Quando os fantasmas assombram nossas noites, tudo o que aguardamos, ansiosamente, é pela mudança da escuridão sendo invadida pela luz do sol.
Amanhecer é fenômeno tão natural quanto especial, dá lugar a um renascimento diário, personalizado, envolto no mistério da renovação de fé, esperança, agradecimento por um novo caminhar, uma oportunidade de recomeçar a vida, ainda que esta se apresente nebulosa e quase triste.
Um raio iluminado espraiou meu quarto, olhei o relogio, eram 5.56 h da manhã, minha madrugada tinha sido muito difícil, não me sentia nada bem, fisica e emocionalmente.
Mas, levantei da cama, orei minha pequenina prece de boas vindas ao dia e fui fazer um café para acordar meu corpo e despertar a alma que anda tão sofrida.
Por falar em alma, minhas leituras da semana que se despede, incluiram um livro sobre a vida de Alan Kardec, o francês pai do espiritismo, uma criatura que, através da sua investigação e perseverança, revolucionou o olhar humano sobre os fantasmas que o inconsciente coletivo costuma afugentar com a racionalidade cartesiana do cientificismo.
Nada mais confuso, mais incisivo ou aterrador, do que tentar entender o mistério da passagem para o outro lado, cuja dimensão nos é trazida por tantas teorias ou praticas religiosas, mas em tal proporção que confunde mentes necessitadas de aceitação da finitude da vida e seus manifestos legados a gerações.
Uma imensa dificuldade em lidar com a velhice avançada da minha mãe, agravam-se em mim os traumas de um relacionamento que sempre foi tenso entre nós, mas, o pior é constatar a distância entre emoção e razão a esta altura da vida, entre duas pessoas, uma chegando aos 90 e outra a caminho dos 70.
Trazemos pontos em comum e inúmeras divergências, apesar do amor.
Não chego a explicar tantos altos e baixos, mas talvez deva aceitar mais a pequenez da vida encarnada e quem sabe, será a tal vida espiritual, que me mostrará respostas para tantas perguntas?
Agora, 7 horas, o sol entra no meu coração, me compete dizer bom dia, e acolher a luz que me traz ar para inspirar o oxigênio que o corpo pede e a paz que a alma precisa.
Cida Torneros
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