Maracanã

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A grande viagem é mesmo interior...

a grande viagem é mesmo aquela que empreendemos interiormente.
acho isso
talvez por ser extremamente reflexiva
ou porque em todas as viagens que tenho feito, quem vai mesmo me acompanhando, sou eu só...
amigos e amigas, claro, podem até estar ao meu lado, nos divertimos, aproveitamos momentos, mas
a transformação maior a partir de cada novo lugar ou experiência se dá no fundo de mim, quase sempre...
uma vez, numa dessas cidades do fim do mundo, interiorzão de Minas Gerais, descobri que era mais feliz do que imaginava.
voltei nova..refeita...e só tinha 16 anos...deixei em Itajubá uma paixão desfeita, mas trouxe uma Cida segura de si.
em Tóquio, tão longe, fiquei perto de mim mesma, no templo de Azakuzá, aos 22 anos, órfã do Cristo que lá ninguém cultuava,
aprendi sobre o recolhimento e a meditação.
em Jackonville, uma noite, aos 42, acordei pensando na fofura daquela cama, bem americana, na casa da minha tia, pulei dali e fui dormir num sofá mais endurecido, precisava tomar posse do meu corpo que se perdia no meio de tanto alcochoado, eu andava rígida, naquele tempo, com a adolescência inquieta do meu filho, então com 16 anos, e me acompanhando naquela viagem.
em Buenos Aires, muitas vezes, me reencontrei com a nostalgia e com a comilança, sem culpas.
no nordeste brasileiro, Natal, João Pessoa e Recife, um misto de brasilidade com auto piedade me ataca, pois a terra é rica e o povo tão pobre, mas me parecendo feliz, mesmo assim.
na Bahia, eu sou mais eu, e namoro o primeiro mulato bonito que me cruza o caminho, exercito o direito de ser livre como uma ex escrava negra que se apaixona pelo senhor de engenho. Salvador tem a propriedade de me energizar a sensualidade intensa.
Vitória, essa me lembra muita muqueca, e uma piscina circular do hotel da ilha do Boi onde é possível olhar o céu rodopiando num colchão inflado de ar, sem esquinas para ter que dobrar..tudo é redondo lá como o universo.
Porto Alegre me deu a chance de buscar o frio ao passo que transitei pelo calor humano da casa da minha amiga Aida. com ela, fui comer chocolate em Gramado, e na convenção das Bruxas em Canela.
Curitiba, por algumas passagens por lá, me prometia uma aventura estranha. um dia, aconteceu. o jovem, mais novo 20 anos, me cobriu de paixão, após um longo jantar de confissão sobre o fim do seu casamento. inesquecível madrugada, aqueles olhos pedintes de um homem recém traido por sua ex mulher, que buscava auto afirmação, e eu dei tudo o que pude, para fazê-lo feliz. no dia seguinte, a caminho do aeroporto, o telefonema com voz de anjo me mandando beijos e pedindo que os guardasse eternamente num cofre especial. estão guardados.
Já s. Paulo, o frenesi, esta é uma cidade que me põe em ebulição, me requisita, me aguça a curiosidade. S Paulo não pára de me proporcionar de tudo um pouco, sempre. Desde o beijo na calçada do Museu da Paulista, dado pelo desconhecido que não se conteve e depois virou meu amigo, até o amor maduro vivido por algum tempo com o executivo da Ambev, até o guri de 20 anos que amou uma mulher de 52, enquanto decidia emigrar para a Rússia e estudar física aero espacial. tb, o vago sentido de trabalhar como uma operária, em dias de 14 horas de dedicação, num escritorio da Brigadeiro e depois ir dançar com amigos espanhóis tomando cuba-libre. no Rio, onde nasci e vivo, viajo sempre, dentro de mim mesma, chego ao cúmulo de mudar o trajeto do taxi, pedindo que volte e me deixe olhar de novo o mar, apesar de estar atrasada, muitas vezes...
é que a viagem dos meus sonhos, dos meus olhos, das minhas lembranças e dos meus cheiros, foi aquela que EU FIZ  à Espanha, Portugal e França em maio passado... vivi, inclusive, uma linda história de amor, e era uma questão de sobrevivência de uma descendente de Carmen Torneros, minha avó, que era uma guria de 16 anos quando fugiu para o Brasil e nunca mais voltou. dela, e com ela, viajei demais minha infância inteira, nas histórias que me contava...
no corpo de algum amante latino, devo ter viajado pra bem longe e nem queria voltar, mas... toda viagem tem partida e chegada. melhor é seguir viajando, como cigana, ganhando as ruas do mundo pequeno ou grande. por exemplo, em Búzios, sinto-me em casa, naquelas águas azuis, me tranquilizo e durmo ao luar, na casa da Cris. nos últimos dias, viajo nos braços de um príncipe, e em suas marés, ando me redimindo dos pecados cometidos... rs
nem sei porque conto tudo isso...
coisas da internet. acho...mundo pós moderno 
Cida Torneros       
    



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