COLETÂNEA DE NATAL, PRA LER COM CALMA...
NESTE NATAL , QUERO OS MANSOS ...E APROVEITO PARA DIZER QUE O AMOR É O MELHOR DO NATAL NOS CORAÇÕES DOS CRISTÃOS OU NÃO CRISTÃOS...SÓ O AMOR IMPORTA, NESSA VIDA, AFINAL...Maria Aparecida Torneros
Quero os mansos...nesta Noite quero-os todos ao meu redor, como pequenos seres de aconchego a eles darei meu testemunho da fé que ainda cultivo pela humanidade inteira, quase toda em rebuliço... Quero os mansos de pés descalços, os de pele curtida, junto de mim espero que repousem suas almas plácidas, seus ares de conformação, sua compreensão pelos fracos, seu perdão pelos maus comandantes, sua carícia desprendida... Quero os mansos de voz melodiosa, os de canção que embala, aqueles de abençoada passagem pela terra, sem a mancha da ambição, quero-os, melhor dizendo, dentro de mim, para que me aperfeiçoem... que me façam aceitar as diferenças cruéis e me clareiem a comunhão... Quero os mansos... por esta madrugada inteira, com a paz que me ofertarem com a aura do amor dadivoso, com a certeza do sublime, com a magia da culpa desfeita... preciso deles para combater a solidão do meu pensamento infestado de abandonos... Mas, se os mansos não me visitarem na noite de Natal, eu prometo, irei ter com eles... porque preciso ser humilde, buscar as esquinas da periferia, dar um pão a quem tem fome, vinho a quem tem sede, abraçar um corpo magro e abandonado, olhar nos olhos um irmão que me espera, por aí, sem sequer saber meu nome, mas confiante em que o farei feliz... Pelo menos nesta noite de Natal, com cada manso que puder encontrar, partilharei minhas dores, apertarei suas mãos entre as minhas, e cantarei ... então é Natal... com lágrimas nos olhos e coração em festa...
COLETÂNEA DE NATAL, PRA LER COM CALMA...
NESTE NATAL , QUERO OS MANSOS ...E APROVEITO PARA DIZER QUE O AMOR É O MELHOR DO NATAL NOS CORAÇÕES DOS CRISTÃOS OU NÃO CRISTÃOS...
SÓ O AMOR IMPORTA, NESSA VIDA, AFINAL...
Maria Aparecida Torneros
Quero os mansos...nesta Noite quero-os todos ao meu redor, como pequenos seres de aconchego a eles darei meu testemunho da fé que ainda cultivo pela humanidade inteira, quase toda em rebuliço... Quero os mansos de pés descalços, os de pele curtida, junto de mim espero que repousem suas almas plácidas, seus ares de conformação, sua compreensão pelos fracos, seu perdão pelos maus comandantes, sua carícia desprendida... Quero os mansos de voz melodiosa, os de canção que embala, aqueles de abençoada passagem pela terra, sem a mancha da ambição, quero-os, melhor dizendo, dentro de mim, para que me aperfeiçoem... que me façam aceitar as diferenças cruéis e me clareiem a comunhão... Quero os mansos... por esta madrugada inteira, com a paz que me ofertarem com a aura do amor dadivoso, com a certeza do sublime, com a magia da culpa desfeita... preciso deles para combater a solidão do meu pensamento infestado de abandonos... Mas, se os mansos não me visitarem na noite de Natal, eu prometo, irei ter com eles... porque preciso ser humilde, buscar as esquinas da periferia, dar um pão a quem tem fome, vinho a quem tem sede, abraçar um corpo magro e abandonado, olhar nos olhos um irmão que me espera, por aí, sem sequer saber meu nome, mas confiante em que o farei feliz... Pelo menos nesta noite de Natal, com cada manso que puder encontrar, partilharei minhas dores, apertarei suas mãos entre as minhas, e cantarei ... então é Natal... com lágrimas nos olhos e coração em festa...
Crônica para Alice e Minie, nesse Natal!
Ela chegou e me encantou. Tem 4 anos, me conquistou com seus olhos interessados na Minie, que eu danei a desenhar repentinamente, virando criança outravez. Estávamos num restaurante, depois de um lançamento de livro de uma amiga que todos amamos. A amiga, que nós achávamos que ia esticar conosco, não veio.
Ficamos assim, Alice e seus pais, eu e Zá. A conversa de adultos não nos atraiu. Alice me tirou da vidinha chata de madura pensante e me levou ao seu país das maravilhas, entre sorrisinhos pródigos e elogios meigos. A cada traço em que eu me esforçava para criar a Minie, ela dizia: - que bonitinho! e me incentivava a colorir, e me contava que a Minie tem vestido de bolinhas como ela viu na foto que mostrei, tirada em Nova York, onde posei com uma mulher fantasiada, e me senti, assim, de novo, infantil, moleca, à cata de risadas fáceis e sonhos de Natal.
Aliás, quando chegamos ao Shopping, onde fica o restaurante que escolhemos, ela logo me confidenciou: - sabe o que o Papai Noel vai trazer para mim? a maquiagem da Barbie... ela sussurrou tal segredinho com mãozinha escondendo a boca e intensa expressão de menina premiada.Alice me fotografou ( pôs o dedinho na frente da minha careta) , eu brinquei até de esconder lápis e achar sob os guardanapos, desfrutando da sua gargalhada infantil e solta, um misto de sapiência e futurismo quanto aos bons momentos da vida.
Ela me mostrou sua linda blusa com gatinhos brilhantes, presenteou-me com forte personalidade, aquietou-me os anseios dos embalos de sábado à noite, eu estava com sua aura de anjo e ela me fazia desenhar. Pintávamos juntas as bolinhas da roupa das muitas Minies que criei, surpreendendo-me...eu disse: - nem eu sabia que podia desenhar Minies...rsA pequenina flor, feliz na companhia dos papais Raul e Glória, era uma dádiva como companhia, amorosa e solícita, tão "pessoa", como se auto definiu para seu pai...não sou macaquinho...sou pessoa...rs
Crianças renovam o Natal.
