Maracanã

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domingo, 20 de setembro de 2009

Rod Stewart e as madrugadas dos solitários...





























A comunicação via satélite invadiu por muitas madrugadas aqueles sentidos virtuais do casal enamorado. 


Uma vez, fizeram um pacto, porque sabiam que a impermanência das coisas não era somente um conceito budista, mas sim uma possibilidade estatisticamente provável. Se algum dia deixassem de se encontrar no mundo da internet, e se perdessem um do outro, levariam consigo a voz de Rod Stewart interpretando canções que falassem de amor.


O tempo correu e a vida pregou-lhes peças. Viram-se tão apaixonados e ambos fugiram por mecanismos inconscientes quando engendraram desentendimentos e cenas de ciúmes, fatos capazes de provocar um rompimento entre eles. 


Era como se não pudessem suportar a força com que aquela paixão os tinha atolado. Necessitavam desprender-se e respirar. Afastaram-se. Sofreram. Choraram. Cada qual ,no seu íntimo, tentou esquecer do outro, mas isso era impossível. 


Então, nas madrugadas em que a saudade os domina agora, recorrem às músicas que se prometeram. Ouvem horas a fio a voz do cantor da rouquidão romântica e se imaginam ainda como naquelas memoráveis sessões de aconchego e prazer que souberam compartilhar mas que não conseguiram manter. 


Ela resgata a voz dele como se pudesse trazê-la no vento.


Ele retoma a imagem dela e a revê em seus braços em mágica alucinação.


Ainda conseguem ser felizes, mesmo distantes, quando se encontram, através do pensamento, nas noites longas em que suas almas trocam mensagens que o mundo real não pode decodificar e nem lhe é dado o direito de compreender. 


Através da voz de um intérprete, ele e ela sabem que seu amor sobrevive.


Cida Torneros



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