Maracanã

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domingo, 23 de agosto de 2009

Sob o sol do nordeste brasileiro ( artigo de 2005, novembro)





Sob o Sol do Nordeste Brasileiro!!

Voltei hoje, com a pele, digamos, tostadinha... mas com a alma, convenhamos, lavadinha...sim, porque, entre as pertinentes discussões sobre os recursos hídricos, no simpósio da Paraíba, rendendo graças ao universo da tecnologia que especula soluções arrojadas para a escassez do líquido que vai dessedentar o semi-árido brasileiros, apurei minha audição interna e ouvi a canção das ruas.

De João Pessoa, Recife, Olinda, Natal até Salvador, alguma coisa forte "aconteceu no meu coração", parafraseando o Caetano, "quando cruzei o Nordeste Brasileiro, nas suas capitais, refletindo o progresso, a sede dele, os investimentos estrangeiros, também a sede "deles", e muito mais, a perene sede de crescimento que essa região demonstra cultivar , apesar de adversidades climáticas ou de condicionamentos geofísicos.

Comi tapioca , acarajé, cuzcuz , munguzá, peixes diversos misturados a frutas nativas, jambos, cajus, cajás, mangas, tantos sucos, doces de coco verde, festival de matizes e sabores, riqueza de personalidades de sotaques cantados, de degustação sobranceira. Envolvi-me com o dia-a-dia do povo simples e aconchegante dali, me senti parte da paisagem, virei até forrozeira.

O baobá do Pequeno Príncipe, em Natal, resguardado por um poeta cioso da lenda, fez de mim a criatura do Sudeste mais feliz por estar nas terras de disputa dos holandeses, portugueses e espanhóis de outrora, que diviem espaço hoje, com os escandinavos, os alemães, os italianos, tantos outros de muitas origens que induziram a parar diante da porta da Agência Viking, e pensar: meu Nordeste Internacional pede passagem.

Sei que esse tipo de realidade se espraia por onde ainda não passei, como o Ceará, o Maranhão, e muitas outras terras de Sol forte, equatorianas plagas nacionais de variedade inconteste de vida regional.

Mas, o que me emociona, justo agora, é ter ouvido um menino olindense, guia infantil, de 12 anos, chamado Tiago, explicando sua terra, orgulhoso e letrado, me apresentando o túmulo do Companheiro Dom Hélder, a quem entrevistei uma vez em 1970, e, ainda, ter constatado que há um Brasil ensolarado onde as coisas acontecem, sob o Sol.

Voltei ao Rio, nessa manhã de segunda, permitam os conterrâneos cariocas essa licenciosidade, voltei amorenada, reabastecida, de uma certa brasilidade que vem de lá, talvez da Barreira do Inferno, ou das águas do mar tão verde quanto as folhas do coqueiro que me deu abrigo no momento em que não agüentei o tranco e dei aquela choradinha emocionada, por ter nascido num país tão diverso quanto maravilhoso.


Aparecida Torneros
Rio de Janeiro

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