Maracanã

Maracanã

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Marie: o último namorado imaturo do seu caminho...


Era dezembro, Marie estava saindo de casa, ia ao banco. Um homem mais jovem, que ela conhecia de vista, abordou-a. Foi galante, fez-lhe uma pergunta diferente... - Uma mulher assim tão bonita vai passar o Natal com ou sem namorado?...

Coincidência, ela tinha terminado um namoro dias antes, e, apesar da maturidade, sentia-se ferida pois fora traida, mais uma vez, e de uma forma tão idiota, que se perguntava como pudera acreditar naquilo que vivera nos meses recentes entre França e Brasil, que parecia amor, achava que fosse, mas descobrira que era só sexo e desrespeito incluso, com direito a ofensas por parte da mulher que agora passara a viver na casa dele naquele país.


Surpresa, sorridente e se sentindo até um pouco feliz, respondeu a verdade. Estava sozinha e devia passar o Natal sem companheiro algum... O homem gentil, desejoso de resposta... despediu-se, e segui pela calçada. Mais adiante,  Marie viu seu carro diminuir a marcha, acompanhando seu passo, câmara lenta, o tráfego interrompido, buzinas, era ele a lhe perguntar outra coisa: - Será que até o Natal você pode me botar na fila?

E acelerou. A   mulher  madura ficou parada, rindo sozinha. Era uma proposta de namoro? Achou que fosse... Mas pôs seu pé atrás, passeou a aceitar com reservas o assédio do  vizinho, até que um dia, resolveu ceder e encontrá-lo. Cedeu, carinhosamente, com ternura e entrega. Sem mentiras. Sem traições, com fidelidade...

Mas, passados alguns meses, de encontros fortuitos , pouquíssima conversa, subterfúgios, praticamente  sem a chance de conviver de verdade, a história teve altos e baixos entre eles, e ela foi percebendo o pior... que era só o que se chama de "pegueti", uma  namorada  de ocasião, sentiu-se uma completa bobalhona, mas ainda bem, que podia sair fora, e tentou fazê-lo, com algumas recaídas...


Até que veio a gota dágua...viu-se humilhada por uma historinha que qualquer menina adolescente saca logo que é conversa mole pra boi dormir. Preferiu não demonstrar. Resolveu passar por cima, afinal era melhor que alguém que espera passar o Natal com um namorado fictício. Claro que não houve Natal junto, ele viajou...no Ano Novo também, no carnaval idem, ora...o que mais ela podia esperar? Agora, uma ex mulher dele veio morar na sua casa, por um tempo, como ele explicou, mas, isso já não tinha,   para   Marie,  a menor importância. Ela se cansou de tanta  crise adolescente.

Lembrou   então  que não soube expressar com palavras, o que esperava dele, realmente....pediu com gestos, carinhos, atitudes...mas ele não compreendeu...não atendeu e talvez não tenha chance nunca de saber exatamente o que fez com o coração dela, muito mais do que com seu corpo...

O que ela  tinha tentado lhe dizer, naquele dezembro, justo naquela manhã, era que imaginara que na fila dos homens à sua cata, chegara, finalmente um, exceção à regra, que ia olhá-la e senti-la como uma pessoa que merecia amor e respeito.

Mas,  passados tantos meses, quase seis, fez um balanço da história recente, viu que fora feliz no sexo, nas poucas vezes em que se deitaram...sem dormir sequer uma noite juntos... mas, decidiu que  não quer mais aquilo que nunca lhe pertenceu... não é mais aquela que sonhou com um Natal em família, apresentando um homem bom aos que sempre a amaram, sua família... essa tinha sido a  proposta  inicial dele, não é?

Concluiu que é apenas uma mulher que sabe o seu próprio valor, que se deixou enganar por um sonho de dezembro, que acordou agora, que seguirá, honrada, feliz consigo mesma, por ser honesta nos sentimentos, fiel nas propostas aceitas, e madura para avaliar melhor as novas abordagens de "caras" como ele, como tantos outros, que oferecem ilusão, que esbanjam sabedoria vulgar, que não respeitam os sentimentos alheios, que talvez nem se respeitem a si mesmos, tornando-se homens-objetos, usados, jogados fora, esquecidos por aí, pelas estradas da vida...


Pena, Marie ficou bem magoada, mas, ao mesmo tempo, tirou de si um sem número de palavras feias que nunca dirá a ele, não é tão "mal-criada", e  não se  apaixonou,   muito  menos amou em  profundidade. Foi  um conto...Afinal, não é o fim do mundo. É só o fim de um sonho (pequeno) de Natal.

Marie resolveu se programar, terá, com certeza, um namorado de verdade no próximo dezembro... Crê nisso, porque sabe que merece, sabe que faz por onde ser feliz e saberá fazer alguém feliz, só espera que esse alguém seja um homem maduro e sincero, não é pedir muito da vida...Chega de galanteadores adolescentes, sedentos de sexo. O tempo deles, na vida dela, afinal, já passou...


Cida Torneros

Nenhum comentário: