Maracanã

Maracanã

quarta-feira, 18 de março de 2009

Homenagem à Lisboa



Perdida "paixão" pelas ruas da antiga Lisboa ...



Estávamos eu e a menina "paixão"
a caminhar juntas pelas ruas da antiga Lisboa,
ambas, a nos deslumbrarmos com a ilusão,
embora mantivéssemos o desejo de fugir à-toa...

Estávamos eu e a menina "paixão"
como que grudadas, de munhecas dadas,
para que não soltásemos do coração,
aquele ir-e-vir eufórico, sensações veladas
a repetir o canto mágico do fado que me doa...

Que me doa a tristeza de partir de mim,
de me ausentar do pequeno mundo criado
das cartas guardadas numa gaveta assim
trancada a chave de um criado mudo...

Estávamos eu e a menina a pegar o coletivo
ela, airosa, galante, envolvente e traiçoeira,
quando me senti roubada da sua companhia,
a vi soltar-se, me pondo como uma morta-viva...

Em vão , busquei-a de novo ao meu convívio,
em cântico chorado chamei-a a ter comigo
e , desde aquele tempo da minha velha cidade
fui somando dores e lágrimas a cada idade,
por entre as ruas, tento vê-la , mas não consigo...

Éramos eu e ela, dupla tão unida, par perfeito,
eu e a menina "paixão", a moleka da esquina,
ela me fazia sonhar como se fora o seu sujeito,
eu a tinha no meu colo, minha boneca pequenina...

Desde que a perdi, sou assim uma mulher tão só,
vagando na esperança de encontrá-la ainda,
para ver as cores a surgir sobre o negro e o pó
em que se filma o tempo da minha dor infinda...

Quem por ventura, a menina "paixão" vir por aí,
por vielas , becos, pontes do Tejo ou Moraria,
que a convença de voltar e do meu lado não sair,
pois se viesse, minha alma, agora morta, reviveria...

Aparecida Torneros
10/04/06

Passagem para Lisboa


Voa o primeiro suspiro,

baila no ar o vento da língua pátria,
escudo a anteparar os sentimentos,
a plêiade de palavras se entremeia como pária,
sugando a seiva dos sustentos...
Voa o arremedo solfejante do murmúrio intenso
por sobre as ruas velhas de bairros esquecidos
onde namorados choraram amores partidos...
Voa o adeus em forma de mão balouçante

direcionada ao mar
enquanto lágrimas foram organizando acróstico
a sussurrar das entranhas da dor da separação...
S Salpicado de tristeza
A Aquele peito pleno
de paixão
U Ungido pela lança do destino
D Deixa-se dominar pela desilusão
A Ainda que haja a esperança do reencontro
D Dói saber que cada qual está de um lado do oceano
E E que a felicidade se interrompe nos ares de Lisboa...

Aparecida Torneros

Nenhum comentário: