De onde vem os namorados, pimenta vermelha ?
Precisava encontrar a resposta certa, mas não consegui naqueles dez minutos que antecediam a chegada do ano novo, responder ao desabafo ou divagação da minha linda sobrinha de 20 anos. Formando-se em letras, já falante do inglês e do espanhol, estudando alemão, naquele instante, o que interessava a ela, com o coração pleno de sinceridade, era entender a difícil linguagem do tal do amor tão decantado na literatura, e valia apelar para a magia em noite carregada de fogos e luzes, ilusões que os homens nos induziam a crer em dias melhores, na renovação dos sonhos.
Ela justificava assim: por que vc acha ,tia, que vou romper a passagem desse 2006, toda vestida de vermelho e com essa pimenta ( em forma de medalhinha) pendurada no pescoço? Isso mesmo, é uma "simpatia" que uma amiga me ensinou pra arranjar um namorado, que tá difícil!
Olhei aquela lindeza, na sua mini-saia, barriguinha à mostra, os olhos mais verdes faiscando juventude, o cabelo pintado também de rubro-feliz, como um chamariz, atraindo os namorados, onde quer que eles se escondam.
Quis dizer a ela que os namorados vem de longe, vem das serras dos amores, trazem a missão do encontro mágico, nem se intimidam com os tropeços, nem se acanham pelas mazelas que dificultam suas chegadas, que acontecem sempre nas horas certas.
Talvez a pimenta seja mesmo o tempero adequado para um namoro que se prenuncia. Carregado de ardido na pele que se entranha sem piedade, cada namorico pode trazer em si o futuro amor que se transformará em familia, até, quem sabe, com crianças a correr pela casa, num dia de festa.
Mas, enquanto se espera ou se tenta, ou se deseja ou se torce por conseguir um bom namorado, como não elocubrar em que canto dessa terra um desses espécimes cada vez mais raros, anda se ocultando dos olhos de carinho que a minha sobrinha tem?
Pensei em escrever pra ela sobre o "carinha " que a mereça algum dia na vida. Um ser bonito por fora e por dentro. Pois já a aconselharam a tentar os feios, mas eu fui contra( ela idem). Nada que não possa ser reparado com um pedido de desculpas, mas, se for bonito, ora, o namorado dá gosto de olhar e de pegar, é ótimo para guardar as fotos, mostrar pras amigas, fazer inveja ( e figa junto) e sonhar com filhos bonitos como ele, saudáveis, rechonchudos, alegres como as flores.
Também, deduzindo que o mundo de hoje é pródigo de tecnologias, imaginei que ela bem poderia ganhar um namorado sintonizado com a modernidade do tipo "viajador", descobridor dos sete mares que teria navegado nas internets da vida, um antenado de primeira, bem informado e sagaz, poque aqueles que ficaram pra trás, no bonde da história, não saberiam presentear com afagos cibernéticos estas meninas da atualidade.
Tanto agora, como outrora, vale acreditar na boa sorte, e pôr pimenta vermelha na alma querente de amor verdadeiro. Vale tudo que a leve ao céu do namoro sério ( aceita-se o quase), para que a mocidade reflita a luz dos mais lindos olhos que alguém pode emitir aos 20 anos, como a Aninha, assim, brindando na praia, em frente à casa dos pais, com a família, que unida, toda, em torcida mística, desejou pra ela um grande namorado em 2006.
Lá, de onde os namorados partem, deve haver um tempo certo em que surgem saindo dos fornos, os novos seres capazes de buscar as jovens e fazê-las felizes, eles provavelmente são postos no mercado pelo fabricante criterioso, que os solta com desvelo, cuidado, esmero, para que façam renascer as cenas mais maravilhosas de namoro nas cidades.
Quando eles chegam em bando, se apropriam das calçadas, dos parques, dos jardins, das praças, e nas praias, restaurantes, coletivos, carros, o que se vê são os casais arrulhando como pombos, trocando olhares misteriosos, dando as mãos em nós atados, tudo o que faz gosto de se olhar para voltar a crer na humanidade que se enamora, pra provar que ainda pode ser salva.
Enquanto houver uma jovem sonhadora a se enfeitar como uma pinmenta vermelha nas noites de ano novo, não cessará a produção de namorados nalgum lugar do universo, porque mais eterna que o amor é a esperança dele, fazendo arder corações e bocas.
Cida Torneros
2 de janeiro de 2006
ps. Ana namora o Rafael, há 3 anos, e ele veio do oriente, seus pais sao japoneses.
Nenhum comentário:
Postar um comentário