhona, tão transparente em sentimentos, olhos sinceros, sorrisos felizes, posturas fortes diante da vida. Contam sobre sua história comum, relembram fatos, se ajeitam para a entrada na sala médica, onde encontram um irmão também otimista, que já conquistou fãs na unidade entre médicos e enfermeiros, que vieram me dar parabéns pela simpatia do meu bom velhinho. Este, com a delicadeza de um diplomata, mas experto como uma águia, falando bem alto, pois está sem o aparelho de audição nesse tempo de hospital, grita com jeito maatreiro: Minha filha , aqui são todos muito carinhosos, não tenho o que reclamar, mas, em casa, é muito melhor, por isso, veja se consegue me tirar daqui hoje mesmo...

E, com muita paciência , o médico vem dizer que é só mais um ou dois dias a previsão da sua internação, pois melhora a olhos vistos. Tem pressão de menino, o 12 por 8 que todos se admiram, come direitinho, está sempre de bom humor, não reclama de nada, aceita todos os procedimentos com a quietude dos mansos, e ainda, faz brincadeira e trocadilhos que alegram o ambiente.
Mas isso, é próprio da família, vem dos tempos dos meus avós, Carmen e Antonio, casa festeira, mesas de Natal imensas, gente entrando e saindo , a vizinhança presente nos casamentos, batizados, comemorações, a solidariedade nos maus momentos, a palavra de esperança nos anos 40, 50, 60, me lembro bem.

Como vou esquecer a copa de 58, eu era bem menina, de repente o bando todo em torno do aparelho de rádio, os gritos de gol, a bandeira do Brasil passeando nas mãos de todos, a música que se seguiu ao jogo final, e meus tios e tias, ainda no auge da sua juventude, pulando feito cabritos, gritando o nome de um país que nos une a todos, como um berço reaemente explêndido?

Meus tios e tias são o melhor exemplo, para mim, do que se pode chamar de terceira idade bem sucedida. Falam dos filhos e dos netos, com a reverência do amor desprendido. Contam seus feitos, aumentam suas virtudes, minimizam e perdoam seus erros, nos envolvem com um carinho que comove e ainda por cima, enfrentam tudo com a tranquilidade dos sábios.
Tio Pedro repete que tudo o que se vive depois dos 50 é um grande lucro, tio Gerson zomba do fato de ter que usar chapéu para proteger-se do sol por ter tido problemas sérios de pele causados pelo excesso de exposição, tio Hélio admite sorrindo que foi a ovelha negra da família mas que a maturidade o curou, e tia Fernanda, com sua fala delicada, me sussurra sobre o quanto me ama, no ouvido, quando nos despedimos.

Meu pai, o irmão mais velho, é o protetor, fala com cada um como se fosse um filho, assumiu no coração a postura de pai-irmão, após a perda dos meus avós.

Talvez fosse difícil entender, para quem não os conhece, aquele grupo de senhores de cabeça branca, aspecto saudável, falas céleres, sorrindo e até gargalhando, na porta de uma unidade de tratamento intensivo, sem pensar em gravidade ou doença braba.


Ei-los juntos, a turma dos meus tios e tias ( os que não foram hoje, já avisaram, vão amanhã), levando o que têm de mais precioso: uma energia positiva que é o segredo da sua longevidade, e o combustível que os movimenta no dia-a-dia.
Quando saía do hospital, o médico-chefe do hospital veio me cumprimentar. Deu-me parabéns pela simpatia do meu pai. Agradeci, mas no íntimo, pensei, é "um bem de família, isso sim"! Meus tios e tias, sua alegria de viver, na verdade, me reinspiram para enfrentar a vida.

Aparecida Torneros