Afinal, quando deixávamos o lugar, ela parou em ponto estratégico e acenou para o Papai Noel de plantão. Ele olhou-a bonachão, acenou de volta. Ela pulou , vibrou, repetiu aos quatro ventos que o Papai Noel lhe correspondera ao aceno, talvez porque esse era o sinal do quanto ele ama as menininhas como Alice. Assim, tão delicadas e inteligentes, comandando escritoras que se tornam desenhistas de Minies, em plena noite de sábado. Uma foto de nós duas com um boneco do Papai Noel e descubro que o espírito desse Natal acaba de me tomar de assalto, através de Alice.
Preciso pedir ao Papai Noel uma boneca Minie para mim. Afinal, acho que tenho sido uma senhora comportada, rs, e mereço tal mimo, digo, tal Minie, de vestido de bolinhas e orelhas grandes. Obrigada Alice, por trazer de volta ao meu coração, o sonho do Natal!
Aparecida Torneros
um texto do Natal de 2005...Anoiteceu...
"Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel"
Maria Aparecida Torneros da Silva
"Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel"
Quem pensou isso e imortalizou esse verso na canção, foi o conmpositor Assis Valente, que nos legou a tal letrinha que relembra a desigualdade que campeia, de há muito, na humanidade. Ao conviver, nesse país de realidades tão díspares com pessoas de vivências extremamente diferenciadas, há algumas semanas, fui abordada por uma colega de trabalho, me pedindo a intercessão, na área médica, junto a um hospital famoso da rede pública carioca, para um melhor atendimento a uma senhora que é mãe de um funcionário que me atende no setor de xerox. Como característica personalíssima, ele, às vezes não consegue vir ao trabalho, por ser morador lá do alto do morro da Rocinha, sendo impedido, nos dias de tiroteio forte ou de tensão que o prende no exílio forçado, junto justamente da senhora com quem mora, sua mãe, que quebrou o braço. Ela foi operada de emergência, mas a cirurgia, depois que voltou para casa, apresentou problemas, deixando-a noites sem dormir, com dores lancinantes. Tentou ser reavaliada, mas, o intenso movimento do dito hospital programou que seria examinada num prazo de 30 dias. Evidentemente, para quem está acostumado a se valer de assistência médica normal, fica difícil imaginar-se com dores num braço operado, engessado, sem dinheiro para ir a um consultório particular, morando na comunidade famosa da Rocinha, tendo um único filho, rapaz trabalhador, mas detentor de salário contado para pagar a sobrevivência de ambos. Peguei o telefone e fiz alguns contatos.
Finalmente, consegui falar com a direção do hospital, e, na secretária da diretora, encontrei o Anjo de Natal que atendeu a pobre senhora, nas palavras do seu filho, com tratamento "vip", porque foi constatado que havia infecção pós- operatória e ela poderia , se não fosse vista logo , perder o braço. Ontem, ao passar pela sala em que o jovem trabalha, perguntei por ela. O sorriso dele me contando que ela está bem, feliz, porque vai passar o Natal sem dores. Ele não me disse que vão passar o Natal com presentes, com peru ou pernil, com vinhos ou champanhas, mas apenas, me comoveu, se referindo à felicidade de não sentir dores.
Entendi que o Natal Feliz é saúde, é paz ( tomara que na noite de Natal o tráfico e polícia assinem trégua de paz na Rocinha), é amor de filho e mãe, é esperança de mudar o que é tão difícil de mudar. Natal Feliz não é o dos balsos cheios dos homens do Congresso, recebendo seus extras pelo trabalho de repensar o país tão injusto. Há um Natal mais forte nos lares de milhares de sitiados pela desigualdade nesse Brasil do Oiapoc ao Chuí, com certeza. Mas, ainda bem, há o espírito de Natal e sempre encontraremos Anjos de Guarda capazes de se sensibilizar com as dores dos seus irmãos brasileiros, vítimas do egoísmo desenfreado que acomete os poderosos, há séculos.
Isso me fez lembrar a canção, cuja letra vou transcrever, desejando a todos um Natal, com felicidade, sem dores !
Anoiteceu, o sino gemeu, A gente ficou feliz a rezar. Papai Noel, vê se você tem, a felicidade pra você me dar. Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel, bem assim felicidade, eu pensei que fosse uma brincadeira de papel. Anoiteceu... Já faz tempo que eu pedi mas o meu Papai Noel não vem, com certeza já morreu, ou então felicidade é brinquedo que não tem. Anoiteceu...
Aparecida Torneros
Mamãe Noel... enfrenta a crise...
Em tempos de crise, tanta lamúria,
resolvi presentear a ilusão, abandonar a penúria,
colocar no painel uma Mamãe Noel com luxúria,
sem entretanto subestimar valores éticos,
apenas para contrapor lamentos épicos,
faltando empregos, as bolsas a despencar,
só mesmo brincando com a vida, a ela brindar,
e sussurrar, repetir, acreditar, apesar, apesar, apesar...
Em tempos de recomeço de ano e de propostas,
tornar nossos corações com suas dores expostas,
capazes de recompor-se da quebradeira, só ter fé,
e seguir a caminhada humana, devagar, pé após pé,
sentindo que o Amor é ele mesmo, nosso porto seguro,
a alegria, nossa irmã apoiadora macia para futuro duro...
Em tempos de desejos de Boas Festas, Boas Falas, só as Boas...
são elas que nos amenizam as dores, nos devolvem a graça,
nos fazem brindar aos melhores dias que virão, pois tudo passa,
questão de querer, crer, lutar, reconstruir, a mão na massa...
aparecida torneros
aqui faz calor, lá está nevando...é Natal...
ele me disse da nevasca
depois da chuva
depois do frio
então me olhou pedinte
nem falou da saudade...
não precisava, a dor é nossa
e ninguém tasca...
a dor não é dor...é só falta
do abraço de verdade
porque na imaginação
estamos mesmos agarrados
como dois pássaros
nos abrigamos da neve e do tempo
precisamos vencer o espaço
a distância, qualquer circunstância
onde paire a dúvida ou a indecisão...
o fato é que o Natal chegou
para todos nós, os que sentem calor
os que passam frio, os do Rio,
os de Nova York, os da Europa, da Austrália, de Israel, Iraque e Afeganistão, onde estão?
nos braços agarrados das suas dores, nas sensações arrepiantes das suas saudades,
há Natais em cada canto do mundo imundo ou do mundo limpo, nem penso bem o que faço...
se vou na enfermaria das crianças do hospital e participo com elas da sua festa na segunda,
se visito o asilo dos velhinhos e choro com eles a emoção de mais um Natal, ou fico como estou:
observando a neve no hemisfério norte, suando o calor do sul do planeta, apenas vou e vou...
