Maracanã

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domingo, 31 de janeiro de 2010

O samba-rock, meu irmão, dos novos, velhos baianos, saudade!!!



Descubro , nessas andanças pelo youtube, um vídeo dos novos baianos, dos anos 70, e tão apropriadamente chegado na época do carnaval. O grupo, que fez história na música brasileira, estourou com sua cadência especial e sua verve explosivamente jovem no período em que se precisava tanto de gente nova, com sotaque baiano, jeito acariocado e um tempero descolado.

Conheci a Baby Consuelo numa manhã de verão, final de 1969, na redação do velho Diário de Notícias, na rua do Riachuelo, no Rio de Janeiro. Eu era estagiária de jornalismo, tinha 19, e vi entrar aquela figurinha saltitante, bem menina, que ali foi para avisar que sua banda tocaria ali perto, na Lapa, naquela noite.

Logo um pequeno grupinho masculino, do plantão insosso, cercou a inquieta figura, e um ar curioso tomou de assalto a rapaziada, lembro que no tal staff, estava meu coleguinha de faculdade, também iniciando carreira, Joaquim Ferreira dos Santos, o chefe da redação Gener Augusto, uns dois ou três fotógrafos embevecidos, o chargista Adail, e eu que também fui receber a Baby. 

O motivo de tanto "interesse",  evidentemente não era ainda a performance da Banda, que depois viemos a conhecer, acompanhar e a admirar ,por seu trabalho vanguardista. O fato é que a jovem cantora vestia um longo estilo hyppie, cor bem clarinha e totamente transparente, e por baixo, ninguém conseguiu divisar ou distinguir nenhuma peça naquela silhueta espevitada.

Mas, a pequena entrevista saiu no domingo, valeu o esforço da jovem Baby ao divulgar o início da trajetória do seu grupo. Recordo que nos contou que era de Niterói e que foi pra Bahia onde conheceu seus companheiros, falou do som deles com entusiasmo, nos convenceu a irmos vê-los mais tarde, cantarolou pedacinhos do seu repertório, soltou uma linda voz e desviou a atenção dos moços que esqueceram do modelito "nada por baixo" e se concentraram no talento de uma estrela que surgia para brilhar nos céus das nossas canções.

Os Novos Baianos, cuja história se confunde com os anos rebeldes e com as agruras da Ditadura Militar Brasileira, nos legaram uma obra de estimulado questionamento, além de me impregnar de saudade ao revê-los no vídeo antigo. Meninos quase, atrevidos e de bom astral, cantaram o tal samba-rock, com jeito incomparável, movimentaram com seu conteúdo sui-generes o cenário da música nacional e marcaram para sempre com sua assinatura, a grande novidade da sua presença em nossas vidas.

Talvez um dia, envelhecessem, ou talvez ficassem jovens pra sempre, acho que esta saída é a mais honrosa, pois sua arte continua através das carreiras-solos, e do trabalho diversificado que os componentes da banda desenvolveram nas últimas décadas. Porém, a semente que plantaram, juntos, floresce ainda, tem dado frutos, é capaz de germinar, no chão dos nossos sentimentos, mais que a saudade, a certeza de que beberam na fonte encantada, o elixir da juventude. 

E foi na Bahia, naturalmente! Viva o samba dos Novos Baianos!
Cida Torneros

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