Maracanã

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

enFAIXA-me GAZA




Domingo, 4 de Janeiro de 2009


enFAIXA-me GAZA
 GAZA

me enfaixa

de manto

de pano

de dor

de perplexidade

me dá uma asa

quero voar até lá

e chorar junto tanta morte

tanta discórdia, disputa,

a puta má sorte, a bomba má,

não estou de lado algum,

estou dentro de cada um,

dos dois lados, sem razão,

sem direção, irracional corte

de fé, de esperança, de direção...

GAZA, me enfaixa,

de mortalha e de sofrimento

diante da humanidade perdida

tem pena de mim que nem me reconheço

sou judia, hispânica, palestina, afegã,

quero afago, afago, afago e afago...

mas não esmoreço, creio em qualquer recomeço...

Não quero a faixa incandescente
fumegando atentados, guerra e bombardeio
me enrola no manto sagrado do perdão,

de algum modo é o único jeito que me veio

para tanta alma que necessita da celeste calma...

Na minha pequena vida, sou mulher e mãe,
penso nos que padecem em GAZA, nos arredores,

no campo inimigo, no peito amigo, na procura de abrigo,

em algum acordo de paz, nos homens da ONU, no Deus possível,

no milagre, até na vida além, de Alá, de Cristo, de Buda,

além da vida visível e da invisível, deve haver um mundo melhor...

Além de GAZA, para onde vão os espíritos que o ódio fabrica,
talvez eles se unam e se irmanem, e até brinquem de pega-pega,
mas inocentes de pecados e culpas, quem sabe se abracem no éter?

GAZA, me enfaixa bem forte, para que eu me renasça em Terra feliz,

num superior Planeta, num Paraíso, talvez o Nirvana encantado,

muito depois das disputas de terras, de credos, de poderes,

e, mesmo cega, possa ver a LUZ...

Aparecida Torneros



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