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Cresci ouvindo Amália. Ela vinha ao Brasil e aqui fazia sucesso. Figura adorada em sua pátria a fadista deixou um legado imenso que mantém o amor à sua música nas novas gerações. Pelas noites do bairro alto, em Lisboa, faz-se silêncio na hora de se ouvir o fado. Quando estive na famosa Tasca do Chico há 3 anos atrás o que mais me impressionou foi a referência que tanto os nativos como os turistas fazem quando se canta alguma das canções de Amália. Comprei um livro sobre a vida dela na primeira vez que fui ao Porto em 2009, na livraria Lello. Escrito por uma amiga de décadas traz revelações sobre a vida de amor à arte e ao seu Portugal.
Uma vez comprei aqui no Brasil um CD gravado na casa dela junto com Vinicius de Moraes. Dei de presente a uma amiga portuguesa mas escutamos juntas muitas vezes o antológico "saudades do Brasil em Portugal".
Entretanto quando acordo como hoje com saudades da Amália busco ouvir Casa da Mariquinhas que em mim tem um efeito intenso. Vem à minha boca o gosto da ginginha licor saboroso que gostava de beber no balcão em pé ao caminhar em Lisboa. E saía por lá esquecendo a dor devidamente saciada da sede de aliviar a tal saudade.
Amália é patrimônio da língua portuguesa e da nossa cultura. O fado vive assim como ela também.
Resta-me comer sardinhas e tomar um bom vinho português na hora do almoço. Mas quanto às saudades e à dor só me cabe reviver a própria voz do meu avozinho português Antonio, com quem convivi até meus 9 anos e que me apresentou Amália num disco de vinil onde ela interpretava Foi Deus. Aquele que me pós no peito um Rosário de penas que vou desfiando a cantar. Viva o fado. Viva Amália!
Cida Torneros
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