Uma brisa sopra, a água tá morna, Geribá espreita os turistas e as minhocas da terra se dissolvem em cânticos de bel prazer. Estou, mais uma vez, agradeço aos Deuses, em Búzios, na casa da minha amiga-irmã, Cristina Márcia, a CM, uma criaturinha do Bem, de muito encantamento e que a mim passa ternura sempre. Pois aqui, nesse recanto abençoado , de natureza exuberante, ponto turístico internacional, vivendo à sombra de uma Brigitte Bardot que por aqui passou no auge da fama e transformou esse lugar em point para os prazeres da vida de todos nós. Vila de pescadores, balneário de crescimento mal controlado, berço de um mar azul esverdeado, adensadamente aconchegante, a paz vem me encontrar no fim de tarde, olho os barcos, tomo um chope avistando , desde o restaurante, os transatlânticos que trazem sonhadores para um encontro com suas verdades e magias interiores.
Um canto de voz argentina, o cd desliza com a arte de uma jovem Mercedes que por cá passou, deixando a gravação que a Cris comprou para relembrá-la, a voz que me lembra Nara Leão canta bossa nova com sotaque portenho, demonstra sensibilidade naturalmente surgida em tempo de sentimentos aflorados, coisa que em Búzios, é mesmo tão forte e comum.
Não fujo à regra, deixo-me dominar por este estado latente de viver a vida com paz, harmonia, felicidade, alegria, encantamento e crença no amanhã. Pouco importa, se Búzios está na novela que a exporta para o mundo, pouco se me dá, pois o muito já o tenho agora, entre as lufadas de vento marinho e com tanto brilho de um sol dadivoso a me queimar a pele necessitada de carinho intenso, de um tipo de chamego especial, aquele que o amor proporciona, em dose tripla, em porções generosas, quando se tem a certeza do quanto é possível e necessário conviver e respeitar a natureza em festa onipresente.
Melhor que tudo isso é refletir na grandeza de possibilidades que há em ser conivente com a sobrevivência de tal paraíso, com a responsabilidade de preservar este tesouro, salvaguardar seu conteúdo, legá-lo ás próximas gerações. Ainda bem que há movimentos de pessoas atentas a esse caminho que podem fiscalizar o cumprimento das leis e lutar pelos direitos da natureza, ainda bem!
Volto os ouvidos aos sons que me chegam das praias repletas, e o barulho das ondas é plácido, permissivo, um convite ao sabor de novos arremedos e paixões. Queria o meu amor aqui, hoje, para que ele pudesse sentir o que sinto, e partilhasse, agora , deste paraíso comigo. Um dia quem sabe, o trago e mostro tudo, ou melhor, não mostro nada, deixo apenas que ele descubra o que já descobri, ou talvez, um pouco mais, por
que sei que ele merece e é capaz.
Cida Torneros
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