aqui tem música, poesia, reflexões, homenagens, lembranças, imagens, saudades, paixões, palavras,muitas palavras, e entre elas, tem cada um de vocês, junto comigo... Cida Torneros
Maracanã
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
sábado, 25 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Quando você se requebrar caia por cima de mim
Um carnaval que passo em
repouso, recomendação médica, depois que minha pressão foi a 20 por 10
na quarta, fui internada, liberada, monitorada...etc..etc...
Em casa, sozinha, me saio bem, afinal, tem o computador, voltei pro face, os amigos e amigas não param de ligar, ponho dvds que curto, vejo alguns desfiles na tv, lembro de velhos carnavais...
Como meu anjo de guarda é experto, me levou pro Imprensa que eu gamo antes, e também pro Carioca da Gema há duas semanas, quando me acabei de tanto sambar com os amigos portugueses.
Agora, o carnaval vai passando, justo aqui na Vila Isabel, ouço seu som e sinto seu cheiro, nem me atrevo a dar uma puladinha...rs..mas curto saudades de carnavais e de criaturas que marcaram a tradição brasileira.
Tem uma, especial, eu era bem menina quando ela se foi, mas ela me comove, uma portuguesinha, que virou brasileira, que virou baiana, que virou americana, que projetou o Brasil, e que tem seu valor.
Carmem Miranda, cheia de ginga, cheia de bananas, cheia de baianices explícitas, uma diva com jeito e olhos de comerem hollywood, quando se requebrava, mãos e sapatos altíssimos, ela nos convidava a comemorar
o carnaval que é a vida. Pretexto pra recordar suas músicas, filmes, fantasias, alegorias, sorrisos, voz de brasileiríssima ou será de baianíssima. Viva Carmen. Viva sua passagem pela Terra e seu legado impressionante.
Gosto da frase...Quando você se requebrar caia por cima de mim...nossa...eu me arrepio, mesmo com estes medicamentos alienantes e dopantes, de tarja preta, que me olham assustados, pois não me tiram a alegria de viver e nem tampouco vão ofuscar o brilho do carnaval. O carnaval tá dentro de mim, e eu quando me requebrar, aguardem, vou cair por cima da alegria de todos e todas. Acho que tento ir no desfile das campeãs, até lá, já estou boa, claro, o anjinho de guarda é pró-ativo, tá trabalhando sério e me promete volta triunfante... vou preparar uma fantasia a la Carmen, vou de baiana, isso, mesmo, decidi... e tomara que a Portela vença, com seu enredo homenageando a nossa Bahia, aí, ninguém me segura, nem a pressão descompensa, só vou saber mesmo contar depois...o que é que a baiana tem...feliz Carnaval pra Bahia e pro Brasil inteiro!
Curtam por mim tudinho, ok?
beijos
Cida Torneros, RJ
Em casa, sozinha, me saio bem, afinal, tem o computador, voltei pro face, os amigos e amigas não param de ligar, ponho dvds que curto, vejo alguns desfiles na tv, lembro de velhos carnavais...
Como meu anjo de guarda é experto, me levou pro Imprensa que eu gamo antes, e também pro Carioca da Gema há duas semanas, quando me acabei de tanto sambar com os amigos portugueses.
Agora, o carnaval vai passando, justo aqui na Vila Isabel, ouço seu som e sinto seu cheiro, nem me atrevo a dar uma puladinha...rs..mas curto saudades de carnavais e de criaturas que marcaram a tradição brasileira.
Tem uma, especial, eu era bem menina quando ela se foi, mas ela me comove, uma portuguesinha, que virou brasileira, que virou baiana, que virou americana, que projetou o Brasil, e que tem seu valor.
Carmem Miranda, cheia de ginga, cheia de bananas, cheia de baianices explícitas, uma diva com jeito e olhos de comerem hollywood, quando se requebrava, mãos e sapatos altíssimos, ela nos convidava a comemorar
o carnaval que é a vida. Pretexto pra recordar suas músicas, filmes, fantasias, alegorias, sorrisos, voz de brasileiríssima ou será de baianíssima. Viva Carmen. Viva sua passagem pela Terra e seu legado impressionante.
Gosto da frase...Quando você se requebrar caia por cima de mim...nossa...eu me arrepio, mesmo com estes medicamentos alienantes e dopantes, de tarja preta, que me olham assustados, pois não me tiram a alegria de viver e nem tampouco vão ofuscar o brilho do carnaval. O carnaval tá dentro de mim, e eu quando me requebrar, aguardem, vou cair por cima da alegria de todos e todas. Acho que tento ir no desfile das campeãs, até lá, já estou boa, claro, o anjinho de guarda é pró-ativo, tá trabalhando sério e me promete volta triunfante... vou preparar uma fantasia a la Carmen, vou de baiana, isso, mesmo, decidi... e tomara que a Portela vença, com seu enredo homenageando a nossa Bahia, aí, ninguém me segura, nem a pressão descompensa, só vou saber mesmo contar depois...o que é que a baiana tem...feliz Carnaval pra Bahia e pro Brasil inteiro!
Curtam por mim tudinho, ok?
beijos
Cida Torneros, RJ
Dos beijos de carnaval
Dos beijos de carnaval
( texto publicado em sites, autoria: Maria Aparecida Torneros)
A alegria contagia ocarnaval. Sorrisos que cantam as canções da folia.
Uma boca que oferece um beijo. Pode ser roubado, sem jeito, de surpresa.
Vale a espontaneidade que marca os beijos do carnaval. Não precisam de
ensaio. Um desfile de beijos na passarela elimina as diferenças entre
raças ou espécies.
A bailarina beija o índio, o kalifa troca a
odalisca e oscula a coelhinha, sem falar na oncinha que beija o cigano e
a cigana que beija o pirata.
