Adeuses
por muitas vezes
milhares
vamos dizendo
adeuses
e por tantos meses
de cada novo ano
vamos brindando
aos velhos costumes
como se pudéssemos
estar imunes
ao hábito de ir embora da vida de todos
ao jeito de ser despedida do dia-a-dia dos tolos
ao passo dos desengonçados e dos indecisos....
por centenas de anos e séculos
vamos buscando entender a morte
vamos lhe dando um devido corte
e trapaceando seu não sentido sem sorte...
por milhares de eternidades avulsas
vamos descobrindo que o universo cresce
se expande, se superpõe, como tu pulsas
como o teu coração explode, como me expulsas
por tantos adeuses do teu apego, do teu xamego...
por eternidades difusas, mil estrelas confusas,
teimam brilhar mesmo mortas, apagadas embora,
pois já puseram para fora de si, tanta luz, tanto fulgor...
assim deve ser meu amor por ti...
de tanto te amar, por certo, mesmo num céu deserto,
mesmo muito depois que eu me fôr do planeta,
mesmo que eu me tornar poeira indefinível, sem cor,
o que sinto por ti pairará com o vento
sem dor, sem sabor, sem temor,
apenas estará por perto
do teu saudoso calor....
por todos os tempos vindouros
por todos os tempos passados
por todos os amores vividos
por todos os amores assassinados
por todos os fins misteriosos
por todos os começos harmoniosos
por todos os dias mentirosos
por todos os anoiteceres medrosos....
teremos alguma lembrança daquela calçada
daquele primeiro olhar de conquista
das primeiras palavras, dos toques,
das almas curiosas que se dispunham
inebriar-se com a vida, apesar do tempo
que traria o fim, com seu jeito aterrador,
que faria de nós fantoches da história
de um novo e absurdo iludido amor....
Pepita Angeles ( Cida Torneros)
dezembro/2004
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