é só mais um Natal, é só a grande chance de ter o Jesus menino a nascer na paz profunda...
na paz do gelo que derreta corações empedrados ou no calor tropical que incendeie o Amor...
e que seja para sempre...
Aparecida Torneros
aqui faz calor, lá está nevando...é Natal...
ele me disse da nevasca
depois da chuva
depois do frio
então me olhou pedinte
nem falou da saudade...
não precisava, a dor é nossa
e ninguém tasca...
a dor não é dor...é só falta
do abraço de verdade
porque na imaginação
estamos mesmos agarrados
como dois pássaros
nos abrigamos da neve e do tempo
precisamos vencer o espaço
a distância, qualquer circunstância
onde paire a dúvida ou a indecisão...
o fato é que o Natal chegou
para todos nós, os que sentem calor
os que passam frio, os do Rio,
os de Nova York, os da Europa, da Austrália, de Israel, Iraque e Afeganistão, onde estão?
nos braços agarrados das suas dores, nas sensações arrepiantes das suas saudades,
há Natais em cada canto do mundo imundo ou do mundo limpo, nem penso bem o que faço...
se vou na enfermaria das crianças do hospital e participo com elas da sua festa na segunda,
se visito o asilo dos velhinhos e choro com eles a emoção de mais um Natal, ou fico como estou:
observando a neve no hemisfério norte, suando o calor do sul do planeta, apenas vou e vou...
é só mais um Natal, é só a grande chance de ter o Jesus menino a nascer na paz profunda...
na paz do gelo que derreta corações empedrados ou no calor tropical que incendeie o Amor...
e que seja para sempre...
Aparecida Torneros
Ele vem para o Natal!
Ele vem para o Natal
Maria Aparecida Torneros da Silva
As ruas pareciam labirintos apinhados de gente afogueada, correndo feito maratonistas, as pessoas voavam em bandos, atropelando-se, com expressões de ansiedade nos rostos que denotam o espírito das festas de fim de ano.
Toda vez que dezembro chega, ela pensa no quanto é incrível a renovação do sentimento de irmandade apregoado aos quatro cantos, como se isso fosse possível na humanidade tão mal acostumada às competições, às guerras e a uma violência infelizmente presente no dia a dia de todos os mortais.
Nos últimos Natais, Maria optou pela paz do seu recolhimento individual. Passou-os sozinha, degustando um bom vinho, comendo algumas iguarias, rezando pelas criaturas de boa vontade e até por aquelas incapazes de amar, autoras de feitos maléficos, os pobres de espírito, que infernizam seus semelhantes com maldades atrozes.
Maria compadeceu-se dos doentes e dos abandonados. Orou por eles, com contrição, pedindo ao Deus dos Homens que os protegesse e confortasse.
Para si, limitou-se a insinuar que bem poderia ter alguém ao seu lado a cada novo Natal. Estava sem marido há tanto tempo. Poderia ser um parceiro amigo e sincero. Melhor seria se Ele viesse envolto em aura de atração e desejo.
Mas, não ousara esperar tanto da vida. Na maturidade, ela se conformava com o destino.
Depois de criar os filhos, que ficaram cada vez mais distantes, passando para aquela visita rápida e obrigatória, deixando-a com seus pensamentos de saudade dos tempos em que tivera uma grande família reunida em volta da ceia da noite santas, ela agradecia, mesmo assim, porque, pelo menos, eles se lembravam de dar-lhe um alô apressado.
E ali ficava, na sala, tendo por companhia a televisão ligada, apresentando os shows com mensagens de confraternização, ou a missa do Galo, transmitida diretamente de Roma.
Era mesmo um alento. Sabia-se sozinha, sem sentir-se assim, porque preferia crer que em algum lugar do Universo, havia um par que chegaria num desses Natais, para brindar com ela, pelo Nascimento do Menino Deus, simbolicamente, enquanto se olhariam com ternura e cumplicidade.
Sempre pensava: Ele vem para o Natal! Nos dias que antecediam a data máxima da cristandade, Maria se esmerava em enfeitar a casa, comprar roupas novas, ajeitar os cabelos, abastecer a geladeira, pendurar badulaques na árvore iluminada e colorida.
Sempre ouvia uma voz interna que lhe dizia: Ele vem para o Natal!
Maria se mantinha esperançosa. Não sabia nem o que a fazia crer que teria a companhia do seu príncipe encantado na noite de Natal.
Um dia, conheceu um homem simpático que a cobriu de atenções e a fez acreditar que era possível amar intensamente, apesar da maturidade.
Ele morava em outra cidade. Viam-se pouco, mas mantinham contato sempre.
Dezembro chegou. Maria ficou ansiosa. Será que Ele vem mesmo para o Natal? Ele não dera certeza, alegou a necessidade de passar com seus filhos na cidade distante. Ela considerou justa a causa e preparou-se para mais um Natal solitário.
A noite de 24 de dezembro pegou-a um pouco cansada. Preparou as rabanadas como a prendera com sua avozinha, ainda menina. Arrumou uma linda mesa. Tirou os cristais para fora, a louça mais fina que dispunha. Sabia que receberia muitos telefonemas.
Assim foi. As horas foram passando. Os filhos deram aquela passada corrida, amigos ligaram. O carteiro entregou mensagens de boas festas. A cada vez que o telefone tocava, seu coração disparava. Queria pelo menos, ouvir a voz dele.
Adormeceu no sofá. Havia exagerado nas doses de vinho, enquanto assistia a um coral maravilhoso na televisão espanhola. De repente, uma voz cantava suavemente: Ele veio...Abra a porta... Ele veio para o Natal...Acordou, sobressaltada. Seu sonho o trouxera, uma ilusão, pensou...
