As coisas andam mesmo assim, no mundo globalizado, sucedendo-se de roldao, quase que inconsequentemente. Nem dá tempo de esquentar o coração e já se fez a fila andar, uma febre de não sofrer, de negar o envolvimento, de fugir do compromisso, de somente se divertir, ter prazer, alegria, ir no vai da valsa.
A cada rodada, um blefe, a cada jogada, um desatino, talvez a derrota ou pode ser a gota d'água a nos encher o pote que é o nosso coração, sofrido, remendado, até surpreso ainda, mas, que tenta recuperar-se dos enfartados e enfadados rodízios de amores vãos.
Cansado sentimento de recomeçar ou acreditar. Desabafar o peito e relaxar os nós, as amarras de um desejo ou sonho. Seguir sem ilusão, mandar aquele abraço, zombar de si mesmo e sacudir a poeira da queda.
Dar a volta por cima, estar pronto para se renovar e reerguer forças, sem ruminar palavras do desafeto, gente sem eira nem beira, que imagina ofender e fala no vácuo.
Cada frase infeliz ficará mesmo sem resposta, não se pode perder tempo com tamanha falta de civilidade. Alô Rio de Janeiro, aquele abraço.
A gota d'água que transborda a alma pode ser a salvação da lavoura, o ponto de mutação que faz enxergar o equilíbrio e repensar sobre os sentimentos sadios, passíveis de serem vividos e merecidamente acolhidos.
Buscar o descanso da meditação e o aconchego da paz interior, saber-se feliz na solidão da consciência tranquila e, como prêmio incomparável, entender que amar pode ser renunciar e deixar livre quem se ama, para que a felicidade o encontre nas manhãs do amanhã, em qualquer esquina do mundo imenso.
Cida Torneros
Nenhum comentário:
Postar um comentário