Maracanã

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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

TALVEZ, TALVEZ, TALVEZ...

Talvez, talvez, talvez…



Cida Torneros*


O dia começou e meu amigo me escreve de Paris, “estoy solito”, justo neste 14 de fevereiro, quando se comemora por lá (e também na América) o Valentin’s Day, Dia dos Namorados…


Meu amigo é brasileiro, tem trabalhos que o fazem peregrinar por aí, pelos lugares mais distantes, segue amanhã para o Oriente Médio. Vai quase sempre em missão que une negócios e política, digamos que é seu ofício observar o mundo, a evolução econômica dos povos, articular-se para que o Brasil se insira cada vez mais no panorama do crescimento moderno. Ele é um idealista.


Mas todos os enamorados da vida são idealistas…sonham com mundo melhor, com felicidade mais bem repartida, com liberdade nos países ditatoriais, com ausência da fome, com saúde e bem estar para si e para os outros.


Namorar alguém significa desejar viver o bem a dois, um bem compartilhado, o exercício da emoção conjunta de ver o por do sol ou de acordar e ter a tal criatura no pensamento, como primeira imagem do dia. Pode ser mais. Pode ser menos. O namoro pode oscilar, tipo aquela brincadeira, esquenta e esfria, mas quando é namoro, é e pronto.


Hoje eu lembrei que no baile de formatura dos meus vinte e poucos anos, aluguei um namorado, rs, literalmente.


Sempre fui sapeca e avançada. Já que não tinha um oficial, foi mais fácil contratar um que passou o baile inteiro (anos 70) fazendo o papel de namorado meu e inveja às minhas amigas. Truque de garota experta. Eu estava feliz, apesar…ora eu me formava, era estudiosíssima, corria atrás de trabalho, dançava e curtia demais a vida. Também andava metida em algumas reuniões políticas e ia nas passeatas contra a ditadura.


Leio no blog de outro amigo uma alusão ao Dia dos Namorados que ele passou, entre amigos e familiares, em Nova York há 11 anos atrás, e ele postou a canção “Quiçás, quiçás, quiçás”, na voz do Nat King Cole.


O talvez provávelemente é o tempero do namoro. Talvez ele me ame de verdade, talvez ela nem se lembre que eu existo, talvez você venha viver comigo pra sempre, talvez daqui a alguns anos eu nem sinta mais o que sinto hoje por alguém. Talvez seja um namoro de ocasião. Mas se é Dia dos Namorados, cabe mandar flores, oferecer bombom, ouvir e dançar bela música como a do “talvez” e beijar o beijo ofegante, avassalador, do encontro e do medo da perda.


Um grande dia para os enamorados, e para os que vivem de recordar seus ex… vale embonecar-se e sair por aí… amar a vida, amar a alegria de viver, amar ter sido amada, amar poder amar alguém de verdade, ou mesmo de brincadeirinha… vale tudo… qualquer maneira de amar vale a pena…


Deixar de namorar, de desejar, de amar é que não tá com nada, senhores, vamos à luta, e amemos pois, cada um ao seu jeito, de mãos dadas, abraçadinhos, olhos nos olhos, que o espetáculo da Vida é um só, a cada segundo…


Feliz dia de São Valentim pra todos nós… Na falta de um namorado oficial, que tal um virtual, ou um imaginário? Como é bom curtir um sonho de amor e ser premiado com um suspiro interior de alegria de viver.


Na falta de um namorado ou de uma namorada, sugiro que se enamorem do próprio Amor!!! Assim, não estarão perdendo tempo, com tanto talvez, talvez, talvez!


*Cida Torneros é jornalista.

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