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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Compreender a mente feminina (Luis Eduardo Matta)


Compreender a mente feminina ( trecho final do artigo )

A despeito de todas as notáveis mudanças ocorridas nos últimos tempos, quase toda mulher conserva dentro de si uma porção romântica incurável; e que foi essa porção romântica que evitou a extinção prematura da raça humana.
Compreender a mente feminina, múltipla e fascinante, não é uma epopéia tão espinhosa para nós, homens, como se convencionou acreditar.

"Compreender". Essa é, a meu juízo, a palavra-chave, capaz de solucionar muitos dos conflitos inquietantes desta modernidade desgovernada. Compreender o outro, aceitando-o como ele é, e não sendo tão implacáveis num julgamento precipitado e permeado pelas nossas referências pessoais. Compreender esse mundo em que vivemos, e o momento histórico que estamos atravessando, olhando para trás e vendo de onde estamos vindo a fim de ter uma idéia de para onde estamos caminhando. Compreender que todos temos limites, que as pessoas estão muito longe de ser perfeitas, que todos passamos por momentos de fraqueza e desvario, que experimentamos revezes, que nem sempre somos sublimes e tampouco estamos permanentemente prontos para corresponder a tudo o que as pessoas esperam de nós. Para que um relacionamento frutifique, há que ter tolerância, maturidade, não jogar tudo para o alto no primeiro desentendimento, ter consciência que mesmo os casamentos mais duradouros passaram por momentos de crise e, nem por isso, naufragaram. E é necessário, acima de tudo, compreender a nós mesmos. Ter ciência dos nossos defeitos e qualidades, conhecer as nossas limitações e respeitar a nossa forma de ser e de pensar. Quem não se compreende, não está apto a compreender os demais. Uma vez que estamos desbravando um período de transição que não deverá acabar tão cedo, seria saudável operarmos, também, uma transição dentro de nós. Contestando algumas certezas, deixando de olhar tanto para o nosso umbigo e lançando um olhar atento e generoso para a sociedade ao nosso redor, fazendo algumas concessões, nos esforçando para não deixar apodrecer aquilo que a vida tem de mais precioso, que são as relações afetivas; e incluo aí as amizades e as relações familiares. Mas, acima de tudo, usufruindo da liberdade que a modernidade generosamente oferece e que muita gente não sabe aproveitar; uma liberdade que permite que nos preservemos daquilo que não nos agrada e que nos dá a chance de escolher o nosso próprio caminho. A transição pode ser muito boa, desde que a encaremos da forma adequada.

Luis Eduardo Matta
Rio de Janeiro, 20/6/2008

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