Maracanã

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Tia Geni, visita de aniversário!







O feriado de 20 de janeiro amanheceu propício, com o sol de rachar iluminando a vida. Tia Geni completava 82 anos, eu não a vida há muito tempo, a saudade era grande e a sensação de que lhe devia uma visita também. Combinei com a Tia Maria, as primas Magda e Carmen Lúcia, que é pessoa que vive mais próxima da casa de repouso onde nossa querida Geni está, e lá fomos nós, visitá-la, de surpresa.

Emocionada, ela nos recebeu e reconheceu logo, na tarde em que descansava, junto das outras velhinhas suas companheiras, imaginando que este seria mais uma aniversário em que pensaria nos sobrinhos distantes, aqueles a quem ela tanto ofereceu em carinhos e mimos, na nossa infância e juventude, ela que sempre foi uma tia dedicada, quituteira, alegre, que nos dava presentinhos tão bem embalados, que me ensinou a valorizar os lenços de pescoço, que me mostrava as delícias de uma cozinha com pratos absurdamente bem servidos e bonitos.

Pois Tia Geni nos recebeu com alegria, matamos a saudade, dividimos histórias antigas, e por uma hora e meia o tempo parou e voltou muitas décadas atrás, ela nos olhava de pertinho,abraçando, beijando, se queixando da vidinha repetida que leva ali, sob a atenção das freirinhas atenciosas. Nosso primo Wilson e esposa costumam visitá-la com frequencia e a levaram para casa deles onde ela passou o Natal, e pôde comer rabanadas dietéticas, já que sua diabetes não permite abusar do açúcar e das gorduras.

Lúcida, perguntando por todos da família, Tia Geni tinha os olhinhos brilhantes e o semblante agradecido, mas, no fundo, nosso coração ficou pequeno por constatar as voltas que a vida deu, e ela, que nunca teve filhos, conta agora com a atenção de sobrinhos e do pessoal cuidador especializado da casa Paz e Bem em Berford Roxo, no Estado do Rio. Um lugar bem organizado, muito limpo, com lindos jardins e onde se respira a paz que os nossos anciãos merecem gozar. Muitas velhinhas e alguns velhinhos vieram nos cumprimentar, sorriam, eram afáveis, ficaram contentes por ela, que era homenageada pela família com presentinhos e abraços apertados.

Nas minhas lembranças, ai, meu Deus, o gosto das suas comidas gostosas, seus doces, suas especialidades naqueles almoços ou jantares de toda a família reunida nos anos 60, 70 e 80, ao redor de mesas enormes armadas no quintal da casa da avó Carmen, o tumulto da mulherada falante, a algazarra da criançada inquieta, o sorriso de satisfação dos homens que saboreavam seus pratos, os elogios ao seus temperos, a constatação do cansaço de suas pernas depois de horas a fio em pé na cozinha preparando tantas iguarias, e aquela alegria irmanada de um bando de criaturas que se amavam tanto, sem mesmo dimensionar o quanto aqueles tempos eram tão felizes para nós todos. 

Hoje, com a saudade de muitos que já partiram, ainda podemos nos juntar em memórias e termos a chance de comemorar sem quitudes mas com sorrisos fartos, mais um aniversário da nossa querida e carinhosa Tia Geni, a quem  agradecemos tudo e por quem rezamos todos os dias para que tenha saúde e paz no seu coração onde todos sabemos que temos um lugarzinho especial. 
                                                                                                       Cida Torneros      

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