Maracanã

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sábado, 24 de outubro de 2009

Adeuses

Adeuses



por muitas vezes


milhares


vamos dizendo


adeuses


e por tantos meses


de cada novo ano


vamos brindando


aos velhos costumes


como se pudéssemos


estar imunes


ao hábito de ir embora da vida de todos


ao jeito de ser despedida do dia-a-dia dos tolos


ao passo dos desengonçados e dos indecisos....






por centenas de anos e séculos


vamos buscando entender a morte


vamos lhe dando um devido corte


e trapaceando seu não sentido sem sorte...






por milhares de eternidades avulsas


vamos descobrindo que o universo cresce


se expande, se superpõe, como tu pulsas


como o teu coração explode, como me expulsas


por tantos adeuses do teu apego, do teu xamego...






por eternidades difusas, mil estrelas confusas,


teimam brilhar mesmo mortas, apagadas embora,


pois já puseram para fora de si, tanta luz, tanto fulgor...






assim deve ser meu amor por ti...


de tanto te amar, por certo, mesmo num céu deserto,


mesmo muito depois que eu me fôr do planeta,


mesmo que eu me tornar poeira indefinível, sem cor,


o que sinto por ti pairará com o vento


sem dor, sem sabor, sem temor,


apenas estará por perto


do teu saudoso calor....






por todos os tempos vindouros


por todos os tempos passados


por todos os amores vividos


por todos os amores assassinados


por todos os fins misteriosos


por todos os começos harmoniosos


por todos os dias mentirosos


por todos os anoiteceres medrosos....






teremos alguma lembrança daquela calçada


daquele primeiro olhar de conquista


das primeiras palavras, dos toques,


das almas curiosas que se dispunham


inebriar-se com a vida, apesar do tempo


que traria o fim, com seu jeito aterrador,


que faria de nós fantoches da história


de um novo e absurdo iludido amor....


Pepita Angeles ( Cida Torneros)


dezembro/2004

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