Maracanã

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domingo, 10 de abril de 2011

Beijo na boca, como viver sem ele?

Abaixo, transcrevo o artigo sobre o tal beijo na boca que me inspirou a crônica desprentenciosa, porém sincera, viu?







Beijo na boca, como viver sem ele?


Sou daquelas pessoas beijoqueiras. Quando menina ( como centenas fazem) treinei muito beijando laranjas e maçãs tentando adivinhar o gosto de um futuro e prazeroso beijo na boca. Retive em mim alguns receios naturais, esperei o namorado do colégio, adiei muito e aos 17 anos, finalmente, provei da coisa ansiada, com um desajeitado sentimento de invadir e ser invadida no sorriso e na sensação de doce ou amargo, foi uma confusão. Com o tempo, claro, esmerei-me na prática e os namoradinhos foram se sucedendo, descobri que cada ser humano beija do seu prórprio jeito e que há beijos despretenciosos e inocentes enquanto outros são provocantes e libidinosos. Os beijos de amor são identificados com o coração aos pulos, elevam-se à categoria do alerta vermelho, casamento ou sexo à vista, afinal, a carne é fraca, dizem todos por aí...


Atualizando meu vocabulário com os filhos adolescentes de amigas e amigos, incorporei o BV, boca virgem, quer dizer aquela pessoinha que ainda nao beijou ninguém. Corre entre a meninada o estigma, Fulaninha é BV, coitadinha... rs...






Noutro dia, uma amiga viúva há uns poucos anos, me confessou que não abraça ou beija alguém desde que perdeu o marido, e o fez, num tom choramingado, saudoso, talvez porque o beijo que realmente lhe faz falta não é o de qualquer um, mas aquele do seu companheiro de tantos anos que partiu deixando-lhe a saudade da vida em comum e consequentemente dos seus beijos trocados por décadas.






Há casais que se beijam, pelo processo da rotina, com autômatos, nem parecem sentir a importancia dos seus beijos e a propria necessidade deles tornou-se ato cotidiano, fazendo parte do roteiro previsto na correria do dia a dia.






Os chamados beijos inesquecíveis, estes nos acompanham a vida inteira, quem não os tem por aí seja em sonho ou lembrança, atentando para os que já vimos e revimos em cenas cinematográficas ou novelas sublimadoras de solidões e abandonos pessoais. Muitas vezes ver um beijo de amor, numa cena deliciosamente bem estruturada, parece lavar a alma de quem anda carente de beijos reais...






Solteiros e divorciados precisam traçar estratégias para descolar seus beijinhos avulsos, e o conseguem, com artimanhas de pequenos encontros, conquistas, bailinhos de clubes, etc. Tudo perfeito e plausível.






Nos carnavais, nos permitimos, claro que alguns de nós, nem todos somos iguais, trocar beijos com estranhos no auge da folia... e em festas, os jovens chamados "ficantes", fazem a fila andar e beijam vários parceiros numa só noite...






Nada a julgar, apenas constatar que o beijo nunca sai de moda, é o primeiro passo, depois do olhar (então é o segundo?) para que se aproxime de alguém com efetivo encontro de peles e tatos...






Beijar e fechar os olhos. Imaginar-se num mundo de amor e paz... Sem despedidas... Sem egoísmos, sem cobranças, sem depois...






Ficar sem beijar..Ficar sem falar. Fechar a boca.. Fechar-se aos beijos. Trancar o coração, abaixar os olhos, beijar só na saudade, e seguir vivendo, também pode ser uma escolha, uma fuga, uma decisão, um pós-trauma, um desgosto, a sensação que ninguém mais nos beijará daquele jeito...






E quantos de nós, ao entrarmos na velhice, solitários e resolvidos, voltamos a ser BVs? Parece engraçado? Pois façam uma pesquisa, há mas pessoas vivendo sem beijos na boca do que se pode imaginar... sobrevive-se, sim, verdade...






Como se vive sem um beijo na boca? Vive-se da saudade dele ou do esquecimento dele...é válido... o que pode doer é viver com desejo dele, sem se atrever a permitir-se correr atrás, dar-se uma chance...






Porque o sentimento pode assumir outras dimensões, beija-se a alma em pensamento, faz-se trabalho voluntário e caridoso, abraçam-se os necessitados de compreensão, atendam-se nossos vellhinhos, distribuam-se beijos na testa, confortem-se os sofrimentos alheios, e a vida segue...muitos casais trocam beijos na boca em homenagem a uma vida que sonham...






Quem vive sem eles, mesmo sem dar ou receber mais beijosna boca...é indispensável recordar o bolero e pedir "besame mucho" como se fora esta noche la última vez"...






Cida Torneros






Questões do amor






Regina Navarro Lins fala de sexualidade e relacionamentos






Beijo na boca


Regina Navarro Lins fala sobre os encantos e desencantos provocados por ele


29/11/2010 15:36






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Andréa, uma professora universitária de 32 anos, está separada há três. Há pouco tempo, conheceu Sérgio e logo começaram a namorar. Os dois, apaixonados, se encontram todos os dias; têm vários interesses em comum e fazem sexo com frequência. A vida social é animada, viajam nos fins de semana e sempre encontram muitos amigos. Para ela, tudo seria perfeito se não houvesse um problema, que lhe parece grave. “Acho que a relação com o Sérgio foi a melhor que tive até hoje. Sexualmente, nem se fala. Pela primeira vez descobri o que é ter orgasmos múltiplos. Sei que ele tem muito tesão por mim também, mas não consigo entender uma coisa: ele não me beija na boca. Isso me perturba muito. Sempre acreditei que o beijo na boca fosse natural quando se ama. Se tento falar sobre isso, ele muda de assunto. Essa atitude dele está me deixando tão insegura, que até já pensei em acabar tudo. Considero o beijo necessário numa relação amorosa.”






