Maracanã

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O Amor me pediu uma poesia


O amor me pediu uma poesia



O amor me pediu uma poesia

ele a queria forte, profunda, incisiva e clara...

mas a poesia escondeu-se nas palavras,

veio mansa, fugidia, elevada e vadia...

o amor equivocou-se no pedido, pensei...

porque uma poesia para viver o amor, é postulante...

uma poesia, para externar o amor, é redundante...

uma poesia, para homenagear o amor, é estonteante...

uma poesia, para camuflar o amor, é extenuante...

o amor pensou que a poesia era múltipla e abrangente,

achou que por causa dele toda poesia seria alucinante,

supervalorizou sua ação na alma da poeta vagante,

e, sem mais nem menos, solicitou poesia planejada..

A poesia, mais experta que ele, veio bem organizada...

A poesia chegou plena de si, com cabeça erguida,

não se deixou dominar pela métrica do amor, tão vivida,

nem se encantou com sua falta de lógica, esmaecida,

ela abraçou o sonho, pôs em si mesma um tempero,

de mágico brilho sobre olhos encantados, o esmero,

a poesia resplandeceu entre raios de luz tão faiscantes,

eu tentei responder ao amor pra explicar os impasses,

quis dizer a ele que a poesia tem mil formas e faces,

deixei-o imaginar a razão do poema amoroso e significativo

aquele em que me ponho de expectadora com certo motivo

para aprisionar o mel do amor, e resposta ao seu pedido.

O amor não tendo mais o que fazer, quis esse poema comprido,

bateu-me o coração em descompasso apressado e sôfrego,

fez-me produzir um texto doido quase que de um só fôlego,

e, ao concluir o feito, eis-me aqui, sem poder dara a ele um jeito,

de poesia de amor, para o amor que ma pediu, e ma tirou-a do peito..

Aparecida Torneros

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