Mistura de classes, idades, cores, brilhos, originalidade à solta, a sensualidade toma conta do povo.
A senhora matrona ganha um beijo do jovem atrevido. O homem maduro se
arrisca a roubar o carinho de uma ninfeta saltitante. É carnaval, não me
leve a mal, vou beijar-te agora, amanhã é outro dia.
Amores de
carnaval surgem e se duram os três dias, são pra sempre nas lembranças.
Nada como beijar nos carnavais, com a isenção das letras dos sambas e
marchas a embalarem nossas promessas de amor volúvel. Ninguém tem
compromisso com o tempo, não há futuro no carnaval. Só o intervalo. Há
que se ter prazer de viver, esquecer dos dramas , pensar só muito depois
nos problemas do dia-a-dia.
Nos desfiles, na passarela, nos
camarotes, no asfalto, nas arquibancadas, os brilhos e coloridos dos
olhos e dos sorrisos, sutilezas borbulhantes, que trafegam entre corpos
balançantes, pernas puladeiras, pés afogueados, cabeças inquietas,
braços nadadores dos ares da ilusão.
Atrás dos trios
elétricos, dos cordões de frevos, todos se empurram e pulam, se abraçam e
cantam. Nascem a todo momento os beijos entre amigos, amados e
estranhos que passam a se conhecer impulsionados pelo clima alucinante
que o carnaval suscita.
Vale tentar conquistar aquele novo
bem, que nem bem é um bem duradouro, mas o troféu insano, o beijo que de
tão desejado, quando ocorre, já era de gosto antecipadamente sentido.
Nenhum beijo do resto do ano se compara aos beijos do carnaval.É como o
desenrolar das serpentinas no ar, como os confetes a se espalharem nos
ventos, caindo sobre as cabeças fora de prumo, tem a viagem da loucura
que torna cada folião um ser de múltiplas dimensões.
Um beijo
dado no carnaval fica na lembrança como um ato de entrega, carinho, como
o socorro da respiração boca a boca, salva o carnaval e dá sabor a
vida.
Os beijos do carnaval parecem salvar mesmo a esperança
dos vivos, dos seres capazes de sair por aí, dançando a euforia dos
amores que se vestem de purpurina, de plumas, de paetês, de tantas
cores, tantos iluminados e iludidos movimentos.
Beijos que
restabelecem a paixão fugaz, em cada coração de pierrots, colombinas,
arlequins, mestre-salas, porta-bandeiras, passistas, rainhas, destaques,
reis, bateristas, abre-alas, carnavalescos, puxadores de samba,
cabrochas, comissões de frente, baianas, alas de criaturas caricaturadas
de emoção, e ainda, nas almas sedentas do eterno carnaval de lábios
oferecidos para o prazer, como se fossem a respiração boca a boca que
nos devolve a vida ou a esperança dela.
O Quitandeiro
Monarco
Quitandeiro, leva cheiro e tomate
Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão
Prepara a barriga macacada
Que a boia tá enfezada e o pagode fica bom
Chega só 30 litros de uca
Para fechar a butuca
Desses negos beberrão
Chocolate, tu avisa a crioula
Que carregue na cebola e no queijo parmesão (BIS)
Mas não se esqueça
De avisar a nêga Estela
Que o pessoal da Portela
Vai cantar partido alto
Vai ter pagode até o dia amanhecer
E os versos de improviso
Serão em homenagem à você
Quitandeiro, leva cheiro e tomate
Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão
Prepara a barriga macacada
Que a boia tá enfezada e o pagode fica bom
Chega só 30 litros de uca
Para fechar a butuca
Desses negos beberrão
Chocolate, tu avisa a crioula
Que carregue na cebola e no queijo parmesão
Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão
Prepara a barriga macacada
Que a boia tá enfezada e o pagode fica bom
Chega só 30 litros de uca
Para fechar a butuca
Desses negos beberrão
Chocolate, tu avisa a crioula
Que carregue na cebola e no queijo parmesão (BIS)
Mas não se esqueça
De avisar a nêga Estela
Que o pessoal da Portela
Vai cantar partido alto
Vai ter pagode até o dia amanhecer
E os versos de improviso
Serão em homenagem à você
Quitandeiro, leva cheiro e tomate
Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão
Prepara a barriga macacada
Que a boia tá enfezada e o pagode fica bom
Chega só 30 litros de uca
Para fechar a butuca
Desses negos beberrão
Chocolate, tu avisa a crioula
Que carregue na cebola e no queijo parmesão
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Uma certa Aracy
Uma certa Aracy
Eles se
conheceram em Hamburgo, na Alemanha, às vésperas da Segunda Guerra
Mundial. Ele, menino pobre, viu na carreira diplomática uma
maneira de conhecer o mundo. Em 1934, prestou o concurso
para o Itamaraty e foi ser cônsul adjunto na Alemanha. Ela,
paranaense, foi morar com uma tia na Alemanha, após a sua separação
matrimonial. Por dominar o idioma alemão, o inglês e o francês,
fácil lhe foi conseguir uma nomeação para o consulado
brasileiro em Hamburgo. Acabou sendo encarregada da seção de
vistos. No ano de 1938, entrou em vigor, no Brasil, a célebre
circular secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no
país. É aí que se revela o coração humanitário de
Aracy. Ela
resolveu ignorar a circular que proibia a concessão de vistos a
judeus. Por sua conta e risco, à revelia das ordens do Itamaraty,
continuou a preparar os processos de vistos a judeus. Como
despachava com o cônsul geral, ela colocava os vistos
entre a papelada para as assinaturas. Quantas vidas terá salvo
das garras nazistas? Quantos descendentes de judeus andarão pelo nosso
país, na atualidade, desconhecedores de que devem sua vida a essa
extraordinária mulher? Cônsul adjunto à época,