Trocou de roupa. Dirigiu-se ao quarto. Restava dormir na cama e esperar pelo próximo Natal. Estava mesmo sozinha. Aconchegou-se na maciez dos lençóis ao mesmo tempo em que duas lágrimas correram teimosas pelo canto dos olhos. Repreendeu-se pela auto-piedade.
Afinal, já tivera tantos Natais felizes. Este era apenas mais um, em que tinha saúde, podia adormecer em paz. Ele não era tudo nessa vida. Era na verdade, um capricho feminino imaginar-se abraçada a Ele na noite de Natal.
A campainha tocou. Ela se assustou. Olhou o relógio. Meia noite e meia. Correu para atender, ainda que meio descomposta, abriu a porta. Um ramo de flores cor de rosa escondia um rosto querido.
Maria não agüentou e chorou copiosamente. Recebeu o buquê, ao passo que seus braços confundiam-se em torno daquele corpo cujo calor irradiava um grande bem. Ele veio... murmurou com sua voz interna...
Ele apenas disse: - Eu vim passar o Natal com você. Desculpe se não avisei, mas o telefone estava sempre ocupado. Feliz Natal, Maria!
Quem não traz seus Natais dentro do peito ?
Quem não traz seus Natais dentro do peito ?
Quando o Natal chega, todos os anos, não há como evitar, ela lembra de muitos Natais da sua vida. Recorda-se do carrinho azul que viu seu irmão brincar há mais de oito décadas, em manhã de um dezembro distante no tempo, mas tão presente na memória e aí, ela sorri.Naquele tempo, eles moravam numa casa grande, com quintal arborizado, no subúrbio que marcou sua infância feliz. Como eram bons aqueles Natais, de folguedos e birnquedos, família e vizinhos, amigos e simpatícos agregados, trocando abraços, sorrisos e pratos saborosos.Saudade das rabanadas da portuguesa Filomena, dos bolinhos de bacalhau feitos carinhosamente pela vó Luzia, e como era delicioso o frango com lentilhas que a mãe Maria preparava. Vinham em ondas aquelas imagens de pessoas e lugares, evoluindo para a sua adolescência, seus primeiros amores e finalmente, abrindo o baú, nas tardes lentas da velhice, pegava as fotos amareladas do seu casamento com Joaquim e dos seus filhos meninos, Luizinho e Bentinho.Agora, morando num asilo para velhice, Anita se desmancha em sentimentos de saudade, justamente nessa época natalina. Sabe que a sensibilidade lhe aflora ao peito, faz dela uma criatura mole que nem manteiga derretida, a pensar no tempo que correu célere e no quanto foi possível aproveitar a vida, lutar pela criação dos filhos, tê-los visto se formarem, ter segurado nos braços netos que também tinham crescido.A doce Anita de oitenta e tantos anos, ali, naquela casa de repouso e senilidade, traz dentro de si, muitos Natais presos no peito, e, quando as atendentes chamam para a ceia da noite Santa, busca enfeitar-se com seu melhor vestido, o azul royal, de golinha rendada e branca, para juntar-se à sua nova família, senhoras e senhores que dividem com ela, seus momentos de lazer e de oração, refeições frugazes e a certeza do dever curmprido.Conclama a todos que rezem agradecendo aquela comida especial e tão bem cuidada, sorri em reverência a cada amigo ou amiga que lhe cumprimenta. Repete um 'Feliz Natal' que imagina seja o mesmo que seus filhos e netos estejam desejando aos amigos e amigas neste momento em algum lugar, apesar de não receber há muito sua visita, mas lhe mandaram presentes, como chinelos, sabonetes e colônias. Um motorista veio trazer uns dias antes.Explicou que todos tinham viagem marcada e que telefonariam, se pudessem, no dia de Natal, para ela.Anita pensa que já tem um bisneto que nunca viu, ele deve ter uns cinco anos, ela reflete.Tudo bem, Anita pensa: - Deixai-os viver Senhor Jesus, e protejei-os, meu Pai do Céu. Meus filhos ainda são meninos para mim, apesar de cinquentões. E meus netos, já na casa dos trinta, têm muitas responsabilidades, filhos e trabalho, tenho que entender sua falta de tempo e só quero que todos estejam felizes, nesta Noite, como eu estou, aqui, tão bem cuidada.Repentinamente, como se fosse um Anjinho de Natal eis que surge no salão de refeições do asilo, um menino risonho, correndo, que dispara na direção da vovó Anita, para abraçá-la, o que faz com que todos interrompam o jantar e observem a cena- Quem é você, lindo pequerrucho? Anita indaga, extendendo as mãos e acolhendo o infante arfante.- Vc é minha vó Anita, eu vi no retrato que a meu vô Bento me mostrou. Eu pergunto a ele todo dia onde vc mora. E hoje, que é Natal, pedi a ele que queria ver a minha vó Anita... Tô aqui, na sua casa, né? vim passar o Natal com vc, né? vc quer esperar o Papai Noel comigo?Anita ri... vê que agora entram no refeitório, seu filho Bento, a nora, os pais do guri risonho, seu neto e esposa, e os observa, com certa perplexidade, pois há muitos Natais que não os vê e pensava que estavam todos a viajar nos feriados de final de ano, conforme lhe dissera o potador dos presentinhos, dias antes.Mas, Bento, com jeito de filho arrependido, vem dizer à mãe, emocionado, que o pequeno Joaquinzinho não aceitou viajar. Convenceu a todos a irem visitar a bisavó, que ele vivia beijando no retrato, chegou a ficar febril a repetir que só queria ver a vó Anita no Natal, e esperar, com ela, pela chegada do Papai Noel.Anita foi aplaudida pelos companheiros e companheiras de asilo. Agradeceu a visita, abraçou o bisneto, o filho e toda a família, convidou-os a sentarem à mesa. Manteve o menino no colo, que a acariciava, enquanto se pergunta, internamente: - Quem não traz seus Natais dentro do peito?Este Natal é mais um deles, que ela jamais esquecerá, e fará parte da lista de Natais do Quinzinho, daqui a algumas décadas, com certeza.
