Maracanã

Maracanã

sábado, 22 de agosto de 2009

Em homenagem ao meu avô português, Antonio Silva, Rosinha dos Limões...



Quando ela passa, franzina e cheia de graça,
Há sempre um ar de chalaça, no seu olhar feiticeiro.
Lá vai catita, cada dia mais bonita,
E o seu vestido, de chita, tem sempre um ar domingueiro.

Passa ligeira, alegre e namoradeira,
E a sorrir, p'rá rua inteira, vai semeando ilusões.
Quando ela passa, vai vender limões à praça,
E até lhe chamam, por graça, a Rosinha dos limões.

Quando ela passa, junto da minha janela,
Meus olhos vão atrás dela até ver, da rua, o fim.
Com ar gaiato, ela caminha apressada,
Rindo por tudo e por nada, e às vezes sorri p'ra mimÂ…

Quando ela passa, apregoando os limões,
A sós, com os meus botões, no vão da minha janela
Fico pensando, que qualquer dia, por graça,
Vou comprar limões à praça e depois, caso com ela!


Sou neta de um portugues, Antonio Silva, que veio menino para o Brasil e aqui casou com uma espanhola, minha avó Carmen Torneros. Os dois ensinaram-me a amar a poesia, a literatura, a música, a arte.

Com ele convivi até os 9 anos, quando se foi para o outro plano. Deixou-me tesouros em recordações, exemplos. A avó legou-me a língua espanhola ( que falo e escrevo) e uma paixão pelas coisas da Ibéria, sua comida, suas danças, e seu gênio vigoroso.

Tanto é que comecei minhas andanças européias pela terra dela, em homenagem à sua saudade... primeiro, depois de uma escala em madri, fui a Vigo, Orense ( o povoado dela chama-se Verin) e Santiago de Compostela...de lá é que desci para Porto.

Ali me encaixei numa excursão com outros brasileiros, que incluiu Fátima, Lisboa( onde quero ouvir o fado) , Salamanca e Madri, entre outras, por terra.

Em Madri fiquei o suficiente para ver Velasquez, El Greco, Goya, Picasso e senti a aura da cidade. Dali, fui para Barcelona. Gaudi e las ramblas. Por final, Paris...o grande sonho...6 noites lá...foi pouco, eu sei, mas foi maravilhoso.

Quanto a amar Portugal, imagina que tenho sangue da sua gente a correr em mim, que já amo a terra de Camões, e de tantos outros escritores que dali repercutem um sentimento de conquistadores, pois esse povo sempre foi assim, desbravador, singrando mares, buscando novos universos, e , através da língua, que é para nós brasileiros uma grande herança, nos identificamos em muitos pontos, evidentemente.

Gosto de ouvir o sotaque de patrícios, tenho aqui uma amiga portuguesa, de 80 anos, que nao perdeu até hoje o jeito de falar, e adoro ouvi-la, sempre.

Sou neta de imigrantes e convivi com esse tipo de sentido... a saudade do seu lugar...Acho que ainda vou emigrar, algum dia, Espanha e Portugal me chamam.

Adiei muito minha ida à Europa. Mas penso que tudo aconteceu na hora que tinha mesmo que acontecer. E fiquei muito feliz pela oportunidade. Aproveitei cada segundo, com certeza.
Cida Torneros

Nenhum comentário: