Maracanã

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sábado, 15 de agosto de 2009

Marina e Dilma ( reproduzo artigos meus sobre elas)


FILMAR DILMA EM 2009, NOSSA DAMA DE FERRO (artigo publicado no site Bahia Já, em dezembro de 2008)

Maria Aparecida Torneros


Ela tá bem na fita, diriam os que dominam a gíria falante de um brasileirismo coloquial e televisivo. Tá com tudo e não tá prosa, seria o comentário do pessoal da quase terceira idade, gente como a gente, como ela, chegando na faixa dos "se senta no sofá" pra ver a televisão...Ledo engano, minha gente, pura falácia, nada de farmácia ou remedinho para reumatismo, o negócio é malhar e buscar estar sarada para chegar à Presidência em 2010.

Difícil? Talvez, mas não impossível, com um cabo eleitoral como o dela, o Sr. Lula, Mister President, que nela aposta e dá-lhe meios e modos de ser a mãe do PAC, a benfeitora da regeneração social que este sério programa traz para o povo brasileiro.Brincadeiras e trocadilhos à parte, vejamos suas chances não como remotas, já que terá que enfrentar disputas internas partidárias e externas a lidar contra os famosos "tucanos", que tem um candidato forte e líder nas pesquisas, o Dr. Serra, governante paulista, experto e experiente.

Mas, não vamos desconsiderar a moda mania de ascensão feminina na governança do poderio mundial, que vem em ondas, na Alemanha, na Argentina, no Chile, nos EUA, e por aí vai, ou melhor, vem. O Brasil tem na Dilma uma figura histórica e cheia de histórias para contar e recontar, desde a sua juventude militante em movimentos anti ditadura até sua jornada de técnica aplicada nos assuntos da energia, petróleo e gás. Saindo-se bem, demonstra que entra no mundo da política com jeito de mamma italiana, ou será brasileirona? Ela parece ter gás interno para muito mais.

E lá vem ela, a nossa Dama de Ferro, ou nossa Hillary tupiniquim, ganhando força e votos. Se bem que nas pesquisas ainda seja pouco conhecida do público em geral, como candidata, mas logo crescerá em imagem e presença, em frequência e discursos.Será um bom embate, ganhará a democracia brasileira, o nível da disputa parece que vai esquentar e muito. Uma mulher candidata a presidente do Brasil, além de ser novidade por estas bandas patriarcais, é muito mais , por ser uma pessoa que terá lastro para colocar os problemas do país nas metas do seu palanque eleitoral.

Esperemos que passem as festas, que ela se recupere da pequena cirurgia plástica, que nos ressurja em produção marketeira, porém, que merecemos um país discutido e bem dissecado, merecemos. Ela, o Serra, ou mais quem venham a concorrer ao posto de sucessor do presidente Lula, que se coloquem a serviço do esclarecimento, da lucidez e do respeito pelas diferenças sociais e pelo quadro de crise econômica que nos irá afetar cedo ou tarde. Sejam pródigos em alianças do bem e da consciência profunda do quanto nosso povo merece ser antes de mais nada, amado.

Ora, um político dizer que ama seu povo? Por que não?Amor é desprendimento e dádiva. Quem dá sua vida em prol de uma coletividade, deve ter em mente que se doa, se dá e se responsabiliza pelos sonhos das pessoas. Vide o Obama, eta homem com costas largas e peito onde bate um coração amante do mundo, quer queira ou não, destinado a exercer o amor humano na sua plenitude maior. Lá vai ele, a partir de janeiro, repaginar o planeta. Será fotografado, filmado, mirado e admirado por cada par de olhos do universo pensante.

Por aqui, é bom aproveitar o momento novo desse 2009 e filmar também. Há uma figura feminina preparando-se para ser vista desde os sertões até as megalópoles, ela está no páreo, veio correndo por fora, antes, sorria pouco, entretanto, a partir de agora, veremos que seu sorriso invadirá as primeiras páginas, convidando a mídia, para que ela se exponha e seja posta à prova :- Filma a Dilma, que ela tá bem na fita, na foto, na corrida e pode surpreender na reta final. Esperemos por 2010. Enquanto isso, feliz 2009 para o Brasil!





Marina, guerreira premiada (artigo publicado no Jornal A Tarde, Bahia, em 2007)

APARECIDA TORNEROS

A ministra morena do Meio Ambiente, Marina Silva, está entre os sete premiados pelas Nações Unidas este ano por sua atuação na defesa ambiental e pela busca de alternativas sustentáveis para o desenvolvimento. Não bastasse seu trabalho em prol da luta pela preservação da Amazônia, a morena Marina sustenta muito mais que os mistérios da floresta, pois traz na própria história de vida, o exemplo dos campeões, aqueles que superam dificuldades para empreender em busca de realizações de ideais da humanidade.

Se ela aprendeu a ler e escrever na adolescência, se atuou com Chico Mendes como uma onça pintada a defender seus pares, se chegou onde chegou a despeito dos interesses transversos que assolam o meio ambiente, ela é mesmo nossa campeã. O prêmio, chamado Campeões da Terra, será dado para representantes de diferentes continentes em abril. O Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma) destaca a atuação da ministra na proteção da Amazônia.

Quero relembrar a emoção da sua presença, num seminário a que compareci. Era uma tarde morna de 2005. O espaço, montado no Parque do Flamengo, estava repleto. Na solenidade de abertura, por problemas de viagem na saída em Brasília, ela chegou atrasada. Da escuridão, veio surgindo aquela figurinha aparentemente frágil. Sua silhueta caminhava pausadamente, apoiada numa bengala, envolta num xale. Parecia uma versão feminina do Grande Gandhi indiano. Saudada pela platéia, logo depois, chegou a sua vez de falar. A voz modulada e gentil começou fraca e lenta. Aí, seu rosto iluminou-se de repente.

Parecia que tiras imprimiam-se em suas faces e ela era agora uma índia cara pintada, pronta para a guerra. Uma sensação de batalha foi tomando conta da audiência e Marina Silva foi crescendo, como uma ave que abre as asas e alça o vôo do reconhecimento da natureza, identificada pela sede de contemplar, amar e proteger.

Disse recusar-se a aceitar um mundo onde 80% segue sem direitos maiores, sendo direcionados por apenas 20% que detém as rédeas do comando desenvolvimentista. A emoção inundou os ouvintes naquela tarde, pela sinceridade de intenções da ministra Marina. No dia seguinte, o noticiário trouxe o esfacelamento da quadrilha que atuava em Mato Grosso, envolvendo mais de uma centena de pessoas do mal cujo desrespeito à floresta chegou às raias do cinismo.

Ao despedir-se, a ministra Morena voou de volta ao Planalto, para continuar sua peregrinação, agarrada às asas de alguma ave, e, como uma índia, olhos atentos, sorriso manso, essa feminina flor das águas, criatura identificada com os povos dos reinos animal e vegetal, cumpre missão que terá , certamente, um dia, o reconhecimento dos brasileiros de gerações futuras.

Marina agora é nossa campeã da Terra, mas, no coração da gente, fica o conforto de ter uma "Morena Marina, cara pintada", para nos guiar contra os "caras pálidas infames", aqueles "caras de pau", traficantes de madeira sagrada.

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