Feriado nacional, casamento da minha prima Simone com o Marcelo. Mais uma vez, família reunida. Linda noiva, linda festa, alegria envolvida em saudade, pois faltou o avô, tio Gerson, que nos deixou há alguns meses. Tia Fernanda, embora sofrida, viúva de um casamento de mais de 60anos, transmitiu sorriso e esperança para a neta e familiares. Tio Hélio, tio-avô presente na festa, foi de chapéu, representou seus irmãos, aqueles que fomos perdendo de três anos pra cá. Papai Ulysses, tio Pedro, tio Gerson, tia Vera, filhos do vô Antonio e da Vó Carmen, além dos tios Paulo e Ovidio, que nos deixaram há muitos anos.
No entanto, é possível sentir nos descendentes, na nossa família grande, entre filhos, netos, bisnetos, taranetos, uma real alegria de viver, um fé no amor e a renascida eseperança em dias melhores sempre. Luiz, o pai da noiva, estava feliz , já Lúcia, era, com certeza, a mãe de noiva mais charmosa da noite, vendo casar Simone, e tendo ao lado a filharada: Chistiane ( comigo aí numa das fotos) e os rapazes, Fábio e Alexandre.
Sentei-me com tio Helio, minha prima Eliane ( filha do tio Pedro) e seu marido Porfírio. Durante toda a reunião, passávamos uns pelos outros, trocando carinhos, palavaras amigas, gestos de ternura, renovação de amor, um verdadeiro bem de família.
A pequerrucha Luíza, filha do João Luís e Fabiane, neta da prima Maria Carmen, deu um show de elegância, como daminha de honra, aos 3 anos de idade.
Tia Maria não pôde ir, Luciana não conseguiu vir de Salvador, muitos faltaram, mas, em verdade, estavam conosco, pois a força do sentimento que nos une a todos, nos dá a sensação plena de uma imensa egrégora de harmonia familiar, responsável pela manutenção de herança incalculável, riqueza maior, nosso patrimônio familiar chama-se Amor!
Transcrevo, a seguir, texto que fiz ao registrar o encontro-visita, que meus tios e tias fizeram ao meu pai internado no hospital, em 2007, meses antes de falecer. Também, uma foto deles juntos, na festinha de aniversário da Ana Clara, neta do tio Pedro, talvez o último encontro em que ratificaram a alegria que sempre caracterizou sua irmandade.
É o seu legado para nós todos. Também há fotos de uma festa de aniversário do meu filho Léo, há 3 anos, com as primas todas dançando flamenco em homenagem à nossa origem espanhola e de um brinde da vó Carmen e seu irmão Ovídio com todos nós, há mais de 30 anos.
Festa renovada, a alegria de viver é nosso bem de família. Olhos cheios dágua, emoção, um grande Olé, vamos em frente, sejam felizes Simone e Marcelo, que o Amor cresça, transborde e se perpetue, poque é mesmo nosso maior "bem de família!
Cida ( Cidinha) Torneros
Tios e tias, o segredo da alegria...um bem de família ( texto escrito em 2007, quando meu pai adoeceu, antes do seu falecimento)
Ei-los juntos, novamente, agora em situação delicada, na ante-sala da u.t.i. de uma clínica onde o irmão mais velho, meu pai, Ulysses, de 85, recupera-se de uma pneumonia. Esta, segundo ele próprio, o pegou desprevenido, num sábado de noite, depois de passar o dia quase todo às voltas com a carpintaria, a lixar madeiras, medir prateleiras, formatar uma nova estante como tantas que produz com o prazer do artesão compenetrado.
Falo dos tios Gerson, Pedro, Hélio e Fernanda, irmãos e cunhada do papai, gente que tem a média de idade lá pelos 78, mas que traz consigo, uma alegria de viver contagiante. Enquanto esperam a vez de entrar para visitar o paciente ( no momento impaciente para voltar para casa), vão brincando entre si, recordando infância e adolescência, juventude e vida inteira, em minutos que se fazem plenos de tanta positividade que eu e meu irmão, já da geração de 50, incorporamos com admiração e respeito.