Aparecida Torneros
De presente, meu sorriso, para ti...
darei a ti meu sorriso franco
é de graça, nem pense em pagar,
tem a graça da pura graça da vida
é meu sorriso de dente branco
boca exprimindo vontade de te abraçar
e desejar feliz ano novo, feliz subida
aos céus do amor, da paz e dos sonhos
sem mais medos ou pensamentos tristonhos,
só alegrias é o que te desejo nesse fim de ano
para que recomeces do zero, que faças um plano
o de se auto-amar, melhor que tudo, amar a todos,
por mais utópico, difícil, estranho, desafiante tratado,
melhor ainda, amar o Amor e se surpreender amado...
porque amar alguém e ser amado enfim, depende do lado
em que se dá ou recebe o sorriso... basta abrir mão de si
distribuir carinho, abdicar do egoísmo, cantar dó-ré-mi
vale apelar para os anjos, acreditar na magia do Natal,
ensaiar no espelho, cantarolar um hino, aceitar o Divino,
e soltar a alma da sua prisão infeliz, voltar a ser menino,
reaprender a ser menina, com as amigas brincar no quintal...
Dou-te meu sorriso de feliz Ano Novo, nem precisas dar-me nada...
Ofereço-te minha PAZ e agradeço porque me aceitas descomplicada...
Afinal, nem fui ao shopping comprar este presente, fui ao sonho,
descobri que posso te ofertar meu melhor afeto com a minha risada...
Aparecida Torneros
De presente, meu sorriso, para ti...
darei a ti meu sorriso franco
é de graça, nem pense em pagar,
tem a graça da pura graça da vida
é meu sorriso de dente branco
boca exprimindo vontade de te abraçar
e desejar feliz ano novo, feliz subida
aos céus do amor, da paz e dos sonhos
sem mais medos ou pensamentos tristonhos,
só alegrias é o que te desejo nesse fim de ano
para que recomeces do zero, que faças um plano
o de se auto-amar, melhor que tudo, amar a todos,
por mais utópico, difícil, estranho, desafiante tratado,
melhor ainda, amar o Amor e se surpreender amado...
porque amar alguém e ser amado enfim, depende do lado
em que se dá ou recebe o sorriso... basta abrir mão de si
distribuir carinho, abdicar do egoísmo, cantar dó-ré-mi
vale apelar para os anjos, acreditar na magia do Natal,
ensaiar no espelho, cantarolar um hino, aceitar o Divino,
e soltar a alma da sua prisão infeliz, voltar a ser menino,
reaprender a ser menina, com as amigas brincar no quintal...
Dou-te meu sorriso de feliz Ano Novo, nem precisas dar-me nada...
Ofereço-te minha PAZ e agradeço porque me aceitas descomplicada...
Afinal, nem fui ao shopping comprar este presente, fui ao sonho,
descobri que posso te ofertar meu melhor afeto com a minha risada...
Aparecida Torneros
é de graça, nem pense em pagar,
tem a graça da pura graça da vida
é meu sorriso de dente branco
boca exprimindo vontade de te abraçar
e desejar feliz ano novo, feliz subida
aos céus do amor, da paz e dos sonhos
sem mais medos ou pensamentos tristonhos,
só alegrias é o que te desejo nesse fim de ano
para que recomeces do zero, que faças um plano
o de se auto-amar, melhor que tudo, amar a todos,
por mais utópico, difícil, estranho, desafiante tratado,
melhor ainda, amar o Amor e se surpreender amado...
porque amar alguém e ser amado enfim, depende do lado
em que se dá ou recebe o sorriso... basta abrir mão de si
distribuir carinho, abdicar do egoísmo, cantar dó-ré-mi
vale apelar para os anjos, acreditar na magia do Natal,
ensaiar no espelho, cantarolar um hino, aceitar o Divino,
e soltar a alma da sua prisão infeliz, voltar a ser menino,
reaprender a ser menina, com as amigas brincar no quintal...
Dou-te meu sorriso de feliz Ano Novo, nem precisas dar-me nada...
Ofereço-te minha PAZ e agradeço porque me aceitas descomplicada...
Afinal, nem fui ao shopping comprar este presente, fui ao sonho,
descobri que posso te ofertar meu melhor afeto com a minha risada...
