Primeira mulher eleita presidente na História do Brasil, Dilma Rousseff enfrentará o maior desafio que um governante poderia imaginar, ao menos na área esportiva. Terá de administrar os dois mais importantes eventos do calendário esportivo mundial, que acontecerão sob o seu telhado: a realização da Copa do Mundo em 2014 e a preparação para a Olimpíada do Rio, em 2016.
De carona no esporte estará também o futuro econômico e político do país nos próximos quatro anos. A repercussão mundial sobre o sucesso ou fracasso desses eventos pode influenciar diretamente na próxima eleição, em 2014.
Mas para obter sucesso ela precisará acompanhar bem de perto as ações do Ministério do Esporte, principal meio de articulação político-esportiva do país e que, desde sua criação pelo presidente Lula, em 2003, serviu de moeda de troca na eleição e foi parar nas mãos dos aliados do PCdoB, primeiro com Agnelo Queiroz, e atualmente com Orlando Silva Junior.
Em entrevista ao LANCENET!, a presidente falou também sobre o investimento nos atletas de alto rendimento, a prática esportiva como um meio de inclusão social e sobre como segurar os jovens craques no futebol brasileiro.
LANCENET!: Como o seu governo pretende gerir e, principalmente, fiscalizar os gastos públicos com as obras de infraestrutura para a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016?
Dilma Rousseff: Todas as informações sobre os grandes eventos esportivos que sediaremos já podem ser acompanhadas por qualquer cidadão nos portais da transparência (www.portaltransparencia.gov.br) elaborados pela Controladoria Geral da União e dedicados à Copa de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016. Nestes portais há dados sobre: programa e ação governamental, fonte de recursos, órgãos executores, cronogramas, editais, convênios, operações de crédito realizadas por instituições financeiras oficiais de fomento.
LNET!: Como será usado o dinheiro público para a realização desses eventos?
D.R.: A maior parte dos recursos públicos destinados à Copa será investida em infraestrutura social e urbana, como obras de mobilidade, habitação e saneamento. Para reforma ou ampliação dos estádios, o BNDES disponibilizou linhas de financiamento que, em alguns casos, serão complementadas por recursos dos Estados. No caso das Olimpíadas, a proporção de recursos públicos é maior, inclusive porque a ampliação das instalações de prática esportiva é um interesse tanto do Governo Federal, quanto do Governo Estadual e da Prefeitura do Rio de Janeiro.
LNET!: As conquistas brasileiras nos esportes olímpicos quase sempre aconteceram mais por fruto de um brilhantismo individual do que por um amplo projeto de desenvolvimento do esporte olímpico, como acontece nos EUA e na China, por exemplo. O que o seu governo pretende fazer para colocar o país no primeiro mundo também nos esportes? É possível conseguir isso já para 2016?
D.R.: Vamos desenvolver o Esporte de Alto Rendimento de forma a elevar o Brasil à condição de potência esportiva reconhecida mundialmente. Para isto, avançaremos na constituição de uma rede nacional de treinamento, que maximize o aproveitamento da infraestrutura existente e permita o treinamento de jovens talentos em suas regiões de origem. Continuaremos aprimorando a legislação de apoio ao atleta e investiremos na base esportiva. Nosso projeto de governo para a área do esporte de alto rendimento também inclui implantar o Projeto Cidade Esportiva para propiciar espaço para a formação de atletas nos municípios brasileiros e, com isso, potencializar o fomento de modalidades conforme as vocações das cidades participantes; ampliar o Programa Bolsa Atleta, direcionando o benefício para atletas de esportes olímpicos e paraolímpicos; e implementar a modalidade Atleta Pódio do Programa Bolsa Atleta, nova categoria de bolsa para apoiar os atletas melhor classificados e que apresentem condições de obtenção de bons resultados na disputa por finais e medalhas.
LNET!: Como você pretende trabalhar o esporte paraolímpico como forma de inclusão social para as pessoas com deficiência?
D.R.: Nesses últimos anos, o Brasil teve os melhores resultados da história nos esportes praticados por pessoas com deficiência, com investimentos de mais de R$ 240 milhões nessas atividades. O Brasil organizou os Jogos Parapan-Americanos, em 2007, e obteve a nona colocação nos Jogos Paraolímpicos de Pequim, em 2008. Em 2016, o Brasil também sediará as Paraolimpíadas, que acontecem logo após as Olimpíadas. Pretendo promover as ações necessárias para incentivar a prática esportiva por pessoas com deficiência, para que obtenhamos, em 2016, resultados ainda melhores que os de 2008 e melhores do que certamente serão os de 2012. E para além dos resultados nos Jogos, considero que a prática do esporte é uma excelente forma de inclusão das pessoas com deficiência. Por isso, pretendo reforçar o recorte nesse público nas políticas esportivas que desenvolveremos.
