Maracanã

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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Parlami D'amore Mariu



Parlami D'amore Mariu
Pediu-me o homem dos meus sonhos que eu lhe falasse do Amor. Pensei primeiro que fosse mais uma brincadeira costumeira, daquelas em que ele me fazia sentir como uma menina surpreendida no meio de travessura qualquer, e sorri. Apenas sorri para ele, na tentativa de ganhar tempo.
Eu? falar do Amor? Logo eu, que toda a minha vida, por décadas, tentara entender um mínimo que fosse da complexidade desse sentimento chamado Amor que os grandes músicos, poetas, pintores andam buscando traduzir em nuances milenares, como eu, simples menina de subúrbio, mulher que amadurecera aos trancos e barrancos emocionais mesclados à luta pela sobrevivência tão difícil, que nem sequer pudera vivenciar todos os sentidos misteriosos da magnitude que intuo sobre o proclamado Amor?
Como, naquele instante, seus olhos me focalizavam com a seriedade mais solene de todos os momentos em que ele já me olhara antes, como teria o homem amado ali na minha frente o direito de me pedir que lhe falasse do Amor? Será que meus olhos já não lhe diziam tudo? Ou ele não conseguia perceber o quanto meu coração pulava no peito em disparada agonia para que eu desse só um passo e o abraçasse o mais forte que conseguisse? Ou será que ele não sentia que meu corpo se arrepiava imaginando o quanto o tinha esperado encontrar como agulha no palheiro, por uma vida quase inteira, tendo sonhado com sua voz e seu semblante desenhado com detalhes de imenso carinho?
Como eu poderia explicar com palavras o que só se explica vivendo, doando, acompanhando, amparando, estando ao lado, participando da caminhada? Amar alguém que é fictício não é amar de verdade. Amar, pra mim, eu queria dizer isso mas não disse, é muito mais. Muito mais que o sexo maravilhoso que eu poderia iniciar com sedução e êxtase a qualquer instante, seguindo um ritual animal ao qual nós dois já podíamos bailar juntos em sinfonia de intenso prazer. Isso seria simples, comum aos mortais, muito embora, era evidente, para mim e para ele, que o nosso relacionamento sexual ultrapassava todas as experiências que tivéramos até nos conhecermos.
Havia algo mais que não era possivel explicar, ele sabia e eu também. Uma cumplicidade capaz de nos atar desde as pontas dos dedos até a raiz dos cabelos. Mesmo assim, o Amor, para nós e para os que têm a ventura de conhecê-lo em toda a sua plenitude, é maior, é magnânimo, é o elo com o infinito, vai além da vida dos corpos, da existência dos sorrisos, da afirmação das vozes, supera a morte, une as almas, eterniza o vôo pelo infinito.Tentei dizer. Não consegui. Sorri e me emocionei. Ele me observou. Primeiro parecia encantado. Depois, seu rosto foi se tornando crispado da certeza de não me perder jamais.
Amor é isso. Nunca nos perdermos um do outro. Demos as mãos então, como os olhos hipnotizados, sem palavras, falamo-nos do grande Amor. Sem promessas e só com certezas. A fortaleza de seguirmos juntos, um junto do outro, para onde tivermos que ir. Um seguirá sempre dentro do coração do outro. E a alma de um é a própria alma do outro, concluímos, sem emitir um único som que não fossem os soluços do quanto choramos de emoção, abraçadinhos, felizes por termos descoberto como falar do Amor é um discurso inútil se não o sentimos profundamente.
O homem dos meus sonhos fala-me do seu Amor por mim eternamente e me ouve, onde quer que esteja, dia-e-noite, pois sabe que nos achamos finalmente e esse encontro é para sempre. Aparecida Torneros

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