Aparecida Torneros
"um sorriso como presente de Natal"
Os Natais andam chegando depressa demais, comentou uma amiga minha, nessa corrida louca que passa por nossas vidas entre tantas crises e parece que estamos todos à beira de um ataque de nervos, como define Almodovar no seu clássico filme sobre essa coisa de não nos reconhecermos como seres ainda capazes de gestos desprendidos, desprendidos do consumo. Resolvi então que mandaria de presente para os amigos, familiares e afins, um sorriso de presente de fim de ano. Pus no meu blog e saí distribuindo. É o presente mais barato que encontrei e o mais sincero que consegui, porque se encaixa, nem precisa de fita dourada ou papel colorido, ele já vem embalado na promessa-contextual-fotográfica de que lhes desejo paz, alegria, prosperidade, um montão de fons fluidos através da minha boquinha sorridente, tentando afastar maus presságios, dando uma pausa para os desafetos e apostando na positividade da energia do bem. Desses Natais corridos quase não se pode guardar mais aquelas lembranças de famílias conversadeiras em ceias sem muita pompa, mas com excesso de agrados típicos. Era a bisavó a fazer as rabanadas, nem pensar em compraá-las prontas, ou seriam os bolinhos de bacalhau com o tempero materno, as saladas de frutas tropicais descascadas e picadas a oito mãos pelos agregados que apareciam nas nossas casas e eram sempre benvindos. Natais com presépio armado com a ajuda dos meninos e menias, invenções de galos a cantar no alto de alguma montanha concebida em jornal amassado, pintado, de massa verde, ou um laguinho feito com o espelho emprestado da bolsa da irmã mais velha. Patinhos de biscuí nadando na superfície espelhada. Luzes penduradas em árvore que alguém trouxe do jardim, uns pacotinhos imitando presentinhos, bolas coloridas penduradas, a estreva dalva no alto em ponta como um cometa que passava devagar. Era preciso nortear os tres reis Magos, eles viriam do oriente devagar para presentear o menino Deus, e chegariam no dia 6 de janeiro. Aí, era dia de trocar presentinhos simples, como um sabonete ou uma caixinha de talco, um lencinho com letra inicial de nome bordada em azul, talvez um chinelo novo para o avô, ou um xale de lâ para a avózinha. Crianças ganhavam carrinhos de madeira, bolas de gude, bonecas de pano, nem tinha tanta propaganda, nem dinheiro, nem televisão anunciando ofertas de eletrodomésticos. O máximo que se gastava, além das comidas, era uma pinturinha na fachada, para agradar os vizinhos, e recebê-los no brinde da hora santa. Rezava-se pelo bem da humanidade, pela saúde das pessoas e pela paz dos povos, era um tempo tão ingênuo, ou tão desprovido de ambições. Cavalinhos de pau e velocípides rudimentares podiam ser vistos na manhã do dia 25, adestrados por meninos felizes, e as garotas lá estavam a desfilar suas bonequinhas em forma de ternura materna, enquanto se preparavam para a vida que viria as tornaria mães de verdade, sem pressa. Pois é, minha amiga tem razão, tudo passou tão depressa e cá estou, chegando aos 60, observando a crise, e vendo como as pessoas terão que reaprender a dividir e gastar pouco, fazer da simplicidade o melhor dos seus mundos em Natais vindouros, estes sim, que virão mais vagarosos, pois não há mais porque correr atrás de um ouro derretido com a ganância dos grandes, que pensavam se eterno seu poder de compra. Agora, que reinventem felicidade sem ser e viver. Chega de pseudo felicidade em ter e consumir. Basta reunir quem se ama e abraçar bem forte. Um abraço, um beijo e um sorriso, estes sim, podem ser os melhores presentes do Natal da crise, por isso já enviei minha oferenda despretenciosa e nem quero resposta. Aprendi a ser feliz só por isso: desacelero meu fim de ano e busco a Paz maravilhosa que é amar a quem precisa ser amado, ou melhor, sorrir para quem precisa receber um sorriso de Natal.
Aparecida Torneros Jornalista Rio de Janeiro
Domingo, 21 de Dezembro de 2008
De presente, meu sorriso, para ti...
darei a ti meu sorriso franco
é de graça, nem pense em pagar,
tem a graça da pura graça da vida
é meu sorriso de dente branco
boca exprimindo vontade de te abraçar
e desejar feliz ano novo, feliz subida
aos céus do amor, da paz e dos sonhos
sem mais medos ou pensamentos tristonhos,
só alegrias é o que te desejo nesse fim de ano
para que recomeces do zero, que faças um plano
o de se auto-amar, melhor que tudo, amar a todos,
por mais utópico, difícil, estranho, desafiante tratado,
melhor ainda, amar o Amor e se surpreender amado...
porque amar alguém e ser amado enfim, depende do lado
em que se dá ou recebe o sorriso... basta abrir mão de si
distribuir carinho, abdicar do egoísmo, cantar dó-ré-mi
vale apelar para os anjos, acreditar na magia do Natal,
ensaiar no espelho, cantarolar um hino, aceitar o Divino,
e soltar a alma da sua prisão infeliz, voltar a ser menino,
reaprender a ser menina, com as amigas brincar no quintal...
Dou-te meu sorriso de feliz Ano Novo, nem precisas dar-me nada...
Ofereço-te minha PAZ e agradeço porque me aceitas descomplicada...
Afinal, nem fui ao shopping comprar este presente, fui ao sonho,
descobri que posso te ofertar meu melhor afeto com a minha risada...
Aparecida Torneros
é de graça, nem pense em pagar,
tem a graça da pura graça da vida
é meu sorriso de dente branco
boca exprimindo vontade de te abraçar
e desejar feliz ano novo, feliz subida
aos céus do amor, da paz e dos sonhos
sem mais medos ou pensamentos tristonhos,
só alegrias é o que te desejo nesse fim de ano
para que recomeces do zero, que faças um plano
o de se auto-amar, melhor que tudo, amar a todos,
por mais utópico, difícil, estranho, desafiante tratado,
melhor ainda, amar o Amor e se surpreender amado...
porque amar alguém e ser amado enfim, depende do lado
em que se dá ou recebe o sorriso... basta abrir mão de si
distribuir carinho, abdicar do egoísmo, cantar dó-ré-mi
vale apelar para os anjos, acreditar na magia do Natal,
ensaiar no espelho, cantarolar um hino, aceitar o Divino,
e soltar a alma da sua prisão infeliz, voltar a ser menino,
reaprender a ser menina, com as amigas brincar no quintal...
Dou-te meu sorriso de feliz Ano Novo, nem precisas dar-me nada...
Ofereço-te minha PAZ e agradeço porque me aceitas descomplicada...
Afinal, nem fui ao shopping comprar este presente, fui ao sonho,
descobri que posso te ofertar meu melhor afeto com a minha risada...
Aparecida Torneros
neste Natal, a quem interessar possa...
Neste Natal, a quem interessar possa... ( texto de 2005)
A coisa funciona quase sempre assim. A gente corre e trabalha o ano inteiro, planeja uma série de atitudes, estabelece metas, decide que é momento de algumas mudanças, vai vivendo, driblando os percalços nos meses que se sucedem como num torvelinho.
Aí, um dia, provavelmente numa manhã em que a luz adentra pela janela na casa que se faz fervente, a criatura acorda se sentindo " caminhando contra o vento, no sol de quase dezembro".
Bem, não há como voltar atrás, o que passou, se foi, e o tal dezembro chegou de novo, com sua climatização, seus calores, que no Brasil, fazem do Natal aquele período de verão quentíssimo, de ruas entupidas, de gente se trombando pelos shoppings, de aeroportos e rodoviárias adensados de reencontros, de estradas cheias de esperança por momentos felizes. Não importa o quanto a política e a economia tenham afetado nossas emoções ou os nossos bolsos, agora é Natal e vamos é comemorar. Tem o show especial do Roberto na televisão, tem a árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas, dá para encarar uma ceia novamente na casa da mamãe, ou da vovó, ou da namorada recente, quem sabe aquele gato escaldado que tem medo de casamento chegue enfeitiçado de espírito natalino e finalmente faça o sonhado pedido para juntar os trapinhos?