LNET!: Pouco se tem feito pelo esporte na formação ou recreação de alunos nas escolas e universidades, sejam elas municipais, estaduais ou federais. Como será feito o investimento no esporte educacional?
D.R.: Na verdade, o Governo Lula deu grandes passos para ampliar o acesso à prática esportiva em escolas da rede pública. Por meio do Ministério do Esporte, criado pelo governo do Presidente Lula, implantamos o Programa Segundo Tempo, que oferece prática esportiva, reforço escolar, supervisão pedagógica e alimentação no contraturno escolar para estudantes da rede pública expostos a risco social. Desde 2003, foram atendidos 3,6 milhões de crianças e adolescentes, com investimento de R$ 653 milhões. Nossa proposta é ampliar o Programa Segundo Tempo no ensino básico e também estendê-lo às instituições públicas de ensino tecnológico e superior. Também seguirei apoiando os Jogos Escolares e Universitários, com a meta de atingir 6 milhões de jovens até 2016, incentivando-os e preparando-os para as Olimpíadas. Além disso, com o PAC 2, garantiremos 10 mil quadras cobertas na rede pública de ensino, universalizando este equipamento nas escolas urbanas com mais de quinhentos alunos.
LNET!: O Brasil é o grande celeiro de talentos do futebol, mas o que temos visto nos últimos anos é esses jogadores saírem do país cada vez mais novos, muitas vezes nem chegando a se profissionalizar aqui. Há alguma forma de intervir nessa questão?
D.R.: O Governo Federal desenvolve políticas públicas que garantam um espaço institucional e econômico favorável à solidez e sustentabilidade dos clubes brasileiros, permitindo que tenham condições de manter os grandes talentos do futebol brasileiro. Para isso, nosso programa para o futebol prevê finalizar a implantação da Secretaria Nacional do Futebol e Defesa do Torcedor, no âmbito do Ministério do Esporte, para gerir, com ações sistemáticas e diferenciadas, as políticas públicas específicas para a área; investir na valorização do futebol feminino, visando à hegemonia mundial, assim como ocorre no masculino; aprofundar as ações para a segurança e o conforto nos estádios, como a implantação do Estatuto do Torcedor, marco histórico para proteção e defesa do torcedor, do Torcida Legal, buscando aprofundar a fiscalização nos estádios, e a cooperação com o Conselho Nacional de Justiça, com o objetivo de conjugar esforços para a implantação de uma política nacional de prevenção da violência nos espetáculos de futebol; e apoiar e promover iniciativas que propiciem o desenvolvimento econômico do futebol.
De carona no esporte estará também o futuro econômico e político do país nos próximos quatro anos. A repercussão mundial sobre o sucesso ou fracasso desses eventos pode influenciar diretamente na próxima eleição, em 2014.
Mas para obter sucesso ela precisará acompanhar bem de perto as ações do Ministério do Esporte, principal meio de articulação político-esportiva do país e que, desde sua criação pelo presidente Lula, em 2003, serviu de moeda de troca na eleição e foi parar nas mãos dos aliados do PCdoB, primeiro com Agnelo Queiroz, e atualmente com Orlando Silva Junior.
Em entrevista ao LANCENET!, a presidente falou também sobre o investimento nos atletas de alto rendimento, a prática esportiva como um meio de inclusão social e sobre como segurar os jovens craques no futebol brasileiro.
LANCENET!: Como o seu governo pretende gerir e, principalmente, fiscalizar os gastos públicos com as obras de infraestrutura para a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016?
Dilma Rousseff: Todas as informações sobre os grandes eventos esportivos que sediaremos já podem ser acompanhadas por qualquer cidadão nos portais da transparência (www.portaltransparencia.gov.br) elaborados pela Controladoria Geral da União e dedicados à Copa de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016. Nestes portais há dados sobre: programa e ação governamental, fonte de recursos, órgãos executores, cronogramas, editais, convênios, operações de crédito realizadas por instituições financeiras oficiais de fomento.
LNET!: Como será usado o dinheiro público para a realização desses eventos?
D.R.: A maior parte dos recursos públicos destinados à Copa será investida em infraestrutura social e urbana, como obras de mobilidade, habitação e saneamento. Para reforma ou ampliação dos estádios, o BNDES disponibilizou linhas de financiamento que, em alguns casos, serão complementadas por recursos dos Estados. No caso das Olimpíadas, a proporção de recursos públicos é maior, inclusive porque a ampliação das instalações de prática esportiva é um interesse tanto do Governo Federal, quanto do Governo Estadual e da Prefeitura do Rio de Janeiro.
