Recado do meu amigo e terapeuta José Arruda, pelos 65!
Parabéns! querida. Pela data de hoje, por sua bonita história regressa, e pelo seus planos realistas de presente e futuro. Fora do "fazer", encontramos o usufruir, e a hora é propícia para isto. Bom proveito. Salve os 65, com seus ônus, mas também com seu bônus de poder enfim usufruir o simples apreciar da vida. Que passagem gratuita dos ônibus, um direito adquirido, se estenda a outra passagem, aquela que nos autoriza a viver a vida com menos pressão e mais apreciação. A vida assim é preciosa em todas as fases, e seus aprendizados, permanentes. Parabéns pelo dia de hoje. Parabéns por tudo. Com carinho. Beijos. José Arruda
Setembro chegou e na madrugada deste primeiro dia meus fantasmas me acordam. Chove, a temperatura caiu e minha mãe ainda dorme pois costuma levantar as 5.
Eu despertei pelas 3 sentindo-me inquieta. Vivo uma fase em que não me reconheço.
Passei tempo demais projetando futuro e fui casada com um trabalho por mais de 40 anos que agora virou passado e não me seduz mais.
Anteontem era sábado e precisei uma Receita de remédio controlado para mamãe o que me fez recorrer à Eloisa. Ao caminhar no cair da tarde para a casa dela comprei salgadinhos e bolo para comemorar o niver que será amanhã dia 2.
Já tinha tido duas pré comemorações com amigas de adolescência na Colombo em 21 de agosto e Almoço Com Katia no Siri na semana passada.
Ontem, o Laet passou aqui cedo e me trouxe um presente.
Quando a noite chegou vieram meu irmão, Cunhada, sobrinhos, Ana, Pedro, Rafael e o o sobrinho neto Eduardo, filho Léo e nora Carol trazendo bolo, salgados e refrigerantes além de muitos presentes.
Eu estava desarrumada e surpresa mas fiquei feliz e curti a festinha. Vera já me convidou para almoçar com ela amanhã que é o dia mesmo dos 65 e no dia 3 terei encontro com Ermelinda e Elza para um lanche.
Mas ainda não me caiu a ficha da fase em que me encontro. No fundo, acho que é a tal fase Tim Maia como diz a Minha prima Carmen 'eu só quero sossego, porém enquanto não acabar de pagar o financiamento da casa onde moro (faltam 40 prestações) o sossego está adiado até os 70.
E será um futuro arrastado à custa do dinheiro contado da aposentadoria e das dores crônicas provenientes de tantas oses. Osteoporose escoliose artrose e certo desânimo.
O setembro vai Chegando sorrateiro enquanto lembro que passarei por nova cirurgia no dia 18. Tudo bem faz parte da vida. E dela também faz parte a viuvez de um Trabalho que morreu e o cansaço de ficar buscando pequenos futuros.
Mais 10 ou 20 ou 30 anos com as perdas às quais vou me adaptando e a luta para fugir dos fantasmas que teimam em me tirar o sono.
Recorro muitas vezes ao passado. Fiz isto e aquilo. E daí? Já passou. Fiz dívidas e se conseguir paga-las antes de partir seria ótimo.
Mesmo assim abri espaço para sonhar com a viagem ao exterior em setembro de 2015, ano em que meu filho finalmente vai casar em julho com festa já marcada.
Meus 65 já tem sabor de etapa vencida.
Se eu tive 35 ou 55 nem me lembro mais o que fazia nesses tempos a não ser que trabalhava.
Hoje meu trabalho é cuidar aqui da mamãe que neste momrnto, fala sozinha sonhando e dos meus médicos que viraram o ponto alto da minha agenda.
De qualquer modo comemorar a sobrevivência ainda é o melhor remédio para enfrentar as muitas madrugadas de viuvez que me esperam por aí.
Salve os 65, suas festinhas, meus amigos e amigas e, principalmente, minha família.
Sei que o texto é personalista e egocêntrico, mas, perdoem-me, estou num momento em que ter 65 significa entre outras coisas, não pagar mais as passagens de onibus e metrô, além de caminhar devagar, conviver com o passado mais do que o futuro e ainda, tentar fazer do presente um corajoso dia de sobrevivência, a cada amanhecer!
Cida Torneros
Um comentário:
Reja ligou e virá com Zaza me ver amanhã de tardinha.
Cris ligou e combinamos nos ver em Campos em outubro.
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