Meu dezembro , como o de vocês, tem mesmo essa aura de necessidade de amar e ser amado. Fico precisando dar o abraço naquele amigo que não vejo há muito tempo, me cobro a visita ao asilo dos velhinhos que tanto adiei, sou tomada de uma impiedosa culpa cristã pelas promessas que não cumpri, e o que é pior, me permito comer as gulodices mais díspares, misturadas e sem a menor parcimônia, em nome da confraternização das boas festas.
Nas luzes que piscam pelas avenidas, tento vislumbrar os amores do passado que me deixaram ainda algum brilho na alma, no afã de perdoar qualquer resquício de mágoa das separações e das traições, herança acumulada ano após ano, no decurso de prazo, no acúmulo de experiências afetivas.
Percebo que há mais sorrisos sendo distribuídos pelas calçadas, enquanto as tulipas de chope gelado são viradas a cada segundo contra bocas sedentas de frescor. Também é possivel identificar que há na febre consumista em torno dessa data um frenesi tresloucado de superação personalista. Todos querem ser queridos, presenteados, paparicados, lembrados, abraçados, beijados, numa proporção potencialmente acima das possibilidades rotineiras.
Mas, neste Natal, a quem interessar possa, nada será tão importante, para mim, do que me recolher com meus pensamentos, na solidão do ato reflexivo, na sala vazia.
Devo pensar sobre o quanto há para fazer além do circuito do meu umbigo, o mesmo que me liga a um ego que tento domar, ao qual me sinto ainda muito presa, com a consciência crescente de que preciso insistir em projetos mais ligados ao meu próximo, ao Brasilzão que implora por nova ordem social, ao meio ambiente e à felicidade compartilhada com meus vizinhos.
Com certeza, desse jeito, terei um Feliz Natal.
Aparecida Torneros
Jornalista-RJ
A coisa funciona quase sempre assim. A gente corre e trabalha o ano inteiro, planeja uma série de atitudes, estabelece metas, decide que é momento de algumas mudanças, vai vivendo, driblando os percalços nos meses que se sucedem como num torvelinho.
Aí, um dia, provavelmente numa manhã em que a luz adentra pela janela na casa que se faz fervente, a criatura acorda se sentindo " caminhando contra o vento, no sol de quase dezembro".
Bem, não há como voltar atrás, o que passou, se foi, e o tal dezembro chegou de novo, com sua climatização, seus calores, que no Brasil, fazem do Natal aquele período de verão quentíssimo, de ruas entupidas, de gente se trombando pelos shoppings, de aeroportos e rodoviárias adensados de reencontros, de estradas cheias de esperança por momentos felizes. Não importa o quanto a política e a economia tenham afetado nossas emoções ou os nossos bolsos, agora é Natal e vamos é comemorar. Tem o show especial do Roberto na televisão, tem a árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas, dá para encarar uma ceia novamente na casa da mamãe, ou da vovó, ou da namorada recente, quem sabe aquele gato escaldado que tem medo de casamento chegue enfeitiçado de espírito natalino e finalmente faça o sonhado pedido para juntar os trapinhos?
Meu dezembro , como o de vocês, tem mesmo essa aura de necessidade de amar e ser amado. Fico precisando dar o abraço naquele amigo que não vejo há muito tempo, me cobro a visita ao asilo dos velhinhos que tanto adiei, sou tomada de uma impiedosa culpa cristã pelas promessas que não cumpri, e o que é pior, me permito comer as gulodices mais díspares, misturadas e sem a menor parcimônia, em nome da confraternização das boas festas.
Nas luzes que piscam pelas avenidas, tento vislumbrar os amores do passado que me deixaram ainda algum brilho na alma, no afã de perdoar qualquer resquício de mágoa das separações e das traições, herança acumulada ano após ano, no decurso de prazo, no acúmulo de experiências afetivas.
Percebo que há mais sorrisos sendo distribuídos pelas calçadas, enquanto as tulipas de chope gelado são viradas a cada segundo contra bocas sedentas de frescor. Também é possivel identificar que há na febre consumista em torno dessa data um frenesi tresloucado de superação personalista. Todos querem ser queridos, presenteados, paparicados, lembrados, abraçados, beijados, numa proporção potencialmente acima das possibilidades rotineiras.
Mas, neste Natal, a quem interessar possa, nada será tão importante, para mim, do que me recolher com meus pensamentos, na solidão do ato reflexivo, na sala vazia.
Devo pensar sobre o quanto há para fazer além do circuito do meu umbigo, o mesmo que me liga a um ego que tento domar, ao qual me sinto ainda muito presa, com a consciência crescente de que preciso insistir em projetos mais ligados ao meu próximo, ao Brasilzão que implora por nova ordem social, ao meio ambiente e à felicidade compartilhada com meus vizinhos.
Com certeza, desse jeito, terei um Feliz Natal.
Aparecida Torneros
Jornalista-RJ
Anjos, Duendes e o Elemental Papai Noel
Aparecida Torneros
Dois olhinhos azuis brilhavam na minha direção, naquela noite feliz.
Eu os observava sentindo um certo arrepio nas costas, delicioso frêmito que me reportava à infância perdida.
Esses olhos iluminavam minha esperança de sonhos sobre a humanidade, a justiça, a saúde dos povos, a erradicação das diferenças e a paz. De certo modo, eles me hipnotizavam.
A intensidade daquele olhar me tornava tão pequenina.
Imaginei que seu raio de ação era tão abrangente, capaz de alcançar o universo inteiro.
O tal Papai Noel me transformava, insistentemente, numa pequena criança, desejando apenas ser feliz. Tudo era pureza em minha alma, ao ser contemplada pela magia do Natal.
De repente, senti que Anjos dançavam à minha volta, e cantavam o coro da harmonia soprando em meus ouvidos as canções mais doces.
