"Stardust, Doris e meu Corpus Chritis"...em 2010
Decididamente, quando eu pego o cd-player da Doris Day e ponho pra tocar Stardust, qualquer coisa de etéreo, sobrenatural, ligação estranha com estrelas e amores, é assim, aperto a teclar repeat e lá vou eu...embarco na suavidade e cintilo o brilho empoeirado de estrelas perdidas no universo infinito. A letra fala de saudade de amores no seu começo, quando os beijos são os de ontem, os que não se repetem, aqueles dados com a expectativa do novo. E ela canta sobre as noites solitárias quando ela pode reviver estar novamente nos braços do amado que ficou lá atrás, no tempo. Seu consolo, na letra é observar o céu, sonhar, no seu coração a melodia das suas memórias represadas, e, eu, num feriado de Corpus Christis, já ouvi esta música durante a manhã, umas 40 vezes, sem exagero...
Nada como reviver o sentimento melhor sem sofrer por ele. Assim, vou me preparando para almoçar com a Maria Leonor, no reduto dos jornalistas antigos, o Lamas, onde vamos relembrar também velhos tempos, rir e rememorar delícias da vida, coisas boas que temos para relembrar, ainda bem. O feriado está ensolarado, o sonho é solto, a Doris me inspira, o amor é um céu noturno empoirado de brilhos difusos com milhões de estrelas cintilando na alma da gente.
Vou em frente, sonho com a voz da Doris da minha adolescência. Era uma alegria assistir seus filmes, o jeito americano de dizer que a vida podia ser comprada a preço de um dólar furado, ou que o amor tinha o preço da ilusão, mas que podia até dar certo, por sorte ou acaso...
Amor é feriado ensolarado. É noite estrelada, é voz aveludada, é saudade da mocidade, é reencontro com a velha amiga, é esperança de distribuir energia vital, é movimento das marés, é grito de crianças na vila onde moro, é aconchego de almofada fofa onde posso descansar a cabeça, na falta de um ombro amigo, mas, evitando chorar. Porque, se for parar para chorar as mazelas, é como desperdiçar o tempo já que há tantos momentos que são prêmios. Pássaros voam e regorgitam à volta de flores e do verde. Há borboletas por aí, esvoaçantes, sensitivas, há bons amores, não é necessários lembrar os que não o foram.
É preciso crer em amores melhores, observar bem as estrelas do céu, divisar aquela que nos diz o quanto alguém nos ama, talvez aquela que sintoniza do corpo do Cristo crucificado, puxa vida, o mesmo que os homens condenaram quando falou tanto de amor.
Doris, onde quer que você esteja agora, saiba que sua voz me faz rever conceitos. Faz-me espreitar os bons sentimentos, dá-me fome de boas memórias, ora, oferece-me um mundo de positivas possibilidades. Thank you, querida Doris, doce companheira das tardes adolescentes nas salas suburbanas de cinemas antigos, e hoje, incrivelmente, grande confidente da manhã de um feriado de Corpus Christie!
Cida Torneros
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