Maracanã

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sexta-feira, 27 de março de 2009

Patrimônio afetivo...passagem para viver o amor...

O amor se aprende a amar, amando e sendo amado. Sua passagem nos é dada por pessoas que nos amam antes mesmo de nascermos, quando ainda somos projeto inconsciente nos seus pensamentos. Um dia, somos concebidos e o amor se concretiza em forma humana, através de um ser dependente de alimento e carinho, que vai crescer e aprender a viver. Mas é pelo amor que nos oferecem os pais, familiares, amigos, e tantas pessoas que cruzam nossos caminhos, que vamos incorporando o sentido mais profundo da humanidade que se doa e se oferece para buscar sermos felizes e fazermos felizes a alguém.
O amor se enriquece com suas dádivas e provas constantes do que é necessário sentir em termos de emoção e de razão, pela alegria de estarmos junto dos entes amados, e, mesmo distantes deles fisicamente, sua presença permanece em nossos corações, lembranças, nos faz honrar suas memórias, homenagear seus exemplos, suportar suas saudades, seguir em frente em seu louvor.
O amor se intensifica quando se torna livre e menos possessivo, nos deixando ir pelo próprio tempo e trilhando novas veredas que acabam por ser individuais e intransferíveis.
Quem ama sabe o quanto é sólido e intenso observar os passos de um ser amado, cuja estrada deva ser distanciada em determinado momento da vida, para que amadureça e cresça na auto-estima e na busca pessoal.
Assim é o amor dos pais por seus filhos, tão imenso que lhes lega um patrimônio afetivo, mas não se furta a lhes dar passagem para viverem suas próprias vidas, oferecendo-lhes a prontidão do ombro amigo, do colo renovado, do olhar benevolente, do conselho oportuno e da torcida feliz pelo seu futuro.
O mesmo amor que nos dão é o que vamos oferecer, renovado e crescente, num processo que interage eternamente em ecos de reverberação contínua.
Viver o amor é viver do amor e para o amor. Amar semelhantes, família, o planeta, a vida, os animais, as plantas, o sol, a lua, há muitos modos de amar instintivamente, e, se o amor se reimplanta pelo sêmen, perpetua as espécies, prolonga a vida, reitera seu poder de reinvenção de sentimentos e motivos para ser reaprendido, por cada ser que abre os olhos diante de um espetáculo misterioso, detentor de um segredo e uma só saída: o amor. Ele é a resposta, a única resposta, para qualquer dúvida ou guerra. Só amor é capaz de ultrapassar os limites da razão e dar sentido a tudo, desde o mundo microscópico até a imensidão infinita do universo...
Cida Torneros

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