Não podia crer naquela situação em que me via voando sobre as cabeças das pessoas, incrivelmente.
Sim, fui alçada por um grupo de Duendes risonhos e elevada, flutuando passando a me sentir tão leve quanto uma pluma e tao etérea quanto uma nuvem.
Os olhinhos permaneciam dentro dos meus, direcionados.
De onde eu estivesse, nos volteios que fazia no ar, podia divisar o brilho celeste que Papai Noel me enviava, através do azul intenso do seu maravilhoso olhar.
Eu sorria e chorava ao mesmo tempo.
Então era isso que o Espírito de Natal podia fazer conosco?
Os seres humanos podiam voar e mudar de dimensão quando fossem tocados pelos Duendes, Anjos e pelo doce aconchego do bom Velhinho.
Observei lá em baixo, ficando cada vez mais distante, as pessoas da Terra.
Tive tanta pena delas. Senti que podiam ser mais felizes se eliminassem definitivamente tanto sentimento pequeno de competição e tanta inveja.
Também, refleti, para que tanta ambição entre os povos, e quanta injustiça entre os homens. Vi, me comovi, chorei copiosamente, ao lamentar as guerras, as calamidades, as epidemias, a pobreza e a fome.
Mas, Papai Noel me chamou de volta, com sua atenção especial. Ele me ensinou, naquela noite, que tudo pode ser melhor, que deve se renovar eternamente a esperança e fazer alguma coisa concreta para mudar o mundo.
Cada um descobre em seu caminho algo a fazer de melhor por alguém que precisa. Disso, ele me convenceu. Lembrei de tanta caridade que se organiza em movimentos assistenciais em todo o mundo, e pude ver as luzes de velas acesas, na imensa escuridão do cosmos.
Uma luz maior me possibilitou compreender que a cada ação de paz, a cada sorriso de uma criança, o mundo se renova e a humanidade se redime.
Assimilei a lição do Bom Velhinho e passei a sentir que o Natal é um lindo conto de Fadas, um mágico sonho a ser vivido entre adultos e crianças, para realimentar o universo de Amor.
Sobre o Amor, ainda, ele, com seus profundos olhos azuis, me tirou a dúvida maior que me acompanhava há tanto tempo: o Amor existe, nós somos o próprio Amor, e ele vai além do tempo e do espaço...
Papai Noel me fez voar sobre a Terra e me transformou num raio de luz... Com meus volteios no céu, escrevi um imenso Feliz Natal no ar... para todos os meus amigos e amigas... que vão poder olhar na noite, entre as estrelas , e observar a minha mensagem lá no alto... iluminando cada coração que sintonizar o meu.
Aparecida Torneros
Dois olhinhos azuis brilhavam na minha direção, naquela noite feliz.
Eu os observava sentindo um certo arrepio nas costas, delicioso frêmito que me reportava à infância perdida.
Esses olhos iluminavam minha esperança de sonhos sobre a humanidade, a justiça, a saúde dos povos, a erradicação das diferenças e a paz. De certo modo, eles me hipnotizavam.
A intensidade daquele olhar me tornava tão pequenina.
Imaginei que seu raio de ação era tão abrangente, capaz de alcançar o universo inteiro.
O tal Papai Noel me transformava, insistentemente, numa pequena criança, desejando apenas ser feliz. Tudo era pureza em minha alma, ao ser contemplada pela magia do Natal.
De repente, senti que Anjos dançavam à minha volta, e cantavam o coro da harmonia soprando em meus ouvidos as canções mais doces.
Não podia crer naquela situação em que me via voando sobre as cabeças das pessoas, incrivelmente.
Sim, fui alçada por um grupo de Duendes risonhos e elevada, flutuando passando a me sentir tão leve quanto uma pluma e tao etérea quanto uma nuvem.
Os olhinhos permaneciam dentro dos meus, direcionados.
De onde eu estivesse, nos volteios que fazia no ar, podia divisar o brilho celeste que Papai Noel me enviava, através do azul intenso do seu maravilhoso olhar.
Eu sorria e chorava ao mesmo tempo.
Então era isso que o Espírito de Natal podia fazer conosco?
Os seres humanos podiam voar e mudar de dimensão quando fossem tocados pelos Duendes, Anjos e pelo doce aconchego do bom Velhinho.
Observei lá em baixo, ficando cada vez mais distante, as pessoas da Terra.
Tive tanta pena delas. Senti que podiam ser mais felizes se eliminassem definitivamente tanto sentimento pequeno de competição e tanta inveja.
Também, refleti, para que tanta ambição entre os povos, e quanta injustiça entre os homens. Vi, me comovi, chorei copiosamente, ao lamentar as guerras, as calamidades, as epidemias, a pobreza e a fome.
Mas, Papai Noel me chamou de volta, com sua atenção especial. Ele me ensinou, naquela noite, que tudo pode ser melhor, que deve se renovar eternamente a esperança e fazer alguma coisa concreta para mudar o mundo.
Cada um descobre em seu caminho algo a fazer de melhor por alguém que precisa. Disso, ele me convenceu. Lembrei de tanta caridade que se organiza em movimentos assistenciais em todo o mundo, e pude ver as luzes de velas acesas, na imensa escuridão do cosmos.
Uma luz maior me possibilitou compreender que a cada ação de paz, a cada sorriso de uma criança, o mundo se renova e a humanidade se redime.
Assimilei a lição do Bom Velhinho e passei a sentir que o Natal é um lindo conto de Fadas, um mágico sonho a ser vivido entre adultos e crianças, para realimentar o universo de Amor.
Sobre o Amor, ainda, ele, com seus profundos olhos azuis, me tirou a dúvida maior que me acompanhava há tanto tempo: o Amor existe, nós somos o próprio Amor, e ele vai além do tempo e do espaço...
Papai Noel me fez voar sobre a Terra e me transformou num raio de luz... Com meus volteios no céu, escrevi um imenso Feliz Natal no ar... para todos os meus amigos e amigas... que vão poder olhar na noite, entre as estrelas , e observar a minha mensagem lá no alto... iluminando cada coração que sintonizar o meu.
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