seu futuro segundo marido, João Guimarães Rosa, não era responsável
pelos vistos. Mas sabia o que ela fazia e a apoiava. Em
Israel, no Museu do Holocausto, há uma placa em homenagem a essa
excepcional brasileira. Fica no bosque que tem
o nome de Jardim dos justos entre as nações. O nome dela
consta da relação de 18 diplomatas que ajudaram a salvar judeus, durante
a Segunda Guerra. Aracy de Carvalho Guimarães Rosa é a única
mulher. Mas seu denodo, sua coragem não
pararam aí. Na vigência do infausto AI 5, já no Brasil, numa
reunião de intelectuais e artistas, ela soube que um compositor era
procurado pela ditadura militar. Naquele ano de 1968, ela deu
abrigo durante dois meses ao cantor e compositor que
conseguiu, sem ser molestado, fugir para país vizinho. Ela o
escondeu no escritório de seu apartamento. Aquele mesmo local onde seu
marido, João Guimarães Rosa, escrevera tanta história de coronel e
jagunço. Durante todos aqueles dias, o abrigado
observava, da janela, a movimentação frenética do exército no quartel do
Forte de Copacabana. Reservada, Aracy enviuvou em 1967 e jamais
voltou a se casar. Recusou-se a viver da glória de ter sido a mulher de
um dos maiores escritores de todos os tempos. Em
verdade, ela tem suas próprias realizações para celebrar. Hoje,
aos 99 anos, pouco se recorda desse passado, cheio de coragem, aventura,
determinação, romance, literatura e solidariedade. Mas a sua
história, os seus feitos merecem ser lidos por
todos, ensinados nas escolas. Nossas crianças, os cidadãos do
Brasil necessitam de tais modelos para os dias que vivemos. Seu
marido a imortalizou em sua obra Grande sertão: veredas. Ao publicar a
obra, não a dedicou a ela, doou a ela seu livro
mais importante. Aracy desafiou o nazismo, o estado novo de
Getúlio Vargas e a ditadura militar dos anos 60. Uma mulher que
merece nossas homenagens. Uma brasileira de valor. Uma verdadeira cidadã
do mundo.
|
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Uma certa
Aracy, um certo João, de René Daniel Decol, publicado na Revista Gol(de bordo), de agosto 2007. |
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Whitney Houston e Judy Garland, histórias que se entrecruzam...
Whitney Houston e Judy Garland, histórias que se entrecruzam...
Em meio ao noticiário triste sobre a perda de Whitney Houston fui assistir com duas amigas a peça sobre a vida de Judy Garland, vivida no palco pela excelente Claudia Netto.
Duas estrelas com fins parecidos. Em idades semelhantes, de causas que envolvem drogas, apesar de talentos imensos, vidas envoltas em crises existenciais profundas, mortes solitárias, amores distantes, provavelmente, falsos amores por divas que encantam gerações e se desencantam dentro dos seus universos interiores. Poderia citar muitas e muitos. Os reféns do sucesso, os prisioneiros da mídia, os aquartelados da máquina propulsora que os impele a vender música, fazer shows, filmes, apresentar-se em tournês fantásticas, correndo o mundo de cidade em cidade, de hotel em hotel, engrossando faturamentos de uma indústria opressora que os recompensa com ... bem...aqui eu páro e reflito... com o que mesmo estas criaturas de vozes e talentos maravilhosos alcançam felicidade e paz interna, com suas famílias, no seu trabalho, na sua trajetória marcada pelas fugas e recomeços?
Não vou citar...outros e outras, deixo que cada um faça sua própria lista. A tal lista da piedade pelos que nos oferecem tanta beleza e a quem devolvemos cifras em bilheterias ou compra de cds e dvds, ou idolatria e assédio que certamente não os prenchem nas horas solitárias, no instantes em que precisam se olhar nos espelhos da alma e nem se reconhecem mais em sonhos ou esperanças.
A peça de Judy mostra bem seus momentos de decadência e sua necessidade de drogas. Ela revela que na adolescência , quando gravou as cenas de O mágico de Oz, a drogaram, muitas vezes para que aguentasse o ritimo frenético do trabalho. Depois, para o vício, foi um passo progressivo, deve ter sido assim também com Whitney, somando-se desilusões amorosas, expectativas por sentimentos reais que não se baseiem em uso do seu incomparável marketing, do investimento em suas performances perfeitas ou do mundo pequenino de onde nunca conseguiram sair, mas que fingiram ultrapassar para as luzes dos refletores das noites de entrega dos grandes prêmios que sempre renderam milhões de dólares.
As histórias de ambas, no meu domingo, se entrecruzaram. Ao ouvir a personagem Judy cantar Smile, eu lembrei do belo sorriso de Whitney nas vezes em que a apreciei, em filmes ou televisão.
Sorrir pode ser um artifício magnífico para esconder uma dor insurpotável.
Psicotrópicos podem ajudar no processo e podem levar a um final assim...
Quantas e quantos mais? Insisto em não citar, os leitores podem enumerar e traduzir para si mesmos as mensagens das divas... Eu sempre amarei você... Além do arco-íris...
Chaplin, com Smile, resumiu tudo...e era justamente esta a canção preferida de Michael Jackson, ironia de um destino semelhante, bem, acabei citando um deles, o menino que a máquina transformou também em consumidor voraz de medicamentos, bolinhas, etc. etc...
Meu consolo, ter a certeza de que o público de milhões de fãs de todos estes ídolos, sempre os amarão, e muitas vezes, ao reverem ou reouvirem suas apresentações, poderão se emocionar ou até sorrir, apesar dos pesares e dos narcóticos.
