Maracanã

Maracanã

domingo, 21 de dezembro de 2008

Tsunami ( a sós)


só posso desejar boas semanas de festas de Natal e Ano Novo, pra vcs, enviando um poema que fala de amar os que nem conhecemos, ou confiar nos seres incapazes de nos ludibriar, como os da clínica Santa Rita ou como os trombadinhas que roubam a tal paz que cada turista busca ao se encantar com a viagem da vida...pra vcs, TSUNAMI



tsunami ( a sós)

antes da grande onda

por favor, me ame a mim

ame a humanidade toda

ame a mulher songa-monga

a criança down, o velho coxo

o pedinte sujo e o pivete esperto

ame o inimigo tolo, o macaco rhesus,

a flor entreaberta, a porta fechada

dos corações endurecidos,

antes da grande ondapor favor, me beije assim

como se fosse próximo o fim

do nosso amor e dos tempos

e se compadeça do ser humano

do pobre bicho pensante e ignorante

...antes que a água nos invada

me inunde de paixão acesa me resplandeça

sim, me aqueçame enterneça

e jamais se esqueça

que haverá um dia

em que a terra-mãe

acolherá nossos restos de paixão

...antes dos tsunamis

invoque os bhamas, os deuses, os avatares,

peça perdão pelos desvalidos seu desvios

seus erros de avaliação, pelas bombas atômicas

pelas criaturas atônitas

convoque a onu, dos homens nus, dos sem destino,

e entoe pra mim, um lindo hino

de paz na terra, em meio ao luto, distribua afeto

pelos desconhecidos, pelos nossos mares revoltos

...antes da grande onda,

por favor, me diga onde está seu abraço,

onde posso apaziguar meu corpo no seu cansaço

de ser quem sou, um nada a mais, uma gioconda

sem sorriso, talvez uma alma sem corpo

...mesmo assim, querido , um último pedido lhe faço:

venha para mim, antes da onda gigante,

e me faça morrer no seu calor como uma flor...

me deixe sucumbir na sua dor como um final feliz...

me veja conformar o povo do mundo com a doçura da meretriz

e não me abandone ao tsunami feroz

sem antes me sussurrar que me quer um bem abstrato

um bem sem medidas, um bem além de nós

um bem super-humano, um bem capaz de engolir o fato

de ser quem sou, pequena e frágil, se estou assim:

como meus irmãos da Ásia e do mundo inteiro : a sós...

Aparecida Torneros

3 comentários:

Dani Pivatelli disse...

Amei este poema "Tsunami"! Que sensibilidade!
PArabéns!!
Amei mais ainda o da Faixa de Gaza: perfeito!!!

Unknown disse...

aplausos muito lindo esse poema, parabéns

Maria Aparecida Torneros disse...

Obrigada. Foi escrito em 2010