Gente amiga, simples, feliz, risonha, brincalhona, tão transparente em sentimentos, olhos sinceros, sorrisos felizes, posturas fortes diante da vida. Contam sobre sua história comum, relembram fatos, se ajeitam para a entrada na sala médica, onde encontram um irmão também otimista, que já conquistou fãs na unidade entre médicos e enfermeiros, que vieram me dar parabéns pela simpatia do meu bom velhinho. Este, com a delicadeza de um diplomata, mas experto como uma águia, falando bem alto, pois está sem o aparelho de audição nesse tempo de hospital, grita com jeito maatreiro: Minha filha , aqui são todos muito carinhosos, não tenho o que reclamar, mas, em casa, é muito melhor, por isso, veja se consegue me tirar daqui hoje mesmo...
E, com muita paciência , o médico vem dizer que é só mais um ou dois dias a previsão da sua internação, pois melhora a olhos vistos. Tem pressão de menino, o 12 por 8 que todos se admiram, come direitinho, está sempre de bom humor, não reclama de nada, aceita todos os procedimentos com a quietude dos mansos, e ainda, faz brincadeira e trocadilhos que alegram o ambiente.
Mas isso, é próprio da família, vem dos tempos dos meus avós, Carmen e Antonio, casa festeira, mesas de Natal imensas, gente entrando e saindo , a vizinhança presente nos casamentos, batizados, comemorações, a solidariedade nos maus momentos, a palavra de esperança nos anos 40, 50, 60, me lembro bem.
Como vou esquecer a copa de 58, eu era bem menina, de repente o bando todo em torno do aparelho de rádio, os gritos de gol, a bandeira do Brasil passeando nas mãos de todos, a música que se seguiu ao jogo final, e meus tios e tias, ainda no auge da sua juventude, pulando feito cabritos, gritando o nome de um país que nos une a todos, como um berço reaemente explêndido?
Meus tios e tias são o melhor exemplo, para mim, do que se pode chamar de terceira idade bem sucedida. Falam dos filhos e dos netos, com a reverência do amor desprendido. Contam seus feitos, aumentam suas virtudes, minimizam e perdoam seus erros, nos envolvem com um carinho que comove e ainda por cima, enfrentam tudo com a tranquilidade dos sábios.
Tio Pedro repete que tudo o que se vive depois dos 50 é um grande lucro, tio Gerson zomba do fato de ter que usar chapéu para proteger-se do sol por ter tido problemas sérios de pele causados pelo excesso de exposição, tio Hélio admite sorrindo que foi a ovelha negra da família mas que a maturidade o curou, e tia Fernanda, com sua fala delicada, me sussurra sobre o quanto me ama, no ouvido, quando nos despedimos.
Meu pai, o irmão mais velho, é o protetor, fala com cada um como se fosse um filho, assumiu no coração a postura de pai-irmão, após a perda dos meus avós.
Talvez fosse difícil entender, para quem não os conhece, aquele grupo de senhores de cabeça branca, aspecto saudável, falas céleres, sorrindo e até gargalhando, na porta de uma unidade de tratamento intensivo, sem pensar em gravidade ou doença braba.
Ei-los juntos, a turma dos meus tios e tias ( os que não foram hoje, já avisaram, vão amanhã), levando o que têm de mais precioso: uma energia positiva que é o segredo da sua longevidade, e o combustível que os movimenta no dia-a-dia.
Quando saía do hospital, o médico-chefe do hospital veio me cumprimentar. Deu-me parabéns pela simpatia do meu pai. Agradeci, mas no íntimo, pensei, é "um bem de família, isso sim"! Meus tios e tias, sua alegria de viver, na verdade, me reinspiram para enfrentar a vida.
Aparecida Torneros
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