Cida Torneros
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Reconverter...
Reconverter…
no recôncavo baiano…
converter-se à saúde da arte..da cultura do axé…
conversão de atéia, conversão de idéia…
quem sabe da cabeça à ponta do pé?
reconversor da trama interior…
como eu precisei desta música hoje…
reconverti-me ao que sou…aliás, nem sei mais se sou…
um jeito de me redescobrir, um certo clamor
quando li artigo do Nizan…
revi tudo, reconversei comigo, revi conceitos…preconceitos
aceitei as limitações, exultei…o texto é lindo
a única trilha possível, achei, para tal escrito,
seria assim, uma reconversão do anexo…
e me brindei com alguma merecida felicidade
lembrando da belíssima e sempre saudosa cidade
aquela Salvador que sempre me salva, num amplo amplexo…
daí, vou inverter o verso, e no inverso, considero o poema findo,
ainda que o recomece, a qualquer momento, em breve...
Cida Torneros é jornalista, escritora, poeta e amiga do peito do Bahia em Pauta.
no recôncavo baiano…
converter-se à saúde da arte..da cultura do axé…
conversão de atéia, conversão de idéia…
quem sabe da cabeça à ponta do pé?
reconversor da trama interior…
como eu precisei desta música hoje…
reconverti-me ao que sou…aliás, nem sei mais se sou…
um jeito de me redescobrir, um certo clamor
quando li artigo do Nizan…
revi tudo, reconversei comigo, revi conceitos…preconceitos
aceitei as limitações, exultei…o texto é lindo
a única trilha possível, achei, para tal escrito,
seria assim, uma reconversão do anexo…
e me brindei com alguma merecida felicidade
lembrando da belíssima e sempre saudosa cidade
aquela Salvador que sempre me salva, num amplo amplexo…
daí, vou inverter o verso, e no inverso, considero o poema findo,
ainda que o recomece, a qualquer momento, em breve...
Cida Torneros é jornalista, escritora, poeta e amiga do peito do Bahia em Pauta.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Jairzinho, viva o samba e a Copa de 70!
Jairzinho, viva o samba e a Copa de 70!
O verão invadiu a Lapa, novamente, é fevereiro, multidão pelas ruas, bares, restaurantes. Para conseguir uma mesa cheguei duas horas antes, no Carioca da Gema, casa de samba, pra “gringo” nenhum botar defeito.
“Bombou” a noite de sexta, lá fui eu, esperar que a Kátia pegasse no hotel Pestana, os amigos portugueses, que voltam ao frio de Lisboa, no dia seguinte. Não é a primeira vez deles no Rio de Janeiro, mas é sempre uma alegria renovada e sua estréia na nova Lapa.
Entre 19 e 21 horas, a casa estava repleta de botafoguenses. Sim, eles escolhiam seu samba oficial para o carnaval. No júri, uma figura ilustre: Jairzinho, o artilheiro da Copa de 1970. Meus amigos chegaram pelas 9 e meia quando começava o show da casa, e o jogador famoso já tinha ido embora.
Mas, a Cida admiradora dele, claro, foi lá e pediu para tirar foto com o ídolo, avisando que ia enviar para um outro fã dele, que é francês, o Ahmed, que me disse ser apaixonado pela seleção brasileira de 70.
Seu jeito e olhar carinhoso, ele demonstrou, quando me ouviu falar que eu tinha 20 anos naquele dia da vitória inesquecível e que me encontrava em Copacabana, onde, literalmente, pulei, como uma cabrita, na Miguel Lemos.
Respondeu que tem fotos de Copa(cabana), no dia da Copa...rs.. pois lhe deram de presente, ele guarda até hoje, mesmo sabendo que o Brasil inteiro festejou, disse que sabia que Copacabana ferveu naquela data!
Pois é, o samba vencedor do “Bota” conquistou seu chequinho de 5 mil “pilas” e o show da casa começou.
Kátia chegou com Abílio, Rosy e Sofia, caímos no samba. “Amélia que era mulher de verdade”, Quitandeiro, avisa à rapaziada que hoje tem macarronada, a Vida é bonita é bonita, Gonzaguinha, ai, meu Deus, a noite é maravilhosa, na Lapa carioca, dá pra pular como há 40 anos atrás...rs...
Vamos que vamos, a garotada, gente de pele bronzeada, os “gringos” sambando em francês, em inglês, em italiano, em “espanhol”, aí, passo um email também pra minha amiga Penha, chefe da torcida Tulipas Vascaínas, avisando que tirei foto com o Jairzinho para fazer inveja no Ícaro Moreno, meu ex-chefinho da EMOP, botafoguense doente...rs... mando cópia pra ele, que imediatamente, na madrugada, responde...”quero ver essa foto” , coisa de gente antenada, ligada em samba e em futebol, como cabe ser a todo brasileiro ou brasileira que se preza...
Na manhã seguinte, meu querido Ahmed também responde, desde Paris, onde ele me conta que faz menos 6 graus, e me agradece a foto, cheia de “calor” brasileiro, que lhe mandei... Esclarece que o Jairzinho é o jogador de quem mais gosta!
Acertei na mosca, ou melhor, ela me acertou...pois me levou para testemunhar a festa preto e branca no Carioca, e não é que, eu estava com um vestido preto de bolas brancas.... coincidência ou premonição?
Amei a festa, amei desejar saúde ao Jairzinho, amei agradecer a ele novamente pelo grande artilheiro que é nosso, é do Brasillllllllll... hummm... Viva o samba e a Copa de 70! ouiiiiiiiiiii!!!
