A vida segue célere, ali.
O Central Park dá o tom verde e sereno para garantir a aparente paz, no lugar onde viveu e morreu John Lennon. O guia da charrete - bicicleta, aponta as janelas do apartamento onde vive Yoko, e conta detalhes sobre a vida dela que ele imagina sejam todos verdadeiros, uma vez que as lendas se misturam á realidade nua e crua de um assassinato doloroso que pôs fim a uma trajetória de emoção e sucesso que um artista ímpar nos legou no século XX. O beatle que virou recluso, que refez e renovou a própria vida tantas vezes, que desafio as regras sociais, que amou o amor, que zombou das crenças, que impõs modismos, que frutificou gerações plantando sementes de reflexão e chamando para um mundo sem fronteiras.
Lennon imaginou e a image que ele nos formatou é a do grande sonho na Big Apple, onde o mundo se encontra, realmente sem delimitações de raça, países ou credos, onde a terra gira em torno de si mesma, e o umbigo do planeta parece emitir um grito tribal da fonte renascida. Ali está o Dakota, prédio antigo, de metro quadrado caríssimo, aparentemente quieto, em cujas cercanias os transeuntes passam, lembram, reverenciam, lamentam e até esquecem do quanto pode ser difícil ter uma vida de sonhos, ceifada sem mais nem menos por algum psicopata ou pela crueldade que a mente humana é capaz de fomentar...
O prédio é testemunha e ao mesmo tempo é um monumento, patrimõnio novayorkino, jaz serenamente, em frente ao verde, onde bebês passeiam em seus carrinhos, turistas curiosos observam com as explicações de guias minuciosos e intrigantes, e , sobremodo, almas sensíveis rezam preces para o descanso eterno do menino de Liverpool que ali viveu e morreu, em nome da paz e da humanidade sem fronteiras.
Aparecida Torneros
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