Maracanã

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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Meus dois encontros com Taiguara






Uma noite em 69 ou 70, eu voltava da faculdade, na estação das barcas, em Niterói,  havia um palco montado e um jovem cantor interpretava Helena. Era o Taiguara, eu o ouvi, contrita, e, por alguns minutos, senti uma emoção inexplicável.  Estávamos em plena dureza da Ditadura, a letra da canção não era de protesto explícito,  mas sua mensagem era a do amor livre. Liberdade era para nós a palavra de ordem. Deslizei em seguida pelas águas da baía de Guanabara, não sem antes perguntar o nome daquele cantor que eu acabava de conhecer.
De longe, acompanhei sua carreira, as perseguições políticas,  os seu exílios.
Um outro dia, no início dos anos 90, eu dirigia um jornal para a Colônia espanhola no Brasil e meu escritório ficava na rua Alvaro Alvim, no centro do Rio.
Entrei no elevador, além do cabineiro, estava um homem vestido de branco. Olhar misterioso eu o encarei. Ele percebeu que eu o reconheci. Mas não falamos. Houve um meio sorriso. Saltei no quinto andar, ele subiu. Entrei na minha sala, estava novamente emocionada. Era o Taiguara, um símbolo da minha geração.  Em casa, mais tarde, fui buscar os discos que colecionara dele para re ouvir.
Pouco tempo depois, veio a notícia da sua morte.
Hoje, a manhã me acordou e liguei a tevê.  No programa Sarau, da Globo News,  uma homenagem a Taiguara.
Lembrei então das duas vezes em que o encontrei.
Pensei nos encontros e desencontros da nossa geração e uma musica dele, entre tantas, saltou dentro de mim. Uma em que ele diz que o sonho não acabou.
Taiguara vive no sonho da minha geração.
Viva Taiguara!
Cida Torneros


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