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
reconverter
reconverter…
no recôncavo baiano…
converter-se à saúde da arte..da cultura do axé…
conversão de atéia, conversão de idéia…
quem sabe da cabeça à ponta do pé?
reconversor da trama interior…
como eu precisei desta música hoje…
reconverti-me ao que sou…aliás, nem sei mais se sou…
um jeito de me redescobrir, um certo clamor
quando li artigo do Nizan…
revi tudo, reconversei comigo, revi conceitos…preconceitos
aceitei as limitações, exultei…o texto é lindo
a única trilha possível, achei, para tal escrito,
seria assim, uma reconversão do anexo…
e me brindei com alguma merecida felicidade
lembrando da belíssima e sempre saudosa cidade
aquela Salvador que sempre me salva, num amplo amplexo…
daí, vou inverter o verso, e no inverso, considero o poema findo,
ainda que o recomece, a qualquer momento, em breve...
Cida Torneros é jornalista, escritora, poeta e amiga do peito do Bahia em Pauta. Partiu dela a sugestão de replicar no BP o artigo de Nizan, que fez a autora de “A Mulher Necessária” sentir como nunca a vontade de ouvir Reconvexo”.
no recôncavo baiano…
converter-se à saúde da arte..da cultura do axé…
conversão de atéia, conversão de idéia…
quem sabe da cabeça à ponta do pé?
reconversor da trama interior…
como eu precisei desta música hoje…
reconverti-me ao que sou…aliás, nem sei mais se sou…
um jeito de me redescobrir, um certo clamor
quando li artigo do Nizan…
revi tudo, reconversei comigo, revi conceitos…preconceitos
aceitei as limitações, exultei…o texto é lindo
a única trilha possível, achei, para tal escrito,
seria assim, uma reconversão do anexo…
e me brindei com alguma merecida felicidade
lembrando da belíssima e sempre saudosa cidade
aquela Salvador que sempre me salva, num amplo amplexo…
daí, vou inverter o verso, e no inverso, considero o poema findo,
ainda que o recomece, a qualquer momento, em breve...
Cida Torneros é jornalista, escritora, poeta e amiga do peito do Bahia em Pauta. Partiu dela a sugestão de replicar no BP o artigo de Nizan, que fez a autora de “A Mulher Necessária” sentir como nunca a vontade de ouvir Reconvexo”.
O século da mulher Nizan Guanaes*
OPINIÃO/MULHER
O século da mulher
Nizan Guanaes*
Na noite do dia 13 de setembro, em Nova York, Tina Brown, uma das maiores jornalistas dos Estados Unidos, lança sua Women in the World Foundation. A Fundação Mulheres no Mundo visa mobilizar o mundo em torno dos problemas das mulheres e mobilizar as mulheres em torno dos problemas do mundo.
O que não falta no mundo de hoje são problemas enormes, e em muitos deles a mulher é o caminho mais curto e eficiente para resolvê-los. Como resolver o problema das drogas, da obesidade infantil, da Aids ou da gravidez precoce sem engajar a mulher?
Como expandir o microcrédito ou cobrar a melhora da qualidade de ensino sem o apoio da mãe de família? Como controlar a natalidade, questão fundamental num mundo sufocado, sem envolver a mulher? Dos dez maiores problemas da atualidade, na maioria deles a mulher é a solução. É a mulher quem organiza o lar, a família. Promover o desenvolvimento educacional e social da mulher é injetar desenvolvimento e prosperidade na veia.
Como filho, como marido, como padrasto e como amigo de grandes mulheres, abraço essa causa com absoluta convicção. O desenvolvimento das mulheres no mundo inteiro é o caminho mais rápido para o desenvolvimento do mundo. E a situação da mulher no mundo ainda é de absoluto desrespeito. Tratadas como bichos e escravas, trancadas em quartos e debaixo de burcas, exploradas sexual e economicamente, humilhadas e reduzidas, as mulheres no mundo estão longe das esplendorosas e emancipadas mulheres do cinema, das novelas ou das revistas de moda.
Flagro-me, às vezes, em piadas sexistas que são fruto de 53 anos e da sociedade onde nasci e cresci. E aquele pequeno Carlos Imperial que há dentro da minha idade só não se desenvolve porque, ao primeiro ato falho, ele apanha da Donata. É munido dessa consciência, desse mea-culpa, e dessa imensa fé no potencial transformador da mulher que me engajo na Women in the World Foundation.
Minha mãe, hoje com mais de 80 anos, se formou em engenharia civil em 1957, na Bahia. Foi uma visionária. E seus olhos visionários se tornaram meus.
Mesmo tendo ela nascido no Pelourinho, esses olhos sempre foram globais… E me ensinaram a não ter medo do mundo. Militante de esquerda, minha mãe me ensinou a compreender mais amplamente a história longe do sistema de castas da sociedade aristocrática da Bahia do meu tempo. Ela foi a primeira pessoa a me falar sobre o futuro da China (isso na década de 1970) ou sobre o Peter Drucker, o guru da gestão.
Hoje, ela enfrenta a grande noite do Alzheimer. Mas, se ela já esqueceu de tudo o que ela foi, nunca esquecerei o que ela representa. E, através de mim e de meus filhos, ela deixa sua marca no tempo. Sou eu quem escreve este texto, mas a caligrafia é dela. É por isso que acredito que, cuidando de cada mulher, escrevemos e reescrevemos milhões e milhões de histórias. Mas, para fazermos isso, é preciso mudar o padrão mental de nossa sociedade.
Independentemente da política partidária (virei ateu nessa área), o Brasil já deu um grande passo na política de gêneros ao eleger uma mulher presidente.
E acertarão a publicidade e as marcas que tiverem um entendimento claro da mulher, de seu novo papel e de seu imenso potencial. Dona Maria, a Malu Mulher da base da pirâmide, não quer só os produtos da cesta básica. Dona Maria quer beijar, quer ser jovem, quer unha bonita e o cabelo da Gisele.