LNET!: As conquistas brasileiras nos esportes olímpicos quase sempre aconteceram mais por fruto de um brilhantismo individual do que por um amplo projeto de desenvolvimento do esporte olímpico, como acontece nos EUA e na China, por exemplo. O que o seu governo pretende fazer para colocar o país no primeiro mundo também nos esportes? É possível conseguir isso já para 2016?
D.R.: Vamos desenvolver o Esporte de Alto Rendimento de forma a elevar o Brasil à condição de potência esportiva reconhecida mundialmente. Para isto, avançaremos na constituição de uma rede nacional de treinamento, que maximize o aproveitamento da infraestrutura existente e permita o treinamento de jovens talentos em suas regiões de origem. Continuaremos aprimorando a legislação de apoio ao atleta e investiremos na base esportiva. Nosso projeto de governo para a área do esporte de alto rendimento também inclui implantar o Projeto Cidade Esportiva para propiciar espaço para a formação de atletas nos municípios brasileiros e, com isso, potencializar o fomento de modalidades conforme as vocações das cidades participantes; ampliar o Programa Bolsa Atleta, direcionando o benefício para atletas de esportes olímpicos e paraolímpicos; e implementar a modalidade Atleta Pódio do Programa Bolsa Atleta, nova categoria de bolsa para apoiar os atletas melhor classificados e que apresentem condições de obtenção de bons resultados na disputa por finais e medalhas.
LNET!: Como você pretende trabalhar o esporte paraolímpico como forma de inclusão social para as pessoas com deficiência?
D.R.: Nesses últimos anos, o Brasil teve os melhores resultados da história nos esportes praticados por pessoas com deficiência, com investimentos de mais de R$ 240 milhões nessas atividades. O Brasil organizou os Jogos Parapan-Americanos, em 2007, e obteve a nona colocação nos Jogos Paraolímpicos de Pequim, em 2008. Em 2016, o Brasil também sediará as Paraolimpíadas, que acontecem logo após as Olimpíadas. Pretendo promover as ações necessárias para incentivar a prática esportiva por pessoas com deficiência, para que obtenhamos, em 2016, resultados ainda melhores que os de 2008 e melhores do que certamente serão os de 2012. E para além dos resultados nos Jogos, considero que a prática do esporte é uma excelente forma de inclusão das pessoas com deficiência. Por isso, pretendo reforçar o recorte nesse público nas políticas esportivas que desenvolveremos.
LNET!: Pouco se tem feito pelo esporte na formação ou recreação de alunos nas escolas e universidades, sejam elas municipais, estaduais ou federais. Como será feito o investimento no esporte educacional?
D.R.: Na verdade, o Governo Lula deu grandes passos para ampliar o acesso à prática esportiva em escolas da rede pública. Por meio do Ministério do Esporte, criado pelo governo do Presidente Lula, implantamos o Programa Segundo Tempo, que oferece prática esportiva, reforço escolar, supervisão pedagógica e alimentação no contraturno escolar para estudantes da rede pública expostos a risco social. Desde 2003, foram atendidos 3,6 milhões de crianças e adolescentes, com investimento de R$ 653 milhões. Nossa proposta é ampliar o Programa Segundo Tempo no ensino básico e também estendê-lo às instituições públicas de ensino tecnológico e superior. Também seguirei apoiando os Jogos Escolares e Universitários, com a meta de atingir 6 milhões de jovens até 2016, incentivando-os e preparando-os para as Olimpíadas. Além disso, com o PAC 2, garantiremos 10 mil quadras cobertas na rede pública de ensino, universalizando este equipamento nas escolas urbanas com mais de quinhentos alunos.
LNET!: O Brasil é o grande celeiro de talentos do futebol, mas o que temos visto nos últimos anos é esses jogadores saírem do país cada vez mais novos, muitas vezes nem chegando a se profissionalizar aqui. Há alguma forma de intervir nessa questão?
D.R.: O Governo Federal desenvolve políticas públicas que garantam um espaço institucional e econômico favorável à solidez e sustentabilidade dos clubes brasileiros, permitindo que tenham condições de manter os grandes talentos do futebol brasileiro. Para isso, nosso programa para o futebol prevê finalizar a implantação da Secretaria Nacional do Futebol e Defesa do Torcedor, no âmbito do Ministério do Esporte, para gerir, com ações sistemáticas e diferenciadas, as políticas públicas específicas para a área; investir na valorização do futebol feminino, visando à hegemonia mundial, assim como ocorre no masculino; aprofundar as ações para a segurança e o conforto nos estádios, como a implantação do Estatuto do Torcedor, marco histórico para proteção e defesa do torcedor, do Torcida Legal, buscando aprofundar a fiscalização nos estádios, e a cooperação com o Conselho Nacional de Justiça, com o objetivo de conjugar esforços para a implantação de uma política nacional de prevenção da violência nos espetáculos de futebol; e apoiar e promover iniciativas que propiciem o desenvolvimento econômico do futebol.
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