Maracanã

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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Só nós dois é que sabemos...





Com o pouco que sobrou...
Maria Aparecida Torneros da Silva

... com o coração aos pulos em busca do grande amor...
...sobrou pouco, concluiu...
daquela menina de saias curtas e penteado à maria chiquinha...
talvez tenha sobrado o sorriso de canto da boca, a linguinha de pontinha de fora...
sobretudo, sobrou o brilho do olhar quando intenso fica ainda, ao imaginar a chegada dele...
...mas, como ele se camufla sempre, se veste de prateado, se ilumina e foge,
ela já se acostumou a não mais reconhecê-lo, a duvidar que ele exista de verdade...
... do pouco que sobrou, uma sensação adolescente teima em ser tema recorrente...
é quando o coração aos pulos, frenético e enganoso, busca no homem imaginário
o exemplo sonhado do grande amor que se esconde nalgum canto do universo...
aí, ela promete a si mesma, juntar o pouco que sobrou e transformar-se num grande tesouro...

Relação amorosa

tu és minha
eu sou teu...

prometeram-se

tu és meu...
eu sou tua...

desejaram-se

tu e eu
eu e tu

abraçaram-se

eu em ti
tu em mim

amaram-se

tu meu céu
eu teu sol

queimaram-se

eu tua luz
tu meu mel

inundaram-se

tua alma em mim
minha voz em ti

completaram-se

teu caminho é meu
minha estrada é tua

confundiram-se

tu estás distante
eu estou tão longe

procuraram-se

tu partiste
eu fiquei

eu me fui
tu ficaste

lamentaram-se

eu te lembro
tu me chamas

sou tua sombra
és minha saudade

buscaram-se

eu te quero
tu me buscas

reencontraram-se

sou teu porto
és minha âncora

casaram-se

eu te amo
tu me amas

somos tudo
se estamos juntos

assinaram um acordo
e viveram felizes para sempre...

( esse poema poderia chamar-se casamento,
mas batizei-o de "relação amorosa)
Aparecida Torneros



Amor desidealizado

Façamos um trato,
nada de amor idealizado,
este é o novo fato,
amor é só um ato
de uma grande peça
cuja estréia é imprevisível
cujo enredo é questionável,
e o ápice tem interrogações à bessa...
Façamos assim, com respeito,
pelo jeito de cada um de nós,
pelas histórias incompletas,
pelos desejos não realizados,
por cada senão que precede as metas,
porque amar com muito planejamento
pode parecer piegas, é só argumento...
Nada de esperar o óbvio ou antever o amanhã,
por mais que possa parecer que haverá,
depois não me importa, na verdade,
o que conta, realmente, é o momento...
O meu momento é de paz,
o seu, se não for de tormento,
pode até combinar com o meu...
Façamos amor como meninos aprendizes,
saboreemos o gosto dos nossos dedos,
não deixemos que se acelerem alguns dos nossos medos,
apenas soltemos tantos grilhões tão antigos,
não esperemos nem príncipes e nem cinderelas,
somos mulher e homem complicados
descompliquemos, pois,
fiquemos só nós dois,
em pelo,
com zelo,
tão nus quanto no nascimento
nus de alma,
nus de preconceitos
nus de expectativas...
Se nada acontecer que nos acrescente sentimentos
caso não nos permitamos abrir nossos descondicionamentos
pelo menos
teremos tentado
e tentar
já é um grande começo
isso não tem preço
amar sem idealizar
somente amar
ou por sexo
ou por nexo
de sentir-se
bem
bem melhor
bem com a presença do outro
bem porque sua risada soa felicidade
bem poquer seu olhar aquece em lealdade
e seu abraço rejuvenesce
pode não ser pra sempre
mas é tão bom
hoje e agora, aqui na nossa pele...
Façamos um acordo sem papel
um pacto sem sangue
tenhamos um descompromissado encontro
com o melhor de nós mesmos
para trocar boa energia
por sermos quem somos
livres e resolvidos
inteiros e destemidos
vamos evoluindo
um junto do outro
até quando for possível,
quando for tão forte e tiver sentido
nos vermos mais vezes
ou nos tocarmos mais profundamente
ou nos entregarmos nossas mãos
uma dentro da outra
e nossas bocas
perderem o dom da palavra
para que nossos corpos e almas
falem sua própria linguagem...
Façamos uma boa parceria
sem cláusual pétrea
revogável
a qualquer instante...
aí... tenhamos sorte...
disso sim,
vamos precisar...
e se a tivermos,
façamos um castelo
sem sonhos
mas com realidades
minhas e suas
sei que eu o quero
tanto quanto você me quer,
recomecemos do zero,
e seja o que o Diabo quiser...
Cida Torneros , 8 de junho de 2008

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