E a filha da dona Maria quer falar inglês, trabalhar na Vale ou na Petrobras, ser transferida para uma subsidiária da companhia no exterior e trabalhar num projeto social da empresa para que outros filhos de dona Maria tenham a mesma chance que ela. Entender os anseios da cidadã, da mulher, da mãe, são desafios dos homens públicos, dos empresários, dos homens de marketing e de todos nós, homens em geral.
Tenho certeza absoluta de que, se algo pode mudar radicalmente o mundo e transformá-lo em um lugar mais justo e melhor de viver, esse algo é a mulher.
*Nizan Guanaes é publicitário e escreve na ‘Folha’.
O século da mulher
Nizan Guanaes*
Na noite do dia 13 de setembro, em Nova York, Tina Brown, uma das maiores jornalistas dos Estados Unidos, lança sua Women in the World Foundation. A Fundação Mulheres no Mundo visa mobilizar o mundo em torno dos problemas das mulheres e mobilizar as mulheres em torno dos problemas do mundo.
O que não falta no mundo de hoje são problemas enormes, e em muitos deles a mulher é o caminho mais curto e eficiente para resolvê-los. Como resolver o problema das drogas, da obesidade infantil, da Aids ou da gravidez precoce sem engajar a mulher?
Como expandir o microcrédito ou cobrar a melhora da qualidade de ensino sem o apoio da mãe de família? Como controlar a natalidade, questão fundamental num mundo sufocado, sem envolver a mulher? Dos dez maiores problemas da atualidade, na maioria deles a mulher é a solução. É a mulher quem organiza o lar, a família. Promover o desenvolvimento educacional e social da mulher é injetar desenvolvimento e prosperidade na veia.
Como filho, como marido, como padrasto e como amigo de grandes mulheres, abraço essa causa com absoluta convicção. O desenvolvimento das mulheres no mundo inteiro é o caminho mais rápido para o desenvolvimento do mundo. E a situação da mulher no mundo ainda é de absoluto desrespeito. Tratadas como bichos e escravas, trancadas em quartos e debaixo de burcas, exploradas sexual e economicamente, humilhadas e reduzidas, as mulheres no mundo estão longe das esplendorosas e emancipadas mulheres do cinema, das novelas ou das revistas de moda.
Flagro-me, às vezes, em piadas sexistas que são fruto de 53 anos e da sociedade onde nasci e cresci. E aquele pequeno Carlos Imperial que há dentro da minha idade só não se desenvolve porque, ao primeiro ato falho, ele apanha da Donata. É munido dessa consciência, desse mea-culpa, e dessa imensa fé no potencial transformador da mulher que me engajo na Women in the World Foundation.
Minha mãe, hoje com mais de 80 anos, se formou em engenharia civil em 1957, na Bahia. Foi uma visionária. E seus olhos visionários se tornaram meus.
Mesmo tendo ela nascido no Pelourinho, esses olhos sempre foram globais… E me ensinaram a não ter medo do mundo. Militante de esquerda, minha mãe me ensinou a compreender mais amplamente a história longe do sistema de castas da sociedade aristocrática da Bahia do meu tempo. Ela foi a primeira pessoa a me falar sobre o futuro da China (isso na década de 1970) ou sobre o Peter Drucker, o guru da gestão.
Hoje, ela enfrenta a grande noite do Alzheimer. Mas, se ela já esqueceu de tudo o que ela foi, nunca esquecerei o que ela representa. E, através de mim e de meus filhos, ela deixa sua marca no tempo. Sou eu quem escreve este texto, mas a caligrafia é dela. É por isso que acredito que, cuidando de cada mulher, escrevemos e reescrevemos milhões e milhões de histórias. Mas, para fazermos isso, é preciso mudar o padrão mental de nossa sociedade.
Independentemente da política partidária (virei ateu nessa área), o Brasil já deu um grande passo na política de gêneros ao eleger uma mulher presidente.
E acertarão a publicidade e as marcas que tiverem um entendimento claro da mulher, de seu novo papel e de seu imenso potencial. Dona Maria, a Malu Mulher da base da pirâmide, não quer só os produtos da cesta básica. Dona Maria quer beijar, quer ser jovem, quer unha bonita e o cabelo da Gisele.
E a filha da dona Maria quer falar inglês, trabalhar na Vale ou na Petrobras, ser transferida para uma subsidiária da companhia no exterior e trabalhar num projeto social da empresa para que outros filhos de dona Maria tenham a mesma chance que ela. Entender os anseios da cidadã, da mulher, da mãe, são desafios dos homens públicos, dos empresários, dos homens de marketing e de todos nós, homens em geral.
Tenho certeza absoluta de que, se algo pode mudar radicalmente o mundo e transformá-lo em um lugar mais justo e melhor de viver, esse algo é a mulher.
*Nizan Guanaes é publicitário e escreve na ‘Folha’.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Das passarelas para a sua casa: o laranja na decoração
Depois de reinar nas passarelas de moda, a cor laranja é a grande aposta na decoração de interiores.
Laranja no escritório para estimular as ideias.
Muitas são as tendências que vêm da moda e invadem a decoração da
casa. Este ano, a 1ª tendência a migrar das passarelas é a cor laranja,
considerada a cor da vez nas semanas de moda internacional e a grande
aposta na decoração de interiores da temporada.
Considerada uma cor quente, alegre e forte, pode ser muito bem
aproveitada em escritórios, pois tem a tendência de estimular ideias e é
muito compatível com a cozinha, pois estimula o apetite.