Quem foi adolescente nos anos 60 sabe que só tinha graça ir ao cinema acompanhado se fosse para sentar na última fila. Era ali que se podia beijar à vontade. O beijo era o limite da decência e o máximo permitido, portanto, deveria ser muito bem dado. Beijar bem ou mal se transformou numa grande questão e servia de critério para valorizar ou desprestigiar um namorado. O primeiro beijo, então, nem se fala. Revestia-se de importância especial e era aguardado com ansiedade.


Em muitos grupos circulava um caderno de recordações em que os jovens respondiam a várias perguntas, sendo que uma nunca faltava: “Já beijaste alguém?” Nem todos diziam a verdade, claro, mas as meninas que já haviam sido beijadas, demonstrando superioridade, se dispunham a ensinar às outras como fazer. E o beijo na cena final dos filmes de Hollywood prosseguia na missão de alimentar o ideal romântico de toda uma geração.


Às vezes, o beijo desperta paixões, como aconteceu com Scarlett e Rhett em “E o vento levou”, quando a heroína descobre no poder mágico de um beijo a dimensão até então desconhecida da felicidade física, que muda toda a história. Pode também deixar marcas indeléveis na memória, como dizia Brigitte Bardot a Jean-Louis Trintignant em “E Deus criou a mulher”: “Se me beijares, nunca mais me esquecerá.”


Entretanto, em alguns casos o beijo promove o efeito contrário: o desencanto amoroso. E ninguém sabe bem explicar por quê. Talvez seja mesmo uma questão de química pessoal e a resposta, meramente biológica. Segundo os cientistas, existem substâncias produzidas por glândulas sebáceas dentro da boca e nas bordas dos lábios que, passadas de uma pessoa para outra, provocariam intenso desejo sexual ou sensação de desagrado.


Por tocar tão fundo na alma, apesar de desejado, o beijo também encerra a ideia de perigo. É sabido que as prostitutas se protegem do envolvimento amoroso com seus clientes se recusando a beijá-los. Há mais de dois mil anos, na Grécia, já se temiam as consequências do beijo. Xenofonte, em “Memoráveis”, faz seu mestre Sócrates dizer que o beijo de um belo rapaz é mais perigoso do que a picada de uma tarântula, porque o contato dos lábios com um jovem reduz instantaneamente à escravidão o mais velho que se arriscou a ele.










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As mulheres são as que mais reivindicam o beijo nas relações amorosas, por experimentarem o corpo todo como zona erógena e não, como os homens, predominantemente os órgãos genitais. Shere Hite encontrou várias respostas nesse sentido entre as mulheres que entrevistou para sua pesquisa sobre sexualidade feminina: “Mais beijos, menos pressa, mais ternura.”; “Gostaria que nos beijássemos mais frequentemente na boca.”; “Quando eu lhe explico que os beijos e as carícias me excitam, ele trata logo de se esquecer.”; “O que desejo ardentemente são toneladas de beijos.”; “Para mim beijar é muito importante. Às vezes chego quase a gozar.”


Pelo jeito, a maioria das mulheres reivindica longos beijos na boca. Entretanto, muitos homens, por conta de uma ideologia machista, aprendem a dar valor somente às sensações de prazer sentidas no pênis, desprezando qualquer outra área do corpo. Trocar um beijo na boca demorado poderia também ter, para alguns, a conotação de estar se entregando demais à mulher e isso ser vivido como ameaça ao controle exercido no ato sexual.


Certa vez, perguntei a algumas pessoas sobre a importância do beijo. Ouvi respostas bem interessantes:


Márcia Peltier (jornalista)


O beijo é uma das coisas mais sinceras do relacionamento humano. É uma doação muito grande. Os gregos diziam que com o beijo se tocava as almas, havendo a união entre elas. A alma sairia da boca pelo beijo. É fundamental para um relacionamento ser verdadeiro. Quando falta beijo, falta amor.


Cláudio Nucci (cantor e compositor)


O beijo é uma das coisas mais gostosas que existem no mundo. Eu não dispenso e sinto que a mulher adora o beijo. E ela sempre terá o meu beijo (risos).


Marília Pêra (atriz)


O beijo na boca é muito íntimo, mais do que o sexo. É uma demonstração enorme de amor, de confiança e de carinho. Acho muito mais difícil numa relação deteriorada um beijo na boca do que uma transa.


Domingos de Oliveira (diretor e ator de teatro e cinema)


Fomos criados pelo cinema americano. Os filmes acabam no beijo, com o casamento estava tudo resolvido pra sempre.


Elza Soares (cantora)


Está tudo aí, na saliva mesmo. Quando o beijo é profundo é que você sente que pode ser a sua alma gêmea. Você vai tomar banho, o beijo está na boca, vai dormir, o beijo está na boca...Tem tanto beijo frio, que não diz nada. Tudo começa pelo beijo.


Arlete Salles (atriz)


O desejo de beijar é a primeira coisa que se manifesta quando se sente atração sexual por alguém. Se o beijo é bom é porque a boca encaixa direito, é gostoso o contato com a pessoa.


Paulo Müller (cirurgião plástico)


O beijo é muito importante, fundamental. É o primeiro contato amoroso que você tem com alguém.


Cristina Pereira (atriz)


Acho que o beijo é a coisa mais esperada numa relação entre duas pessoas. Se o beijo é bom, a chance de o resto ser bom é muito grande.


Tônia Carrero (atriz)


Ai, meu Deus! A coisa que eu mais sinto falta é o beijo. O beijo na boca é uma coisa tão maravilhosa...

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