Para incluir a cor na sua casa sem ter que mudar tudo, a opção mais
prática é colocá-la nos detalhes e acessórios. A tonalidade pode ser
utilizada para pintar a parede, em almofadas, tapeçarias, lustres, em
uma capa para o sofá, ou até mesmo em peças estratégicas do mobiliário,
como poltronas e cadeiras.
Vale lembrar que não é necessário, e até pouco indicado, que todos
os móveis sejam da mesma cor. A variação de cores é o que torna o
ambiente interessante.
Importante também os cuidados com o exagero, já que o excesso do
laranja pode cansar ou deixar o ambiente estressante. Pequenas
modificações podem transformar qualquer cômodo, aproveitando as novas
tendências e ideias para a nova estação, sem, necessariamente, alterar
todo o ambiente. Pequenos detalhes fazem toda a diferença.
Trevos, em setembro de 2010
Trevos!
Enquanto seres mediados entre sonhos e realidades, cultivamos lendas internas e culturais, assimilamos historinhas fantasiosas, deleitamos pequenas superstições, que , no fundo, sabemos, não passam de pretextos fugidios para nos fazermos um pouco mais felizes em meio a uma vida onde há muito mais perguntas do que respostas, e estas, quando acontecem, nunca esgotam nossa perplexidade diante do mistério do universo...
Pois os trevos dizem por aí que são expressão de sorte. Tenho deles, de 3 folhas, teimosamente crescendo nas frestas da calçada da minha casa, motivo de brincadeira dos meus vizinhos, com quem já reclamei porque os andaram arrancando sob alegação de que eram matinho, mas pra mim, trazem bom augúrio, florescem pequeninas pétalas azuis, de vez em quando e eu as fotografo quando lembro.
D. Margô, saudosa mãe da minha amiga Marion Bombom, adentrou no hospital, quando meu filho nasceu e me levou, fresquinho um trevo de 4 folhas, para dar sorte ao pequeno rebento. Colei-o no diário que escrevi para o Léo, aliás, por 30 anos...foi quando entreguei a ele o livreto repleto de lembranças, da sua vidinha de bebê, de menino, de adolescente e de homem feito...claro que escrevi esporadicamente mas procurei registrar o quanto eu torço por ele, pela sua sorte, na passagem pelos trevos da vida, nos momentos em que as forças e energias se cruzam e somos testados pela vida.
Não me atrevo ( trocadilho infamezinho) a travar embate com trovões ou traçar coordenadas sobre os caminhos tortuosos que as voltas da vida nos fazem trilhar. Mas me intrometo no destino com a força do pensamento positivo, isso sim. Busco a luz, compartilho-a com seres iluminados que me cruzam o caminho, entendo que as trevas só existem se não nos permitimos ver pontos iluminados no fim dos túneis escuros, e, quando observamos, lá longe um resquício de luz, temos que ir ao seu encontro, para nos fazermos crescer em fé e esperança, em harmonia e bem-querer.
Ao completar ontem, 61 anos, pensei nos trevos. Nas suas florezinhas azuis, na sua delicadeza e humildade, brotando em cantos de calçadas velhas e abandonadas, sendo confundidos com matos descartáveis, mas nos oferecendo, pelo menos a mim, chance de refletir sobre pequeníssimas manifestações de uma natureza grandiosa e sábia que nos acolhe, a despeito de nossas ignorâncias, nossos descasos, nossos atrevimentos, como por exemplo, essa coisa de não entendermos bem porque os trevos podem ser de 3 ou 4 folhas ao passo que somos de muitas cabeças, muitas opiniões, e 3 ou 4 podem ser nossas certezas pequeninas em torno do amor, da amizade, da paixão, da espiritualidade, do fascínio pela eternidade questionada, ou pela sorte de amar com profunda sintonia nossos semelhantes e nossos parceiros de existência.
Bom é ter alguns trevos florescendo por onde passo, nas manhãs do tempo, ainda que sejam pisoteados ou arrancados, eles tornam a surgir, teimosamente, a dizer que a vida é círculo vicioso, não importando muito se nós a entendamos ou não!
Cida Torneros
3 de setembro de 2010
Enquanto seres mediados entre sonhos e realidades, cultivamos lendas internas e culturais, assimilamos historinhas fantasiosas, deleitamos pequenas superstições, que , no fundo, sabemos, não passam de pretextos fugidios para nos fazermos um pouco mais felizes em meio a uma vida onde há muito mais perguntas do que respostas, e estas, quando acontecem, nunca esgotam nossa perplexidade diante do mistério do universo...
Pois os trevos dizem por aí que são expressão de sorte. Tenho deles, de 3 folhas, teimosamente crescendo nas frestas da calçada da minha casa, motivo de brincadeira dos meus vizinhos, com quem já reclamei porque os andaram arrancando sob alegação de que eram matinho, mas pra mim, trazem bom augúrio, florescem pequeninas pétalas azuis, de vez em quando e eu as fotografo quando lembro.
D. Margô, saudosa mãe da minha amiga Marion Bombom, adentrou no hospital, quando meu filho nasceu e me levou, fresquinho um trevo de 4 folhas, para dar sorte ao pequeno rebento. Colei-o no diário que escrevi para o Léo, aliás, por 30 anos...foi quando entreguei a ele o livreto repleto de lembranças, da sua vidinha de bebê, de menino, de adolescente e de homem feito...claro que escrevi esporadicamente mas procurei registrar o quanto eu torço por ele, pela sua sorte, na passagem pelos trevos da vida, nos momentos em que as forças e energias se cruzam e somos testados pela vida.
Não me atrevo ( trocadilho infamezinho) a travar embate com trovões ou traçar coordenadas sobre os caminhos tortuosos que as voltas da vida nos fazem trilhar. Mas me intrometo no destino com a força do pensamento positivo, isso sim. Busco a luz, compartilho-a com seres iluminados que me cruzam o caminho, entendo que as trevas só existem se não nos permitimos ver pontos iluminados no fim dos túneis escuros, e, quando observamos, lá longe um resquício de luz, temos que ir ao seu encontro, para nos fazermos crescer em fé e esperança, em harmonia e bem-querer.
Ao completar ontem, 61 anos, pensei nos trevos. Nas suas florezinhas azuis, na sua delicadeza e humildade, brotando em cantos de calçadas velhas e abandonadas, sendo confundidos com matos descartáveis, mas nos oferecendo, pelo menos a mim, chance de refletir sobre pequeníssimas manifestações de uma natureza grandiosa e sábia que nos acolhe, a despeito de nossas ignorâncias, nossos descasos, nossos atrevimentos, como por exemplo, essa coisa de não entendermos bem porque os trevos podem ser de 3 ou 4 folhas ao passo que somos de muitas cabeças, muitas opiniões, e 3 ou 4 podem ser nossas certezas pequeninas em torno do amor, da amizade, da paixão, da espiritualidade, do fascínio pela eternidade questionada, ou pela sorte de amar com profunda sintonia nossos semelhantes e nossos parceiros de existência.
Bom é ter alguns trevos florescendo por onde passo, nas manhãs do tempo, ainda que sejam pisoteados ou arrancados, eles tornam a surgir, teimosamente, a dizer que a vida é círculo vicioso, não importando muito se nós a entendamos ou não!
Cida Torneros
3 de setembro de 2010
CASO BBB Não vi e não gostei
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CASO BBB
Não vi e não gostei
Por Maria Aparecida Torneros em 31/01/2012 na edição 679
Como profissional brasileira do jornalismo há mais de 40 anos, já devia
ter me acostumado com a face industrial que move a mídia ávida por
faturamentos altos e gastos menores. O modelo BBB, copiado de
outras redes espalhadas no mundo inteiro, tem sido alvo naqueles lugares
de problemas com a justiça, tendo inclusive causado um suicídio nos
EUA, de um dos seus participantes, o que resultou no estabelecimento de
critérios mais rígidos e queda de audiência.Em nossa pátria querida, ao se apresentar em sua 12ª edição, não me atraiu, nem tampouco as anteriores. Aliás, assisti, somente uma vez, à final da primeira versão, há muitos anos. Estava na casa de amigos em Campos do Jordão e me senti estranhamente bestializada pelo formato esdrúxulo daquela conquista milionária de um rapaz eleito pelas ligações pagas de um público que acompanhara a disputa do que eles chamam de “jogo”, cujas regras são baseadas em confinamento, pressão psicológica, sede de vencer e derrubar inimigos, muitas festinhas, intrigas, álcool liberado e camas para que casais “simulem” sexo, ou realizem Besteirol Bem Beatificado!
Entretanto, na semana passada, convidada a participar de um programa de uma rádio carioca de grande audiência, surpreendi-me com um dos temas daquela manhã: o tal do “suposto” estupro de vulnerável, que todos comentavam, e fui obrigada a dizer que me abstinha de opinar, pois nem vira nem acompanhara nada. Mas acrescentei que, no meu parco entendimento de ex-professora de teoria da Comunicação, considero este gênero de programação um “lixo” que nada acrescenta como exemplo de vida para uma população que, em média, tem baixo grau de escolaridade e que lhe é oferecido um conteúdo pobre – mas a indústria busca atingir seus propósitos e o faz com certa competência e enorme indignidade.
A oficialização do crime
A partir do dia dos debates, busquei ler a respeito, acompanhei então muitas opiniões e até programas específicos, um deles na TV Brasil, no domingo (22/01), todos, versando sobre a qualificação ou não da censura possível ou de algum controle consentido aos conteúdos de uma exposição de ideias, comportamentos e fatos que uma rede de televisão possa ter, considerando a tal “concessão” de serviços que lhe é facultada – e a legislação vigente, como sempre, sem regulamentação específica e com brechas mil para que se injete “lixo” na cabeça das massas, ou se dê a elas a remota chance de discernimento para escolhas educativas de qualidade.
Evidentemente que os chavões imperam nas análises, as providências legais são lentas, a emissora de TV tomou suas “medidas” paliativas e o BBB segue captando audiência do tipo “falem mal mas falem de mim”.
Lamentável ou não, o fato é que o assunto é a pauta do momento, pelo menos no que tange aos milhões arrecadados pela rede televisiva, não só com os anunciantes investidores no modelo de programa, um dos quais uma holding fabricante de bebidas, como também por convênio com operadoras de telefonia e a pontuação da audiência que cresceu a partir da repercussão do episódio, o chamado “babado forte” da sexualidade implícita na transmissão ao vivo e a cores, principalmente para aquele público pagante de pay per view, identificado em sua maioria como jovens que passam as madrugadas assistindo ao que “rola” na jaula dos BBBs.
Em torno de tanta celeuma, nem sequer tentei ver um programa. Não consigo mesmo, é uma repugnância pessoal e fisiológica; será, inclusive, objeto de questionamento ao meu terapeuta, logo que ele retorne das suas férias de verão. Pergunto-me se a mídia multifacetada, industrializada, manipulada ou manipuladora, ainda teria espaço para fatias ínfimas de um público alienado ao que se passa no seu conteúdo generalizado, do tipo que eu me considero agora... não vi e não gostei... e vou tentar não me abster da sintonia de viver num país onde a democracia da informação é conquista mas a oficialização do crime banalizado deve ainda ser investigada, apurada e punida, como li em manifesto assinado por um conjunto representativo de entidades femininas, direcionado ao Ministério Público.
***
[Maria Aparecida Torneros é jornalista, Rio de Janeiro, RJ]
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